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Estado de Minas CRISE POLÍTICA

"Presidente queria relatórios da Polícia Federal", diz Moro

Ex-juiz deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública fazendo graves acusações ao governo de Bolsonaro


postado em 24/04/2020 12:35 / atualizado em 24/04/2020 15:52

Sérgio Moro pediu demissão devido a interferência política no trabalho como ministro(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Sérgio Moro pediu demissão devido a interferência política no trabalho como ministro (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
 
Ao anunciar que não é mais ministro da Justiça e Segurança Pública, na manhã desta sexta-feira (24), Sérgio Moro acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de querer controlar o trabalho da Polícia Federal. Esse teria sido o motivo de exonerar o delegado Maurício Leite Valeixo do cargo de diretor-geral da PF sem a anuência do titular da pasta, motivando sua demissão.

“O presidente me disse mais de uma vez que ele queria ter (na Polícia Federal) uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher relatórios de inteligência. Realmente, não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. As investigações têm que ser preservadas. Imaginem se durante a própria Lava Jato, o ministro, um diretor-geral, presidente, a então presidente Dilma, ficassem ligando para o superintendente em Curitiba para colher informações sobre as investigações em andamento", disse.

A autonomia da Polícia Federal como um respeito à autonomia da aplicação da lei, seja a quem for isso, é um valor fundamental que temos que preservar no estado de direito”, afirmou o ex-juiz, responsável pela operação deflagrada em março de 2014, pela Justiça Federal do Paraná, que investigou grande esquema de lavagem de dinheiro e propinas no Brasil.

Ele acusou também o presidente de estar preocupado com alguns inquéritos, inclusive os que envolvem os filhos de Bolsonaro e pessoas próximas a ele. Entre eles estão os que investigam protestos contra a democracia, no domingo, e o que apura a disseminação de ofensas e ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e seus membros, popularmente conehcido com “inquérito das fake news”.

“O presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e que a troca também seria oportuna na Polícia Federal. Por esse motivo, também não é uma razão que justifique a substituição. Até é algo que gera uma grande preocupação. Enfim, eu sinto que eu tenho o dever de tentar proteger a instituição, a Polícia Federal”, declarou Moro.

O ex-magistrado disse que chegou a buscar “solução alternativa” para evitar uma crise política neste momento em que o Brasil e o mundo lutam contra a pandemia de COVID-19. “Acho que o foco deveria ser o combate à pandemia, mas entendi que eu não podia deixar de lado esse meu compromisso com o estado de direito.”


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