(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Alarme ampliado em Minas

Número de casos suspeitos de infecção passa de cinco para 17 em menos de 24 horas. Pacientes têm entre 14 e 65 anos e maioria das análises, oito, estão em Belo Horizonte


postado em 29/02/2020 04:00

O secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, previu que o aumento de casos no estado deve ocorrer(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
O secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, previu que o aumento de casos no estado deve ocorrer (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 
A projeção de aumento nos casos suspeitos de infecção pelo coronavírus em Minas Gerais feita pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) se confirmou ontem, com o número de possíveis afetados pela vírus no estado passando de cinco para 17 em menos e 24 horas. Dos 17 casos sendo investigados, oito são em Belo Horizonte, dois em Uberlândia e outros em Viçosa, Uberaba, Ouro Preto, Montes Claros, Juiz de Fora, Contagem e Barbacena.

De acordo com o balanço divulgado ontem pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública, da SES, dos casos em investigação 11 são mulheres e seis homens. A média de idade das pessoas com suspeita de infecção em Minas é de 33 anos, variando de 14 a 65 anos. Entre os que têm suspeita, 15 vieram de países da Europa (Itália, França, Inglaterra e Portugal) e dois não tiveram histórico de viagem, mas tiveram contato com pessoas que vieram de fora.

Quanto a manifestação de sintomas, 16 apresentaram febre, 15 estavam com tosse, 10 com dor de garganta e apenas um teve dificuldade de respirar. Oito deles foram internados após receberem atendimento hospitalar. Todos os casos estão sendo avaliados e discutidos por autoridades do Ministério da Saúde. Na quinta-feira, o secretário de Saúde Carlos Eduardo Amaral afirmou que o aumento de casos suspeitos é esperado em Minas nas próximas semanas e pode chegar a centenas. O motivo é a disseminação do vírus em países europeus, que tem uma grande quantidade de voos diretos para o Brasil e para o estado.

No país, Minas é quarto estado em casos suspeitos. O maior número de pacientes analisados está em São Paulo, que, além do único caso confirmado, investiga 66 pessoas. Rio Grande do Sul, com 19 suspeitos e Rio de Janeiro, com 17 pessoas em análise completam o quadro dos estados com maior número de pacientes sob análise para verificação se foram infectados e contraíram a Covid-19.

No Distrito Federal, outros dois casos suspeitos de coronavírus foram notificados pela Secretaria de Saúde ontem. De acordo com a pasta, no final da tarde um deles foi descartado por não atender a definição do caso. Com isso, a capital têm, até o momento, seis pessoas sendo monitoradas sob a suspeita de infecção pelo vírus. Um caso também é investigado em Formosa (GO). De acordo com a secretaria, a notificação do novo quadro já foi encaminhada ao Ministério da Saúde. Tanto o DF quanto o Entorno ainda não possuem casos comprovados da doença.

Três dos seis casos suspeitos no DF estiveram na Itália nos últimos dias. Um está em observação domiciliar, um internado em unidade da rede privada e outro no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), local considerado referência para esse tipo de atendimento. Uma ala do sétimo andar foi preparada para receber casos suspeitos. Mesmo os possíveis casos dos hospitais particulares são acompanhados pela pasta do Governo do Distrito Federal (GDF), que envia informações para o Ministério da Saúde.

Campanha 

O governador de São Paulo, João Doria, anunciou ontem o aporte de R$ 30 milhões para ações de combate ao novo coronavírus (Covid-19). Desse montante, R$ 14 milhões serão usados em uma campanha informativa que contará com uma cartilha digital e impressa, além de duas semanas de inserções em rádio e TV. O restante do dinheiro será investido nos serviços de saúde para garantir o atendimento aos doentes. A campanha televisiva deve começar a ser veiculada na  terça-feira. Os informes serão apresentados pelo coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, infectologista David Uip.

David Uip reafirmou a importância de evitar uma corrida desnecessária aos serviços de saúde. O médico enfatizou que as pessoas só devem ir às unidades de atenção básica caso haja persistência dos sintomas. “Paciente com poucos sintomas têm que ficar em casa, não têm que procurar serviço de saúde. Tossiu, espirrou, tem febrinha, fica em casa”. “Quando ele deve procurar o serviço de saúde? Quando ele tiver um desconforto maior. A febre voltou, se prolongou por mais de 48 horas”, explicou o médico. Devem ter atenção especial, segundo o especialista, idosos com mais de 60 anos de idade, pessoas em tratamento contra o câncer, com doenças renais, cardiovasculares ou diabetes.

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus também disse que não acredita na eficácia de medidas como quarentena ou bloqueio sanitário nos aeroportos. “Não há possibilidade de evitar a entrada de um vírus desse. Você minimiza o que vai acontecer, você se prepara e contigencia”, disse. De acordo com ele, o tempo de incubação do vírus, que pode permanecer até 14 dias no corpo do paciente sem apresentar sintomas, torna medidas como a quarentena pouco eficaz.



Igrejas orientam para evitar contágio


Arquidioceses e dioceses da Igreja Católica no Brasil divulgaram entre quinta-feira e ontem uma lista de medidas preventivas para evitar possíveis contágios do novo coronavírus durante missas e celebrações. Entre as recomendações, há cuidados para os fiéis e os celebrantes das missas. Em nota divulgada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Pastoral da Saúde destaca que é preciso primeiramente trabalhar a prevenção e divulgar, o máximo possível, informações importantes nas cartilhas da saúde sobre o vírus e as formas de contágio.

A CNBB explica que a responsabilidade de indicar as normas é de cada arquidiocese e diocese, que deve observar a realidade local e fazer suas recomendações. "Cabe, portanto, aos arcebispos e bispos orientarem seus sacerdotes, bem como aos fiéis observarem as regras de higiene compatíveis com o momento." Arquidioceses como as de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e João Pessoa pediram que a comunhão eucarística seja recebida nas mãos pelos fiéis, em vez de diretamente na boca. O momento da oração do Pai Nosso, a mais importante do cristianismo, deve ser realizado sem o contato manual entre os fiéis. Tradicionalmente, esse é um momento das missas e celebrações em que as pessoas fazem a oração de mãos dadas. Outra recomendação é evitar os abraços no momento da "Paz de Cristo", substituindo o gesto por uma leve inclinação de cabeça.

Às paróquias sob sua liderança, a Arquidiocese do Rio pede ainda que haja recipientes de álcool gel acessíveis e que os celebrantes higienizem bem as mãos. Dom Roberto Ferreira Paz, bispo referencial da Pastoral da Saúde, ressalta que é preciso passar as informações com objetividade para evitar pânico e surtos de irracionalidade. Com apenas um caso confirmado em São Paulo até a tarde de ontem, o Brasil não vive um surto da virose.

Para evitar que os números cresçam, o Ministério da Saúde recomenda cuidados como lavar sempre as mãos com água e sabonete por ao menos 20 segundos, e evitar levar as mãos não higienizadas aos olhos, nariz e, principalmente, à boca. Na ausência de água e sabonete, álcool em gel é uma opção para realizar essa higienização.

Superfícies tocadas com frequência também devem ser limpas e desinfetadas, e utensílios de uso pessoal, como toalhas, copos, talheres e travesseiros não devem ser compartilhados. No momento de tossir ou espirrar, é recomendado o uso de um lenço de papel para cobrir boca e nariz, em vez de usar as mãos. Esse lenço deve ser descartado após o uso. O ministério também explica que não há nenhum medicamento, chá, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.


Ministério vai comprar 24 milhões de máscaras

Secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo Reis disse que acordo com fornecedores garantirá compra de insumos no Brasil(foto: Erasmo Salomão/MS/Divulgação)
Secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo Reis disse que acordo com fornecedores garantirá compra de insumos no Brasil (foto: Erasmo Salomão/MS/Divulgação)

O Ministério da Saúde decidiu alterar os critérios para compra de máscaras e aventais frente ao aumento do número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil. Um caso foi confirmado nesta semana e, de acordo com boletim divulgado ontem, há 182 suspeitas no país. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo Reis, disse que o governo poderia acionar a Justiça para garantir o fornecimento dos produtos, até aplicando multas e fazendo apreensão em empresas. Após uma negociação com o setor, isso não será necessário, disse Gabbardo ontem.

A pasta deverá publicar um edital para compra de 24 milhões de máscaras. A expectativa é que o produto seja distribuído para unidades de saúde em duas a três semanas. A compra será fracionada e não necessariamente concentrada em apenas um fabricante, como na regra atual. A negociação foi feita após empresas alegarem não haver quantidade suficiente para atender à demanda em apenas uma companhia.

Cada empresa participante da licitação deverá apresentar uma proposta de fornecer no mínimo 500 mil unidades do produto. “Não será necessário utilizar nenhum instrumento previsto na legislação que pudesse proibir exportação ou fazer requisição de produtos. Entendemos que houve boa vontade dos fornecedores e, com essa medida, acreditamos que o assunto esteja resolvido”, afirmou o secretário. Ainda ontem, afirmou Gabbardo, seriam assinados contratos para compra de outros 21 insumos, entre eles, álcool em gel.

Orçamento 

A chegada do coronavírus no Brasil pode levar o Ministério da Saúde a demandar um reforço orçamentário no caixa, segundo Gabbardo dos Reis. Para 2020, o orçamento do ministério é calculado em aproximadamente R$ 130 bilhões. O ministério estima que gastará R$ 140 milhões para compra dos insumos após o país começar a monitorar a doença, cujos primeiros registros ocorreram em dezembro na China. O valor pode variar pela quantidade de insumos comprados e pela pressão do mercado frente a alta demanda.

“As despesas para aquisição desses equipamentos de proteção individual e dos leitos estão dentro do nosso orçamento. Dependendo do tamanho que a epidemia tiver, da quantidade de internações necessárias e das áreas de UTI, nós vamos precisar de algum reforço orçamentário”, afirmou o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis.

A pasta está contabilizando os gastos com o coronavírus separadamente das demais despesas do ministério, detalhou Gabbardo. Caso seja necessário, o governo poderá encaminhar um projeto de lei ao Congresso Nacional para reforçar o orçamento da pasta ou, se considerar a situação como urgente, fazer o acréscimo por meio de medida provisória.

Triagem 

O novo coronavírus, o Covid-19, foi incluído nos critérios de triagem para doação de sangue pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde. A análise – que já avalia a presença dos vírus da dengue, chikungunya e zika – também vai verificar a presença de outras variações de coronavírus, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). A nova orientação também determina que pessoas que estiveram em países com transmissão local dos vírus só poderão doar sangue 30 dias após o retorno dessas regiões. A mesma regra vale para quem teve contato com casos suspeitos ou confirmados da doença. O Brasil tem, até o momento, um caso confirmado de infecção pela doença, em São Paulo.

Para quem teve o novo coronavírus, Sars ou Mers, a agência informa que será necessário esperar um prazo de 90 dias após a completa recuperação para que a pessoa possa fazer a doação. “Já os candidatos que tiveram resfriado comum ou infecções de vias respiratórias causadas eventualmente por coronavírus, mas sem histórico de viagem para regiões endêmicas ou contato com pessoas provenientes destas áreas, não deverão ser considerados de risco para a infecção desses novos vírus. A Anvisa e o Ministério da Saúde informam que não existe evidência, até o presente momento, de transmissão transfusional dos coronavírus e que, por este motivo, a ação é realmente preventiva", informa nota da agência.

Segundo a Anvisa, a medida se baseia na legislação de saúde brasileira, que prevê atualizações nos critérios de seleção de doadores de sangue em situações de emergências e surtos epidêmicos. Para dengue e chikungunya, o prazo de inaptidão é de 30 dias. Se o paciente teve dengue hemorrágica, o prazo será de seis meses após a completa recuperação. No caso de infecção por zika, a restrição é por 120 dias. Para essas doenças, há ainda regras para casos de contato sexual com pacientes infectados. 


enquanto isso...

...Brasileiros sequenciam genoma do vírus


Em apenas 48 horas desde a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do vírus que chegou ao país. O trabalho foi conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de Oxford. Eles fazem parte de um projeto chamado Cadde, apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real. Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença. Isso pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e de tratamentos. A amostra foi retirada do paciente de 61 anos de São Paulo, que passou quase duas semanas na região da Lombardia, a mais afetada da Itália.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)