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Estado de Minas

WEINTRAUB ADVERTIDO

Comissão de Ética da Presidência da República diz ao ministro da Educação que ele ''se atente aos padrões éticos em vigor'', após associar ex-presidentes petistas a drogas


postado em 29/01/2020 04:00 / atualizado em 29/01/2020 07:19

Weintraub se defendeu com novos ataques a deputados e ex-presidentes do PT (foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)
Weintraub se defendeu com novos ataques a deputados e ex-presidentes do PT (foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)
No mesmo dia em que recebeu advertência da Comissão de Ética da Presidência da República por ter faltado com o decoro no cargo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ouviu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que erros no Enem deste ano não poderiam ocorrer. Após afirmar que o exame foi o “melhor da história”, o Ministério da Educação viu surgirem sucessivos problemas com a divulgação do resultado e a inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) acabou se tornando imbróglio judicial que afeta quatro milhões de estudantes. Alvo de parlamentares da oposição desde que assumiu a pasta, o ministro passou a receber também críticas de outros grupos políticos, como do MBL, que apoiou a eleição de Bolsonaro.

Ontem, por unanimidade, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu advertir Weintraub e recomendou que ele “se atente aos padrões éticos em vigor”. Ele virou alvo do colegiado em setembro, quando, a pedido dos deputados do PT Paulo Pimenta e Gleisi Hoffmann, foi aberto procedimento para apurar se houve desvio de conduta por publicações em que o ministro citou de forma ofensiva os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Os ataques de Weintraub ocorreram após o episódio em que um militar brasileiro foi flagrado com 39 quilos de cocaína em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) ao desembarcar na Espanha. O ministro da Educação relacionou os ex-presidentes às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), consideradas organizações terroristas por alguns países.

“Tranquilizo os 'guerreiros' do PT e de seus acepipes (sic): o responsável pelos 39kg de cocaína nada tem a ver com o governo Bolsonaro. Ele irá para a cadeia e ninguém de nosso lado defenderá o criminoso. Vocês continuam com a exclusividade de ser amigos de traficantes como as Farc”, escreveu Weintraub. Ele continuou em outra postagem: “No passado, o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?”

Para o conselheiro Erick Vidigal, relator de caso na Comissão de Ética, não é esperado de um ministro da Educação o papel de autoridade “impulsiva, destemperada, que ofende quem quer que o critique” ou que “use o cargo público para ampliar a divisão existente atualmente na sociedade brasileira e incitar o ódio, a agressividade, a desarmonia”. As punições impostas pelo colegiado têm caráter administrativo, como advertência e censura ética. No entanto, dependendo da gravidade, a comissão pode sugerir a demissão do cargo, que pode ou não ser acatada pelo governo.

Em sua resposta, Weintraub afirmou que caberiam “qualificações ainda mais contundentes” aos ex-presidentes, como “bandido, criminoso, presidiário e marginal, entre outros (a Lula) e à outra (Dilma)”. O ministro pediu  arquivamento do caso e citou a “audácia e falta de vergonha dos subscritores da denúncia”, referindo-se aos deputados petistas. “Quem comete crime pode tranquilamente ser chamado de 'uma droga', afinal, o crime é algo que merece supremo repúdio legal e social”, justificou.

Bolsonaro


Ontem, ao chegar ao Palácio da Alvorada após viagem à Índia, o presidente Bolsonaro reconheceu que a situação do Enem está “complicada” e disse que entre as possibilidades para os erros na correção da prova está uma suposta sabotagem. “Está complicado, eu tenho conversado com ele (Weintraub) para ver o que está acontecendo. Se realmente foi uma falha nossa, se tem uma falha humana, sabotagem, seja lá o quê for, temos que chegar no final da linha e apurar isso aí. Não pode acontecer isso”, afirmou o presidente. Ele disse ainda que não conhece os detalhes da investigação sobre os erros no Enem.

Questionado sobre possível exoneração do ministro, Bolsonaro disse que Weintraub continua no cargo. “Por enquanto continua, sem problema nenhum. Sempre falo 'por enquanto' para todo mundo. O único que não é 'por enquanto' é o Mourão (vice-presidente). O resto é todo mundo 'por enquanto'”, avaliou.

A reportagem do EM entrou em contato com o MEC para saber detalhes sobre as apurações das irregularidades no Enem e sobre o que levou à hipótese de sabotagem, mas a pasta informou que era preciso contatar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). Já o Inep informou que os problemas estão sendo tratados pela Advocacia-Geral da União (AGU). A AGU por sua vez, não se manifestou sobre a hipótese de sabotagem no Enem.


OUTRAS POLÊMICAS DE WEINTRAUB


Abril 
Punição e corte de verbas para quem fizer balbúrdia. “Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia terão verbas reduzidas”, afirmou.

Maio 
Piada com os cortes no orçamento. “Está chovendo fake news”, disse o ministro, dançando com um guarda-chuva em punho.

Outubro 
Ataques e ironias constantes ao educador Paulo Freire. “Olhando pela janela, vejo a lápide da educação em frente ao MEC e penso: achava impossível, mas Paulo Freire visto do alto é ainda mais feio. Ao menos o MEC já está decorado para o Halloween (Dia das Bruxas). Tragam as crianças para se divertirem com um bom susto”, escreveu.

Novembro 
Plantações de maconha nas universidades. Weintraub denunciou a existência de “plantações extensivas de maconha” em instituições federais de ensino e que laboratórios seriam usados para produzir drogas sintéticas.

Novembro 
“Égua sarnenta da sua mãe.” No feriado da Proclamação da República, o ministro teve uma agressiva troca de ofensas nas redes sociais. Weintraub respondeu a um internauta que o acusou de desconhecer a história do Brasil e que na monarquia ele seria o bobo da corte: “Uma pena, prefiro cuidar dos estábulos, ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”.

Janeiro 
Por meio das redes sociais, o ministro comemora o “melhor Enem da história”. Menos de 24 horas depois, o governo admite problemas na correção que atingiram os alunos.
 


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