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Estado de Minas GOVERNO

'Noiva' já escolhe a principal auxiliar

Mesmo sem aceitar cargo de secretária da Cultura, Regina Duarte indica a reverenda Jane Silva para ser sua adjunta


postado em 24/01/2020 04:00 / atualizado em 24/01/2020 09:45

Atriz de TV, Regina está conhecendo a Secretaria antes de decidir se aceita, ou não, convite de Bolsonaro (foto: Carlona Antunes/PR)
Atriz de TV, Regina está conhecendo a Secretaria antes de decidir se aceita, ou não, convite de Bolsonaro (foto: Carlona Antunes/PR)

Enquanto não diz “sim” ao casamento com o governo Bolsonaro, Regina Duarte terá uma aliada para tocar a Secretaria de Cultura. A secretária da Diversidade Cultural, a reverenda Jane Silva, será nomeada secretária-adjunta da Cultura até que a atriz da Rede Globo dê uma definição para o próprio destino e o da subpasta do Executivo. A definição saiu ontem. Regina Duarte e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio convidaram Jane Silva para o cargo de “número 2” da secretaria. Dessa forma, a secretária da Diversidade Cultural assumirá as funções da atriz até que haja uma definição. Pesa no “sim”, dentre outras coisas, a rescisão do contrato com a TV Globo, de quem ela recebe até R$ 120 mil em carteira assinada.

O Estado de Minas antecipou que a atriz confirmou ao Palácio do Planalto que assinaria a rescisão com a Globo, após a reunião com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Até quarta-feira, contudo, isso não ocorreu. Pessoas próximas ressaltam que, para ela aceitar o projeto, ela precisa de garantias estáveis para conduzir os trabalhos.

Como adjunta, a reverenda atuará automaticamente como chefe interina da Cultura, já que o cargo de secretário da pasta está vago desde a sexta-feira da semana passada, quando o dramaturgo Roberto Alvim foi demitido por parafrasear discurso do nazista Joseph Goebbels.

O cineasta Josias Teófilo disse, na quarta-feira, ter sido sondado ao cargo de secretário-adjunto da Cultura. “Não tem nada certo ainda. Regina está sendo consultada, vai responder ainda”, afirmou. Ele ficou conhecido pelo seu primeiro filme, O jardim das aflições, sobre o guru bolsonarista Olavo de Carvalho, do qual Josias tornou-se amigo pessoal.

A vaga de "número 2" da Cultura ficou em aberto na quarta-feira, quando José Paulo Soares Martins foi exonerado do cargo de secretário-adjunto. Para a reportagem, ele disse que não sabe o motivo de sua saída. A exoneração foi publicada ontem. No último dia 14, um e-mail sobre "objetivos" para 2020, enviado "em nome" do ex-secretário-adjunto a chefes da Secretaria de Cultura e a órgãos vinculados, como a Agência Nacional de Cinema (Ancine), endossava o discurso de "guerra cultura" defendido por Alvim.

A mensagem, divulgada pelo The Intercept, afirma que a cultura no Brasil deveria ser norteada em “princípios e valores da nossa civilização” e “profunda ligação com Deus”. O mesmo texto cita ainda "luta contra o que degenera". O texto causou constrangimento dentro do governo e foi considerado "fora do tom" por gestores da cultura ouvidos pela reportagem. Martins afirmou à reportagem “que apenas reproduzia as orientações do então secretário da Cultura (Alvim)”.


Sem pressa


O presidente Jair Bolsonaro não aparenta estar com pressa de definir o futuro da atriz Regina Duarte no comando da política cultural nacional. Na saída do Palácio da Alvorada, ontem, ele disse estar tudo bem, e voltou a frisar a analogia do ‘noivado’ usada por ambos. “Está tão bom ser noivo. Está tudo bem”, declarou, antes de seguir para a Base Aérea, onde embarcou a caminho da Índia. A nomeação dela pode ser feita após o retorno ao Brasil, na próxima semana.

Bolsonaro não entrou no assunto, mas disse estar tranquilo. Até brincou sinalizando que Duarte está no governo há um tempo. “Ela está perfeitamente adaptada, parece que está no governo há um tempão. Está cheia de vontade. Tenho conversado com ela, dando dicas para ela como deve formar o perfil do seu secretariado. Acho que esse casamento vai dar o que falar, mas é agora, não”, disse. O presidente retorna da Índia na terça-feira. A expectativa é selar o “casamento” após a chegada. “Talvez na volta a gente acerte. Ela merece realmente quase que uma festa por ocasião da assinatura dela, da posse. Deve ser na volta. Ela é uma pessoa mais especial”, respondeu.

Questionado se ela responderá diretamente a ele, Bolsonaro disse, quando se tem recursos públicos envolvido, seria algo que faria, mas frisou não ter tempo para se dedicar inteiramente a tudo. “Quando tem orçamento, eu responderia... Eu não tenho tempo para me dedicar inteiramente a uma situação como essa. Então fica, me desculpe”, ponderou.

Em seguida, Bolsonaro sugeriu que gostaria de estar sempre dialogando a política cultural com Duarte, como fazia com o ex-titular da Secretaria Especial de Cultura, Roberto Alvim. Quase que semanalmente os dois se encontravam para definir as políticas. “Eu até gostaria. Quem não gostaria de estar todo dia com a Regina Duarte ao seu lado? Além da primeira-dama, obviamente. Seria uma excelente oportunidade. Mas envolve outras atribuições e eu não posso ficar desguarnecido”, justificou.


‘Namoradinha’


À noite, em Live nas redes sociais, Bolsonaro voltou a falar sobre a nomeação da atriz para a Secretaria Especial da Cultura. “Ela está propensa a ser a nossa secretária de Cultura. Nós mostramos para ela o gigantismo que é a cultura, que tem 13 subsecretarias e centenas de pessoas. Ela está muito bem-disposta, com gás, com vontade e quer colaborar”, afirmou o presidente ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. “Pelo que tudo indica, ela aceitará”, acrescentou.

Ao fim da fala, Bolsonaro se dirigiu ao ministro para perguntar se ele apoiava a indicação da atriz. “Apoio, a eterna 'Viúva Porcina' (personagem da atriz na novela Roque Santeiro), disse o ministro para logo em seguida ser interpelado pelo presidente: “Não. E a eterna namoradinha do Brasil. O que é isso capitão”, numa referência à patente do ministro. Bolsonaro falou ainda do seu distanciamento da imprensa, da viagem à Índia, da exportação de etanol e de pedágios.
 



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