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Estado de Minas

Após prisão em 2ª instância, Supremo tem pela frente novas pautas polêmicas

Próximos temas a serem julgados devem ser a descriminalização do uso de drogas, o frete dos caminhoneiros, um novo habeas corpus do presidente Lula e as investigações do Coaf


postado em 28/10/2019 04:00 / atualizado em 28/10/2019 07:21

Três dos 11 ministros que compõem o plenário do STF já votaram a favor da descriminalização das drogas (foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Três dos 11 ministros que compõem o plenário do STF já votaram a favor da descriminalização das drogas (foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)
Brasília – Ainda sem concluir o julgamento sobre a prisão em segunda instância, que deve voltar a pauta do plenário na próxima semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se prepara para analisar outras matérias que prometem gerar forte reação social. A próxima pauta controversa na agenda da corte é a descriminalização de uso pessoal de todos os tipos de drogas. 

O assunto está marcado para ser julgado em 6 de novembro. No entanto, é possível que o debate sobre o cumprimento provisório da pena resulte em alterações nos assuntos que estão previstos para serem apreciados.

Em meio a tudo isso, a Segunda Turma deve analisar, na segunda quinzena de novembro, um habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No recurso, os advogados do petista pedem que a condenação do cliente no processo relacionado ao triplex do Guarujá seja anulada. Os defensores argumentam que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, agiu com parcialidade durante o processo do ex-presidente. Moro era juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, e sua suspeição neste caso pode levar a reclamações em relação a outros processos que tramitam no âmbito da operação Lava-Jato.

Entre os argumentos dos advogados de Lula, estão mensagens trocadas entre Moro e procuradores, em que ele aborda assuntos do processo. As conversas foram obtidas de forma ilegal, por meio de um ataque hacker. A corte deve decidir se esse tipo de prova, de origem ilícita, pode ou não ser usada em uma ação penal.

A descriminalização das drogas começou a ser abordada pelo STF em 2015, quando três dos 11 ministros se manifestaram sobre o caso. O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, votou a favor da descriminalização de todos os tipos de drogas para uso pessoal. Em seu voto, o magistrado foi favorável à declaração de inconstitucionalidade do artigo 128 da Lei de Drogas. Em seguida, votaram Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que também se manifestaram a favor da descriminalização, mas apenas para a maconha. Durante o julgamento, o ministro Teori Zavascki (falecido) pediu mais tempo para avaliar o tema.

Após a morte, Zavascki foi substituído por Alexandre de Moraes, que precisou ler o processo e devolveu os autos para julgamento no final do ano passado. O encarceramento por porte de drogas é criticado por juristas e especialistas, por ser um dos grandes motivos da superlotação das prisões em todo o país. O jurista Daniel Guerber, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), afirma que a legislação brasileira já faz uma distinção clara entre usuário e traficante.

“Muito embora, usemos no Brasil aquele critério objetivo da quantidade de droga apreendida, a legislação deixa claro quem é o traficante. O usuário, inclusive, é a pessoa que oferece drogas para amigos sem a intenção de lucro. Inclusive pode cobrar dos amigos o que gastou, mas não existe a intenção de ter rendimentos financeiros com isso”, afirma Guerber.

O especialista acredita que no Supremo deve prevalecer o entendimento pela descriminalização. No entanto, ele defende uma modulação, ou seja, a criação de regras para definir como esse processo vai ocorrer na prática.

“Acredito que drogas mais fortes tem um peso maior. Existe a hipótese de uma modulação, de acordo com os efeitos que a substância causa no organismo. Eu liberaria o uso recreativo e medicinal da maconha, e toda e qualquer outra droga química, comprovadas as consequências, teria regras, como a proibição de dirigir sob seus efeitos”, completa.

Além disso, um assunto que promete mobilizar a sociedade é a análise sobre a tabela do frete para caminhoneiros. Ações que foram apresentadas na Corte questionam medidas provisórias editadas pelo ex-presidente Michel Temer, e já convertidas em lei, que instituem a tabela com preços mínimos para o frete rodoviário.

Nas ações, os autores questionam se a iniciativa do Executivo não viola o princípio da livre concorrência e do livre mercado. O governo teme que se a tabela for derrubada, um novo movimento de greve dos caminhoneiros seja desencadeado pelo país.

Apesar de se tratar de uma categoria específica, no ano passado, a greve da categoria parou o país. Além de provocar desabastecimento em supermercados, postos de combustíveis e até hospitais, causou forte impacto econômico, impactando negativamente no Produto Interno Bruto (PIB) do país. O julgamento está suspenso por uma decisão do ministro Luiz Fux. O magistrado atendeu um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que procura uma alternativa para resolver o problema sem gerar maiores reações.

COAF


Em 20 de novembro, o Supremo deve se debruçar sobre um tema que pode gerar forte impacto nas investigações criminais pelo país. Uma decisão do presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, impede o avanço de diligências que utilizam informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Receita Federal e do Banco Central sem que antes tenha ocorrido autorização judicial. Os ministros vão avaliar se liberam ou não o compartilhamento deste tipo de informação.

Por conta da decisão, casos como o que envolve o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e o assessor dele, Fabrício Queiroz, ficam parados. O parlamentar é acusado de integrar um esquema de “rachadinha” onde assessores repassariam parte do salário de volta ao gabinete.

As investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, mortos no ano passado no Rio de Janeiro, além de milhares de outros casos, também foram prejudicadas. Até mesmo ações que tentam identificar crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas por parte do crime organizado foram atingidas e estão paradas até que o STF dê uma resposta definitiva ao assunto.

Na agenda

6 de novembro: 
Descriminalização do uso de drogas

20 de novembro: 
compartilhamento de informações financeiras do Coaf, Receita e Bacen

Em espera

Suspeição do ex-juiz Sérgio Moro nos casos da Lava-Jato

Tabela de preços do frete para caminhoneiros


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