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Estado de Minas

Disputas internas travam ações do Ministério da Educação

Titular de um dos principais ministérios, Ricardo Vélez tem pela frente vários desafios, mas não consegue se livrar de polêmicas. Nos bastidores, apoio ao ministro vem caindo


postado em 17/03/2019 06:00 / atualizado em 17/03/2019 07:27

Vélez foi chamado quatro vezes em apenas uma semana ao Planalto por Bolsonaro, que sofre forte pressão para trocar o ministro (foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Vélez foi chamado quatro vezes em apenas uma semana ao Planalto por Bolsonaro, que sofre forte pressão para trocar o ministro (foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Brasília – As controvérsias públicas em que o ministro Ricardo Vélez Rodríguez se envolveu, aliadas a uma briga ideológica nas entranhas do Ministério da Educação (MEC) parecem ter instalado uma confusão sem fim na pasta. Enquanto se discutem questões internas e pessoais, políticas importantes na área estão paradas. Em outubro, estão previstas as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Será a primeira vez que a prova do segundo ano avaliará o que está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Outros programas que aguardam a sinalização e a atenção do governo são a reforma do ensino médio e o Plano Nacional da Educação (PNE), considerado o carro-chefe da pasta.

Nos bastidores, o apoio ao ministro vem estremecendo com uma coleção de crises causadas por ele mesmo, como quando em uma entrevista afirmou que a universidade não é para todos. “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica”, disse. Pouco tempo depois, o ministro se envolveu em outra polêmica que agravou a crise interna. Dessa vez, com uma carta enviada às escolas no final de fevereiro pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido para as crianças e que elas fossem filmadas cantando o Hino Nacional e as imagens enviadas ao governo. Por fim, Vélez recuou e pediu que o ministério retirasse o trecho do slogan do e-mail e afirmou que ‘percebeu o erro’ de inserir o mesmo na mensagem. A iniciativa foi criticada por professores e entidades educacionais e a pasta também desistiu de pedir os vídeos, alegando razões técnicas e dificuldades de armazenamento de material.

O MEC se vê envolto em uma briga ideológica e disputa entre militares e técnicos. Em meio a frequentes reuniões com o presidente Bolsonaro, Vélez foi obrigado a demitir vários de seus auxiliares, após um embate inflamado com o filósofo Olavo de Carvalho, considerado o guru de Bolsonaro e responsável pela indicação do próprio ministro. Na terça-feira passada, o “número dois” da pasta, o secretário-executivo Luiz Antonio Tozi, foi exonerado. Em três dias, Vélez trocou o secretário-executivo duas vezes. Inicialmente, havia previsto a transferência do cargo para Rubens Barreto da Silva, também nomeado recentemente para o cargo de secretário-executivo adjunto.

No entanto, pressões internas não o deixaram nem sequer assumir o cargo, o que nem chegou a ser publicado no Diário Oficial da União (DOU). Na quinta-feira, após voltar de uma viagem, o ministro confirmou por meio das redes sociais que o cargo ficaria com a pastora Iolene Lima, que antes ocupava o cargo de diretora de formação do MEC. A nomeação, no entanto, ainda não foi chancelada pela Casa Civil, passo necessário para que seja efetivada e publicada no DOU.

Outros seis funcionários do alto escalão do Ministério da Educação foram exonerados: o chefe de gabinete do ministro da Educação, Tiago Tondinelli; o secretário-executivo adjunto da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Eduardo Miranda Freire de Melo; o coronel que atuava como diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Ricardo Wagner Roquetti; o diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Claudio Titericz; o assessor especial do ministro da Educação, Silvio Grimaldo de Camargo, e o diretor de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Tiago Levi Diniz Lima.

Apesar de o presidente Bolsonaro afirmar que Vélez Rodríguez continua à frente da pasta, fontes internas dizem que há uma pressão pela troca do ministro. Na noite da última sexta-feira, pela quarta vez em uma semana, Vélez foi chamado ao Planalto. A especulação era de que ele poderia ser afastado pelo presidente. No entanto, no início da noite, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que mantém confiança no ministro e que ele compareceu para conversas de rotina. Até ontem, o MEC não se pronunciou sobre o assunto. A reportagem ainda tentou entrevistar o ministro da Educação, mas não obteve retorno da pasta.

Rotina


Profissionais da área e entidades educacionais têm reclamado que as constantes crises e desavenças em que o MEC tem se envolvido, prejudicam a rotina diária da pasta e travam políticas importantes em meio à troca de cadeiras. Um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), mostra que até o momento, das 20 metas previstas no Plano Nacional da Educação (PNE) apenas uma foi alcançada. A lei prevê que, até 2024, todos os dispositivos do PNE, que não se restringem às metas, sejam cumpridos. Alguns dos 20 objetivos estabelecidos pelo PNE têm metas intermediárias, algumas já vencidas em 2015 e 2016, e outras que, de acordo com a projeções órgão, não cumprirão o cronograma previsto.

 

 

 

 


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