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Estado de Minas PONTAPÉ

Políticos discursam após oficializar candidaturas e partem para o ataque

Geraldo Alckmin e Marina Silva criticam principais adversários, enquanto PT insiste com Lula sem definir nome do vice


postado em 05/08/2018 06:00 / atualizado em 05/08/2018 09:47

Ao lado da mulher, Lu (D), Geraldo Alckmin oficializou a senadora gaúcha Ana Amélia (E) como sua companheira de chapa(foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Ao lado da mulher, Lu (D), Geraldo Alckmin oficializou a senadora gaúcha Ana Amélia (E) como sua companheira de chapa (foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Os principais candidatos à Presidência da República aproveitaram a oficialização dos seus nomes nas convenções para partir para o ataque aos adversários. No primeiro ato como candidato oficial do PSDB à Presidência, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin fez um discurso repleto de críticas indiretas ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto. O tucano não deixou de mirar também no PT por sua “herança de radicalismo”. Alvo de críticas pelo acordo com o Centrão, o tucano também usou a convenção nacional para defender as alianças partidárias e se apresentou como o candidato capaz de “unir o Brasil”. “Ainda hoje na América Latina, vemos degenerar regimes conduzidos por quem promete dar murro na mesa, dizendo que faz e acontece, que pode governar sozinho, ou acompanhado apenas por um grupo de fanáticos”, disse.


“Gente assim quer é ditadura. Ditadura que logo degenera em anarquia. Precisando da ordem democrática que dialoga, que não exclui, que tolera as diferenças”, disse o tucano. Ele não deixou explícito se a análise se limitava a líderes dos países vizinhos ou se o discurso tinha relação com Bolsonaro. Ainda que não tenha sido direto nas citações, é parte da estratégia da campanha tucana mirar em Bolsonaro. Isso porque, na avaliação dos estrategistas do partido, o PT não deve cumprir o papel de desconstruir o candidato do PSL. Caberá ao próprio Alckmin este trabalho.


Sobre o PT, Alckmin procurou relacionar de forma irônica o número do partido nas urnas –  o 13 – com os dados do IBGE sobre pessoas desempregadas. “Vamos mudar o Brasil, mas não com bravatas, com tumulto. Treze é o número do partido que esteve lá. Temos 13 milhões de desempregados”, disse. “Radicalismo e bravatas sintetizam a herança trágica que os petistas nos deixaram”, complementou.´Apesar das críticas às candidaturas concorrentes, Alckmin também alternou o discurso se colocando contra a “divisão do país” e disse ter condições de “unir o Brasil”. “Um país dividido não multiplica felicidade. Quero, em nome de todos, empunhar essa chama chamada esperança, que ficou guardada dentro de nós”, disse.


CENTRÃO


Outro eixo importante do discurso foi a defesa das alianças partidárias. Alckmin tem sido criticado por fechar acordo com dirigentes, investigados e condenados, do grupo político conhecido como “Centrão” - bloco formado por PP, PR, PRB, DEM e Solidariedade. “Não basta um homem e uma mulher, um governo de qualidade requer alianças”, defendeu. “Aqueles que dizem que aprovarão reformas, sem o apoio da maioria dos partidos, mentem”, completou.


Alckmin fez questão de mencionar os partidos aliados e citou nominalmente os presidentes de alguns deles, como Roberto Jefferson (PTB), Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP), ACM Neto (DEM), Valdemar Costa Neto (PR), Marcos Pereira (PRB) e Paulinho da Força (Solidariedade). A aliança com partidos que são associados a fisiologismo, um peso na candidatura, já havia sido defendida minutos antes pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso como
necessária para governar.


O tucano disse ter sido abençoado por ter a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice. “O seu apreço pela verdade é a marca dos que entram para a vida pública para lutar sem descanso. O que representa Ana Amélia na política? Ela é o verdadeiro novo e já fez muito mais do que os que fingem não ser políticos há décadas”, disse. Nessa citação, ele direciona outra alfinetada a Bolsonaro, que tenta se distinguir dos políticos tradicionais, embora esteja há décadas na Câmara.


Alckmin também destacou que pretende investir no social. “Vamos mudar o Brasil para garantir a todos, especialmente aos mais humildes, direitos, condições dignas e oportunidades. Terei em mente sempre o sacrifício dos boias-frias, dos seringueiros, dos operários e dos marreteiros. Temos mais que um sonho, temos um plano. Temos mais que um plano, temos um plano de governo elaborado pelas mentes mais brilhantes desse país”, disse. Alckmin afirmou ainda que o Estado é ineficiente e, assim, “penaliza aqueles que investem, produzem e geram emprego”. Afirmou que pretende reformar o Estado “escutando o que o povo quer.”


Opção para 'unir' o Brasil

Ex-senadora Marina Silva confirmou Eduardo Jorge (PV) como vice em sua chapa, na convenção da Rede, realizada em Brasília(foto: Tiago Hardman/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Ex-senadora Marina Silva confirmou Eduardo Jorge (PV) como vice em sua chapa, na convenção da Rede, realizada em Brasília (foto: Tiago Hardman/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Em longo discurso, com recados para seus principais oponentes, a candidata à Presidência pelo Rede, Marina Silva, se apresentou como o “projeto mais preparado” para “unir o Brasil”. Ela falou aos militantes do seu partido na convenção que oficializou sua candidatura nesse sábado, em Brasília. “O povo brasileiro não vai ser substituído por centrões de direita e esquerda. No centro está o povo brasileiro”, disse, arrancando aplausos e gritos de “Brasil para frente, Marina presidente”. Em fala de quase 50 minutos, Marina afirmou não ser a dona da verdade e destacou ter o compromisso necessário para governar o Brasil em um momento crítico tanto econômica quanto socialmente.

Marina chegou ao evento acompanhada por seu vice, o ex-deputado Eduardo Jorge (PV). A coligação entre os dois partidos, chamada “Unidos para transformar o Brasil”, enfrentará o desafio de conseguir levar a campanha aos eleitores já que terá apenas 26 segundos em cada bloco da propaganda eleitoral na televisão. Elevando o tom do discurso, a ex-senadora criticou o governo Temer. “Foi essa fórmula de governar que levou o Brasil para o fundo do poço. E se ela se repetir, vai levar o Brasil para um poço sem fundo”, afirmou. “Não dá mais para ter dois pesos e duas medidas compactuando com a corrupção. Não dá mais para ser marcado para morrer na fila do SUS porque não consegue marcar um exame, um atendimento digno. Não dá mais, não dá mais, não dá mais”, gritou repetidamente, sendo acompanhada em coro e com batucadas pelo público presente.

A candidata rebateu críticas feitas por adversários de que seu eventual governo não teria viabilidade por ela não ter conseguido realizar alianças com partidos de expressão no Congresso Nacional. O Rede se uniu ao PV, uma sigla com pouca representatividade no país, que tem uma capilaridade bastante limitada. “Estão dizendo que não temos viabilidade mesmo quando as pesquisas nos colocam de forma favorável. Mas o que me assusta é não termos a viabilidade porque não substituímos a população pelo Centrão, é porque não trocamos o futuro dos brasileiros por tempo de televisão”, disse. Marina fez referência direta ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que agregou os partidos do chamado Centrão (DEM, PP, PR, PSD e Solidariedade) à sua campanha. Para ela, esse tipo de negociação é puramente fisiológico.

Em contrapartida, ela destacou sua aliança com o PV como uma junção programática. “Sempre disse que meu vice deveria ter um perfil complementar. É um encontro programático, não é por conveniência, não é por televisão, não é por dinheiro para pagar marqueteiro para enganar os brasileiros como vimos na eleição passada. É uma aliança para ajudar a transformar o Brasil”, disse. Ao falar das propostas que pretende apresentar, Marina defendeu a realização de três principais reformas: política, tributária e trabalhista.

Novo desafio ao Judiciário

Militantes do PT usaram máscaras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a convenção nacional do PT, em São Paulo(foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Militantes do PT usaram máscaras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a convenção nacional do PT, em São Paulo (foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Sem vice e por aclamação, o PT oficializou a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava-Jato, à Presidência da República. O partido organizou encontro nacional na Casa de Portugal, em São Paulo, para sacramentar a decisão. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), reforçou que o partido vai registrar a candidatura de Lula no dia 15. “Essa é a ação mais confrontadora que fazemos contra esse sistema podre da Justiça, que não faz outra coisa a não ser perseguir Lula”, discursou Gleisi. Ela atacou, em seu discurso, o governo de Michel Temer, a mídia tradicional e o sistema financeiro. “Em alto e bom som”, disse a dirigente, o partido faz questão de falar que Lula é candidato e que será registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Não vão conseguir, de jeito nenhum, tirar Lula do jogo. Não existe política no Brasil sem falar de Lula e sem falar do PT.” Nos bastidores, o partido se movimenta para definir um vice na chapa da campanha presidencial.

Em carta enviada para o encontro nacional do PT, Lula defendeu o direito de ser candidato e fez apelo aos militantes para que o defendam na campanha presidencial. “Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito de o povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo”, diz o texto escrito pelo petista e lido durante o evento. Lula disse que seus opositores querem fazer uma eleição com “cartas marcadas” e que a democracia no país está ameaçada. Ele pediu ainda o “empenho de cada um” para a vitória do partido na disputa. “De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que o dia do nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro”, escreveu.

A possibilidade de Lula não ser candidato permeou as negociações com possíveis aliados sobre a escolha do vice. Pressionado pelo Tribunal Superior Eleitoral a decidir a composição da chapa, o PT se reuniu com a direção do PCdoB para falar sobre as possibilidade de Manuela D’Ávila ser a vice e não descarta uma composição com o PDT de Ciro Gomes. Apesar das negociações intensas nos últimos dois dias, Lula é quem vai dar a palavra final. O PT armou um esquema para que advogados possam conversar com o ex-presidente em Curitiba, levar as últimas informações e colher a decisão do petista.

Em reunião com dirigentes petistas e advogados, Lula se disse indignado com o que chamou de mudança de entendimento do TSE e classificou a pressão para antecipar a escolha do vice como um “cerco” para obrigá-lo a desistir da candidatura e desencadear o plano “B”. A estratégia original do PT é estender as conversas sobre vice até o dia 15, quando acaba o prazo para registro de candidaturas.


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