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Estado de Minas

Pré-candidato ao governo de MG diz que vai 'acabar com os privilégios'

Em entrevista ao Estado de Minas, Romeu Zema fala sobre projetos e suas intenções políticas


postado em 22/04/2018 07:00 / atualizado em 22/04/2018 14:32

O critério, segundo ele, será a competência(foto: Sidney Lopes/EM/D.A press)
O critério, segundo ele, será a competência (foto: Sidney Lopes/EM/D.A press)
Empresário natural de Araxá, no Alto Paranaíba, Romeu Zema vai disputar pela primeira vez uma eleição. Com 53 anos e dono de uma rede de varejo com 440 lojas no interior do estado e mais 360 postos de combustíveis, ele afirma que tratará o “fim dos privilégios” como prioridade na sua gestão caso seja eleito.

Em sua plataforma ele ainda afirma que não terá problemas em adotar programas que façam parte dos tradicionalmente ligados a partidos de esquerda ou de direita. O critério, segundo ele, será a competência.

Como forma de tornar o estado mais competitivo, Zema considera que é necessário enxugar a administração com o corte, principalmente de cargos comissionados, e reduzir as alíquotas de impostos como ICMS.

Em frentes mais polêmicas ele não descarta a privatização de empresas como Cemig e Copasa, mas acredita que todos os casos devem ser analisados.

 

O sr. é um candidato sem experiência política e de um partido desconhecido. Qual a sua expectativa numa disputa para o governo de Minas?

 

A minha expectativa é a melhor possível. Gosto de falar que nunca fui de escalar o Monte Everest, pular de paraquedas, mas gosto de desafio. Para quem abriu 440 lojas não é nenhum desafio visitar os municípios de Minas Gerais, até porque conheço a maioria. Só caminhoneiro conhece o estado melhor que eu. E no interior nós somos bem conhecidos devido a essa presença (rede de varejo). Na maioria das cidades, eu que fui locar o imóvel, contratar pessoal. Então, tenho contato no estado todo. São mais de 300 municípios em que temos lojas, sem contar os postos, que são operados por terceiros. Então é um grande desafio, mas está longe de ser impossível, é plenamente viável. Dá pra ver que as pessoas estão querendo, e muito, alguma coisa diferente do que está aí.

Se chegar agosto e sentir que a candidatura não engrenou, o sr. pode compor com outro partido? Pode ser vice, optar por outro cargo?

 


Vamos até o final. Pode ser que alguém queira compor conosco. Desde que se enquadre nos nossos princípios e valores nós estamos abertos. Só que, pelo que vimos até agora, nenhum dos políticos da velha-guarda quer o que estamos pregando, que é o fim do foro privilegiado, a ficha limpa, não usar recursos públicos na campanha, passar por um processo seletivo. Não queremos um campeão de votos que depois de eleito não faça nada na Assembleia ou no Congresso. Então, vai ser muito difícil conseguir alguém que compartilhe desses princípios. Mas se nós continuarmos crescendo, e estamos crescendo, muitas pessoas cederão.

Qual será sua plataforma de governo?


O fim dos privilégios. O ato número um que eu gostaria de assinar: transformar o Palácio das Mangabeiras em um museu das mordomias.

 

 

 Acabar com o Palácio das Mangabeiras?

 

Sim. Transformá-lo no museu das mordomias. Queremos que o governador tenha uma vida como um cidadão comum, não como a de um monarca, como acontece hoje. Governador tem que morar em um apartamento confortável como todos nós seres comuns vivemos. Queremos enxugar a máquina no que for possível também. O PT é mestre em proliferação de cargos.


Se chegar ao governo, pensa em demitir...


Vamos ter que cortar.

 


Mas onde?

 

Principalmente nos cargos comissionados, porque inicialmente é onde dá pra fazer. Porque a lei prevê. Caso a situação fiscal continue se deteriorando, você pode ir além dos cargos comissionados.

Vai vender a Cidade Administrativa?

 

Se houver necessidade e for um valor justo. A questão é financeira. Fazer o que for financeiramente melhor, considerando o lado humano também. Não sei se a maioria dessas pessoas estão se deslocando para lá todos os dias. Não sei se aquilo é um elefante branco, se as pessoas vão se interessar. Então, se for só pra aumentar o pagamento de aluguel trazendo todas essas pessoas pra cá, não justifica (a venda), mas cabe uma análise. Mas o que queremos é o fim dos privilégios e geração de emprego. Vão ser os nossos dois grandes pilares. Gerar emprego é ter um governo estável, sem déficit, porque um governo como esse, bagunçado, totalmente sem critério nos gastos, sem nenhum compromisso com o equilíbrio fiscal é um governo que espanta investimentos.

Que empresa pública o sr. venderia?

 

Somos favoráveis às privatizações. Mas privatizar por privatizar, até que ponto isso é bom? Vejo que é necessário ter um momento adequado, com preço que justifique a privatização. Mas se for pra resultar em maior competitividade e melhoria para o consumidor, estamos dispostos a privatizar a Cemig e a Copasa. Codemig não, porque ela é uma recebedora de royalties. O que ele (Fernando Pimentel) está fazendo é o contrário do que eu penso. Na minha opinião, a Codemig deveria ser extinta e ter uma unidade na Secretaria da Fazenda que recebesse os royalties, um departamento. Não precisa ter uma empresa para ficar recebendo isso, com uma estrutura com presidente, conselho, tudo para receber royalties.

Qual a proposta para fazer a economia voltar a crescer?

 

Eu sempre visito o Triângulo, que é onde moro, e o Sul de Minas, onde nós temos bastante postos, e é muito comum você ver as pessoas saírem de Minas e ir fazer compra em São Paulo. Primeiro, porque a gasolina lá é R$ 1 mais barata. Se você está a 100 quilômetros da divisa e for encher o tanque, quase que compensa ir lá. E ainda tem gente que vai para fazer compra de supermercado, compra de material de construção. Isso porque, no geral, as alíquotas de Minas estão mais altas que as de São Paulo. Com isso, você tira a competitividade das empresas de Minas e ainda manda quem está próximo da divisa ir comprar do lado de lá. Não existe posto de gasolina nas cidades próximas da divisa com o estado de Minas, faliram, ou estão lá dependendo só da loja de conveniência, porque combustível mesmo você não consegue vender por causa da diferença de preço. Então, Minas tem que voltar, ficar competitiva.

Esse aumento da competitividade viria como? Com redução do ICMS?

 

Precisa. Sei que é uma situação complicada. Agora, Minas, analise só, tem as maiores alíquotas, os produtos mais caros e o maior déficit. O que será que tem por trás disso? É muita falta de boa gestão, na minha opinião, senão não chegaria ao ponto, que chegou. São Paulo, que vende mais barato, está com as contas em dia, não está parcelando salários dos servidores e tem dinheiro para investir e aqui temos falta de dinheiro. Não precisa ir longe. Mas alguém pode falar: “Mas São Paulo é um caso à parte”. Mas e o Espírito Santo? É um estado bem menor e está com as contas em dia, estão equilibradas também. Parece que falta seriedade aqui. Um estado que está com essa situação não pode ficar aumentando a folha de pagamento como o atual (governador) tem feito, deveria ser o sentido inverso.

Com a proibição do financiamento empresarial, como vai bancar sua campanha?

 

A campanha vai ser a mais espartana e, tenho certeza, a mais eficiente. Nessa pré-campanha, até outubro, vamos visitar 300 cidades. Nenhum candidato vai fazer isso nesse período. Vamos fazer isso de carro, que é o que eu sei andar, conheço todas as estradas. Falo que só quem conhece Minas mais que eu são os caminhoneiros. Mas vamos ter contribuições pessoais. Tem empresários que estão dando R$ 10 mil, tem um que está dando R$ 50 mil, outro R$ 80 mil, então é dessa maneira que vamos levar. São pessoas físicas.

E o senhor vai colocar do próprio bolso?

 

Também estou contribuindo, da mesma forma que esses doadores. E tem o Novo também. Funcionamos da mesma forma que um time de futebol. Precisamos jogar bem, ter torcida e ter pagante. Atualmente, o Novo tem 20 mil filiados que contribuem todo mês e mantêm nosso partido. Diferentemente dos outros, que ficam dependendo de verba do fundo partidário para poder se manter.

O país vive momento de polarização entre esquerda e direita. Como o senhor se posiciona?

 

As pessoas falam que nós somos um partido de direita, mas somos um partido que prega o que já deu certo.

Mas tem coisas da direita e da esquerda que deram certo. Como vai ser?

Exato! Da esquerda somos favoráveis ao Bolsa-Família. Um país igual ao Brasil, em regiões onde não tem emprego, que não tem fonte de renda, você vai deixar essas pessoas na inanição? Então, somos favoráveis ao Bolsa-Família, somos um partido ajustado à realidade do Brasil e não a uma ideologia. Tem que ser feito um exame geral e aplicado o medicamento conforme a doença.

A presença na disputa do ex-governador de Minas e atual senador, Antonio Anastasia, e até mesmo a chegada da ex-presidente Dilma tem impacto na forma de o senhor fazer a campanha?


Nós vamos continuar trabalhando da mesma forma. Isso demonstra, de certa maneira, uma espécie de “deixa eu ver aonde eu vou me salvar”. Esse é o caso claro da Dilma, que não mora em Minas. Por que ela não se candidatou no estado do domicílio dela? Alguma coisa não cheira bem nessa mudança aí. E a volta do Anastasia, que foi muito reticente, também significa uma falta de opção de todos os partidos que devem compor com ele agora. Não deixa de ser um candidato que tem mais expressividade do que os outros que estavam no páreo. Acho que veio para tentar ampliar um pouco a chance dos demais que não estavam tendo uma alternativa muito boa.


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