Rio - Apesar de afirmarem que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), não está implicado na Operação Cadeia Velha, procuradores do Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) disseram que "causa espécie" a forma como o Executivo estadual indicou o deputado Edson Albertassi (PMDB) a uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Albertassi foi um dos três parlamentares conduzidos coercitivamente nesta terça-feira, 14, para prestar depoimento à Polícia Federal.
De acordo com o procurador regional Carlos Alberto Gomes de Aguiar, o MPF está atento ao fato. "Se em algum momento identificarmos que houve uma atuação dolosa, criminosa, nós submeteremos ao Superio Tribunal de Justiça (STJ). Não há nenhum problema, se for o caso, levar a investigação ao STJ. As coisas estão caminhando lá também", disse o procurador. Por ser governador do Rio, Luiz Fernando Pezão só pode ser investigado com autorização do tribunal superior.
Gomes de Aguiar, contudo, disse estranhar a maneira como a vaga no TCE-RJ foi aberta. "Claro que nos causa espécie o fato de três servidores de carreira abrirem mão, e numa dinâmica de celeridade incomum, nós termos uma nomeação que foge um pouco dos critérios de nomeação que costumam ocorrer", disse.
A procuradora Andréa Bayão Pereira Freire declarou que, neste momento, "não temos elementos que impliquem o governador", mas disse também que "claro que pra toda ação existe uma reação".
Delegado federal responsável pela operação Cadeia Velha, Alexandre Ramagem Rodrigues negou que a ação tenha sido antecipada para evitar a nomeação de Albertassi. "Não há uma antecipação. Pode-se colocar que foi no momento exato. As investigações são complexas, duradouras, antigas e apresentam diversos fatos", disse. Depois, não quis comentar sobre possível implicação do governador.
"Não há como opinar neste sentido. Nós trabalhamos com conteúdo probatório. O que sabemos é que houve a retirada de uma vaga do Executivo, conforme o regramento, para ser dada a um parlamentar", desconversou.
(Constança Rezende e Marcio Dolzan)