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Estado de Minas TRÉGUA ATÉ A VOLTA

Temer viaja ao exterior e espera 'refresco' após fim de semana tenso com declarações de Joesley

Congresso tem semana cheia, com destaque para a reforma trabalhista


postado em 19/06/2017 06:00 / atualizado em 19/06/2017 09:13

Temer passa o comando do país hoje ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num momento em que diminui a pressão sobre ele(foto: EVARISTO SA/AFP)
Temer passa o comando do país hoje ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, num momento em que diminui a pressão sobre ele (foto: EVARISTO SA/AFP)

Depois de um fim de semana tenso – com a entrevista do dono da JBS, Joesley Batista, detalhando sua relação com o presidente Michel Temer (PMDB) –, a crise que paira sobre o Palácio do Planalto deve ter um refresco nos próximos dias, quando as atenções se voltam para o Congresso Nacional. Câmara dos Deputados e Senado iniciam a semana com votações importantes nas comissões, dando seguimento a projetos como a reforma trabalhista e matérias que tratam do endividamento dos estados. Temer embarca para a Rússia e a Noruega hoje, mesmo dia em que deve processar o empresário Joesley Batista, dono da JBS, que, em entrevista à revista Época, o chamou de “chefe de organização criminosa”, mas com a tranquilidade de saber que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, adiou para a semana que vem a denúncia que fará contra ele ao Supremo Tribunal Federal (STF).


O peemedebista passa o comando do Brasil para o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e só retorna ao país na quinta-feira. Se não houver surpresas, como uma possível delação do doleiro Lúcio Funaro, operador do esquema de propinas do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a situação de Temer deve se manter inalterada politicamente. O presidente se reuniu ontem com ministros mais próximos, como Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), para traçar uma estratégia que mostre à população que o governo não está parado diante da crise. Nesta semana, o governo também aguarda a divulgação pelo IBGE do IPCA-15, que dará a prévia da inflação oficial. A expectativa é de que os dados continuem apontando melhora nos índices da economia.


A trégua dará tempo ao Senado de avançar com a reforma trabalhista. A previsão é que o projeto seja votado amanhã na Comissão de Assuntos Sociais e no dia seguinte vá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o relator Romero Jucá (PMDB-RR) apresentará seu parecer. O governo pretende votar o texto em plenário no início de julho. A oposição, porém, quer adiar a análise para agosto. O texto tem como base a prevalência dos acordos sobre a legislação, dando força às negociações entre patrão e empregado.
Também amanhã, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado discute projeto que trata da garantia da União a empréstimos contraídos pelos estados e municípios. O texto pretende impor um limite na contratação das operações de crédito. Outro projeto da pauta regulamenta duas leis complementares que fizeram a renegociação das dívidas dos estados. Os termos podem facilitar ou dificultar a adesão ao regime de recuperação fiscal.

ESFORÇO CONCENTRADO Já na Câmara dos Deputados, as sessões serão comandadas pelo vice-presidente Fábio Ramalho (PMDB-MG). Foi programado um esforço concentrado para as votações de hoje a quarta-feira para que os parlamentares do Nordeste possam ser liberados para participar das festas de São João, que tradicionalmente deixam o plenário esvaziado. Entre os projetos em pauta está o que muda as regras de arquivamento das propostas no fim da legislatura. O texto suprime o artigo que previa que não seriam arquivadas as propostas com parecer favorável em todas as comissões, aprovadas em turno único, primeiro ou segundo turno, que tenham tramitado no senado, originárias da Câmara, de iniciativa popular, de outro poder ou do procurador-geral da República.

AÉCIO O senador afastado Aécio Neves (PSDB) volta ao foco amanhã, quando a Primeira Turma do Supremo vai analisar um pedido de prisão do ministro Edson Fachin contra ele. O tucano tentou que sua situação fosse analisada pelo plenário mas teve o pedido negado, sendo mantida a avaliação pela mesma turma que na terça-feira passada negou liberdade à irmã dele, Andrea Neves. Ela também entrou com novo recurso, que será decidido no mesmo dia pelos ministros.

Vídeo

Na véspera de viajar para a Rússia, o presidente Michel Temer gravou ontem, no Palácio da Alvorada, um vídeo que será divulgado nas redes sociais na tarde de hoje, após o seu embarque, previsto para as 11h30. No vídeo, que tem duração de quatro minutos, Temer fala da importância da viagem à Europa para a abertura novas oportunidades de negócios, mas, orientados por aliados, também manda um recado a Joesley Batista, dono da JBS. Sem citar diretamente o empresário, o presidente afirma que criminosos não ficarão impunes, numa referência ao fato de que os irmãos Joesley usaram a delação para escapar da pena
de prisão.

Resgate internacional

O presidente Michel Temer resgata hoje missões diplomáticas e comerciais com o exterior. Uma clara etapa na tentativa de fortalecimento da imagem do governo federal. A viagem é a primeira de Temer desde que esteve em Lisboa, em 10 de janeiro. No período, o presidente viveu altos e baixos, mas segue de pé e procurando mostrar trabalho. E é isso o que pretende mostrar aos outros países. Se por um lado a delação de Joesley Batista, sócio da holding J&F dona da JBS, provocou uma hecatombe na República, por outro, o presidente quer passar a imagem que os efeitos disso não minaram a força política do governo.


Ao lado de uma comitiva composta por auxiliares e parlamentares, Temer ressaltará alguns pontos: conseguiu manter o PSDB na base aliada; a inflação no acumulado em 12 meses que fechará abaixo do centro da meta; a taxa básica de juros (Selic) ficará abaixo de dois dígitos, o que reduz o custo de investimento; a reforma trabalhista se encontra no Senado, com chances de ser aprovada; a da Previdência pode ser votada na Câmara antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho.


Temer também pretende voltar a mostrar que, do ponto de vista diplomático, quer atuar. Ele sabe que, para provar ao mundo a capacidade do governo em permanecer no governo até 2018, precisa marcar presença na agenda internacional. A visita à Rússia, por exemplo, encorpa o ciclo de visitas feitas a países do Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul.
Desde quando assumiu a Presidência, em 2016, ele visitou sete países: China; Estados Unidos; Argentina; Paraguai; Índia; Japão; e Portugal. Após a visita à Rússia, faltará uma viagem à África do Sul para completar o ciclo. E essa visita não deve estar longe, avalia o analista político Lucas Fernandes, do Barral M Jorge Consultores Associados. “O governo está em vias de finalizar a reforma trabalhista na Câmara. Com isso, Temer pode começar a se preocupar mais com o cenário internacional. Sobretudo em relação aos investimentos”, avalia.


A retórica do governo de tirar o país da crise passa, necessariamente, pelas relações comerciais com o mundo, reforça Fernandes. “Será um papel importante do governo procurar novas parcerias e começar saindo desse caos. Até o momento, só havia aprovado (de mais relevante) a PEC do teto dos gastos. Com a aprovação da reforma trabalhista, Temer começará a ter outros horizontes a se preocupar com a percepção internacional do Brasil”, pondera. (Rodolfo Costa)


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