
Em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, havia um projeto aprovado na Lei Rouanet, mas a prefeitura não conseguiu captar os recursos para a festa. “Era um projeto de R$ 500 mil, que incluía o Natal. Geralmente tínhamos captadores de empresas privadas de Diamantina, em alguns anos a Cemig também ajudou pela lei, mas desta vez não tivemos condições de fazer”, conta o prefeito Paulo Célio (sem partido), que não tentou a reeleição. No ano passado a cidade teve eventos de teatro, apresentação de cantores e corais, iluminação e adereços nas ruas. Para o réveillon foram montados palcos na praça do mercado e teve show pirotécnico de 20 minutos de fogos.
“Neste ano poupamos mais para fechar o mandato. Acho que Diamantina está em uma situação privilegiada, porque pagamos o 13º e estamos saneados, mas não tivemos condição de fazer Natal e réveillon”, lamenta o prefeito.
Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a tradicional queima de fogos no piscinão também não vai ocorrer por causa da crise. “O povo entende. Tenho que deixar o posto de saúde e a escola abertos, recolher o lixo. Isso se chama dar assistência às pessoas que precisam. Festa é bom mas, infelizmente, não deu, vamos começar 2017 com austeridade absoluta”, explica o prefeito Paulo Piau (PMDB), que continua na administração no ano que vem.
Segundo o peemedebista, qualquer dinheiro que fosse gasto com a festa, que seja R$ 10 mil ou R$ 50 mil, frente às quedas na economia e na arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), faria falta. “Não tem mais espaço que não seja atender serviços essenciais e pagar salário, isso é um foco obsessivo”, decretou.
Quem também reclama é o prefeito reeleito de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Vítor Penido (DEM). “Talvez seja a pior situação de Minas Gerais. Meus antecessores deixaram uma folha de pagamento de R$ 28 milhões por mês. Além disso, temos uma dívida de R$ 120 milhões hoje e um débito trabalhista que supera a casa dos R$ 44 milhões, até com bloqueio nas contas da prefeitura.” Com este cenário, segundo o prefeito, não vai ter nada. “Geralmente temos queima de fogos e apresentação de bandas, mas este ano não existe, vai ser a seco em Nova Lima”, afirmou.
Em Itajubá, no Sul de Minas, até a queima de fogos que o prefeito Rodrigo Riera (PMDB) chama de “simbólica” foi cancelada para não ter que pagar hora extra para funcionários. “Não fizemos enfeites de Natal e os pequenos shows de réveillon cancelamos por causa das dificuldades. Tínhamos alguns eventos na Concha Acústica e até emendávamos a festa, a prefeitura gastava em torno de R$ 60 mil a R$ 80 mil”, disse. Reeleito, Riera comemora o fato de ter conseguido pagar o 13º do funcionalismo e o vale-alimentação. “Foi no limite, se precisar de R$ 500 em caixa não tenho. Não vou deixar de dar remédio para fazer uma coisa que é bonita e melhora a auto-estima da cidade, mas não é prioridade”, afirmou.
Enfeites Em Lavras, no Sul do estado, não vai ter nada. O prefeito Silas Costa Pereira (PMDB) disse que não conseguiu fazer nem os enfeites de Natal na Praça, que custariam de R$ 80 mil a R$ 100 mil. “A prefeitura não tem dinheiro para isso, estamos priorizando o pagamento de salários dos servidores. A expectativa do prefeito, que encerra seu mandato, é que a prefeitura fique devendo 30% do 13º salário. “Contávamos com o recurso excedente que a câmara geralmente devolve, mas este ano torraram com outras coisas e ficamos sem”, disse.
O prefeito Duarte Junior (PPS), de Mariana, na Região Central, disse que o réveillon no Distrito de Furquim será mantido em condições modestas, assim como foi feito no Natal. “Fizemos o Natal de Luz com um custo muito mais baixo. Caiu de R$ 1 milhão em 2014 para R$ 380 mil em 2015 e R$ 250 mil agora. Com o réveillon a prefeitura de Mariana gastará R$ 60”, diz. Para fechar o ano, segundo o prefeito, foi preciso cortar vários gastos como o do lixo, que antes era de R$ 1 milhão ao mês e passou a ser de R$ 550 mil.
