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Estado de Minas

Presidente do PT irrita o governo

Rui Falcão desagrada Dilma e ministros ao divulgar documento que pede mudança na política econômica e critica o ajuste fiscal, as altas taxas de juros e o corte de investimentos


postado em 29/12/2015 06:00 / atualizado em 29/12/2015 08:01

Rui Falcão admite que a população perdeu a confiança no governo Dilma, por isso cobra mudanças (foto: José Cruz/Agência Brasil )
Rui Falcão admite que a população perdeu a confiança no governo Dilma, por isso cobra mudanças (foto: José Cruz/Agência Brasil )

Brasília - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou ontem uma mensagem de fim de ano em que cobra ousadia na condução da política econômica e ataca a perspectiva de alta da taxa de juros em janeiro. Intitulado “Uma nova e ousada política econômica para 2016”, o texto diz que o governo da presidente Dilma Rousseff “precisa se concentrar na construção de uma pauta econômica que devolva à população a confiança perdida após a frustração de seus primeiros atos”. A divulgação da mensagem causou irritação no Palácio do Planalto e contrariou a nova equipe econômica num momento em que o governo teme perda de credibilidade com a troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa no comando da Fazenda. Ministros e assessores presidenciais disseram que a cobrança do petista não foi bem recebida por Dilma, que, desde a saída de Levy, se esforça para afastar a hipótese de o governo abandonar o ajuste fiscal.

Na nota, no entanto, Falcão critica o ajuste e prega a adoção de medidas propostas pelas centrais sindicais e por movimentos sociais. “Chega de alta de juros e de cortes em investimentos”, escreveu Falcão, citando CUT e MST, entre outras entidades, como fontes de propostas a serem implementadas. Sem citar a intenção do governo de encampar uma reforma da Previdência, Falcão defende a manutenção de direitos “duramente conquistados pelo povo”. “Agora que o risco do impeachment arrefeceu, mas sem que as ameaças de direita tenham cessado, é hora de apresentar propostas capazes de retomar o crescimento econômico”, diz. Falcão encerrou sua mensagem afirmando confiar que os ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Valdir Simão (Planejamento) “deem conta da tarefa, mudando com responsabilidade e ousadia a política econômica”.

Dilma não está disposta a dar uma guinada na política econômica, como quer a cúpula do PT. Ela avalia que é preciso ações de estímulo à economia, mas não acha que se pode baixar os juros “na marra” nem aumentar a meta de inflação. “O PT é um partido importante, mas não é o único partido do governo”, disse o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, numa referência ao texto publicado por Falcão. Ex-presidente do PT, Berzoini tentou amenizar as divergências entre a legenda e o governo. “Temos consciência do papel do partido, mas quem está no governo tem outras responsabilidades”, argumentou o ministro.

Nessa segunda, um assessor palaciano afirmou que ouviu dela mesma que “é uma ilusão” alguém achar que a chegada de Barbosa ao governo significa abandonar a perseguição ao equilíbrio fiscal. “Não haverá guinada à esquerda”, avisou. “Não adianta fazer pressão. A presidente não vai ceder”, prosseguiu o interlocutor, ao explicar que o que muda com a saída de Joaquim Levy e a entrada de Barbosa é apenas a gradação do aperto e a forma de fazê-lo. “Mas ele é inevitável porque o reequilíbrio fiscal é cláusula pétrea para recuperar a confiança do país que permitirá a retomada do crescimento e a sua recuperação econômica”.

Sem surpresa

As críticas pela manutenção do discurso de Levy já eram esperadas pelo próprio Barbosa, que chegou a conversar sobre isso com a presidente. O que muda, na verdade, é apenas a unidade no PT inclusive de discurso, da equipe econômica, já que Barbosa é mais alinhado e tem o seu tom mais afinado com o de Dilma. “Mas não há nenhuma receptividade à mudança de rumos”, insistiu o interlocutor. Este afinamento de discurso voltou a ser tratado ontem, em reunião de Dilma com vários ministros, no Alvorada. Apesar de não se abalar com as críticas dos petistas, Dilma não gostou da fala de Falcão, que diz que houve ‘frustração’ com atos do governo e foi enfático ao pedir mudanças na política econômica do governo. Gostou menos ainda de o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ter atacado duramente as reformas previdenciárias e trabalhistas que são consideradas fundamentais e inevitáveis pelo Planalto. A presidente acha que estes ataques “não ajudam” neste momento de rearranjo do país, quando seria importante ter o apoio de seu partido.

 


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