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Estado de Minas

Pressionada pelo fantasma do impeachment, Dilma se reúne com o Conselho Político

Presidente confirma o poder de Temer e diz que o vice-presidente terá autonomia para definir a liberação das emendas


postado em 07/07/2015 06:00 / atualizado em 07/07/2015 06:58

"(O impeachment) É algo impensável para o momento atual. Não podemos ter, a esta altura em que o país tem grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por vários setores. Não há crise política" - Michel Temer, vice-presidente da República, ao lado dos ministros Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e Gilberto Kassab (Cidades) e do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (foto: Romério Cunha/Vice-presidência)

Brasília – Depois de um fim de semana de bombardeios, na qual setores do PMDB defenderam o desembarque do governo federal e a oposição traçou cenários de um Brasil pós-Dilma Rousseff, a presidente decidiu reunir os líderes aliados em um encontro no Palácio da Alvorada para defendê-la do fantasma do impeachment que se avizinha. Diante de deputados, senadores e presidentes dos partidos aliados, Dilma confirmou que o vice-presidente Michel Temer tem o poder político para liberar os R$ 5 bilhões de emendas parlamentares até dezembro e concluir as nomeações do segundo e terceiros escalões.

Temer reclamou explicitamente à presidente que precisava de uma sinalização clara de que ele tem autonomia para fechar os acordos acertados com a base aliada. Eles passam pela liberação dos tais R$ 5 bilhões em emendas – R$ 3 bilhões destinadas aos parlamentares antigos, R$ 1 bilhão para os deputados novos e outro R$ 1 bilhão de restos a pagar. Além disso, o vice-presidente e outros peemedebistas reclamavam que a Casa Civil embarreirava as nomeações de cargos do segundo e terceiro escalões.

Com a crise aumentando de proporção, e assustada com o avanço do discurso de impeachment, Dilma chamou Temer na sexta-feira passada para reforçar que não há sabotagem e que ele tem todo o aval para fechar os acordos necessários com a base. Era pouco. “Ela precisava dizer isso perante a base de apoio”, completou um interlocutor, justificando a reunião emergencial do Conselho Político na noite de ontem.

Além disso, Dilma expôs aos parlamentares argumentos para que os aliados defendam o governo das acusações de pedalada fiscal, um dos discursos da oposição para propor o impeachment da presidente. Na próxima semana, encerra-se o prazo dado pelo TCU para o governo fazer a defesa no julgamento das pedaladas.

Água na fervura Dilma quer todos ajudando no trabalho de convencimento perante o Tribunal de Contas. O Planalto sabe que será um julgamento político, não técnico. Por isso, quer fazer uma pressão no colegiado. Os ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Luís Inácio Adams, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, já estão conversando com os ministros do TCU. Ao envolver os parlamentares nesse processo, o Planalto quer tirar proveito do fato de que muitos integrantes do TCU já foram deputados e senadores.

A presidente tenta diminuir a pressão que existe sobre si porque passará quase uma semana fora do país em viagem à Rússia e à Itália (veja quadro). A decisão de convocar o Conselho Político para o Alvorada, ontem à noite, foi tomada após a reunião da coordenação política da manhã, da qual fazem parte os ministros mais próximos.

A escalação de Temer para ser o porta-voz da coordenação política já foi um sinal do “empoderamento” do vice-presidente.  Temer convocou entrevista coletiva e, em tom conciliatório, afirmou que não há crise entre Executivo e Legislativo. Tentou colocar água na fervura das dificuldades e das especulações de que ele deixaria a articulação política do governo. “Não há sabotagem. Há naturais dificuldades”, contemporizou.

“Essa especulação (sobre não ser mais da articulação), eu acho um pouco fora de tom, porque o que se espera do vice é que sempre se ajude na articulação política. Esteja eu designado pela presidente ou não, eu sempre farei parte da articulação”, desconversou Temer durante entrevista coletiva, criticando a tese do impeachment. “(O impeachment) É algo impensável para o momento atual. Não podemos ter, a esta altura em que o país tem grande repercussão internacional, uma tese dessa natureza sendo patrocinada por vários setores. Não há crise política”, assegurou ele.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que na semana passada disse que Temer estava sendo sabotado, ironizou ontem as palavras do vice-presidente. “Que bom, porque até semana passada estava. É sinal que acabou a sabotagem? Vamos ver, tomara. Senão, em uma semana volta a crise”, cravou Cunha.

Agenda internacional

Próximos compromissos da presidente Dilma Rousseff no exterior


Hoje  
Embarca para Ufá, cidade a 1,3 mil quilômetros de Moscou, capital da Rússia

Amanhã e quinta-feira
Participa da 7ª Cúpula do Brics, grupo de países emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Sexta-feira
Embarca para a Itália, para se reunir, em Roma, com o primeiro-ministro Matteo Renzi e o presidente italiano, Sergio Mattarella.

Sábado
Visita em Milão os expositores brasileiros que participam da Expo Milão. O pavilhão brasileiro vai abrigar exibições, atividades culturais e gastronômicas, seminários, além de eventos de negócios.

Expectativa é de que presidente retorne ao Brasil ainda no fim da semana.


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