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Estado de Minas

Coluna do Baptista Chagas de Almeida


postado em 30/06/2015 12:00 / atualizado em 30/06/2015 12:05

(foto: Arte/Soraia Piva)
(foto: Arte/Soraia Piva)

Os jornais, Dilma e  a crise que não há


Primeiro, foi a entrevista ao jornal Washington Post. Ontem, logo de manhã, a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve no Wall Street Journal. Antes, teve encontro com o megaempresário de mídia Rupert Murdoch, dono do jornal. Só para constar: o governo brasileiro publicou um encarte pago de quatro páginas, que deve custar uma fortuna, para divulgar o país, em especial o programa de infraestrutura que lançou dias atrás.

Deveria também ter feito propaganda no Washington Post, aquele da entrevista. “Um retrocesso no Brasil” é o título de editorial publicado pelo jornal. E bate duro, afirmando que muitos dos problemas que o país enfrenta são resultados de políticas equivocadas de seu governo.

Além de destacar que o grande desafio de Dilma Rousseff é sobreviver, o Post condena as estatizações de seu primeiro governo, sugere que elas devem ser repensadas e arremata: “Sem isso, o futuro do Brasil permanecerá em suspenso”. Que recepção, hein? Ainda ontem, Dilma foi jantar com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas a reunião de trabalho propriamente dito será hoje. Sobre a crise que deixou no Brasil, Dilma falou pela primeira vez em público. E foi veemente: “Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora”.

Enquanto Dilma, de quem está afastado nos últimos tempos, viaja, Lula marca reunião com petistas e tenta trazer o marqueteiro João Santana – aquele que pintou um mundo cor-de-rosa na campanha eleitoral do ano passado, quando o governo já sabia que estava no vermelho. E Santana pode até não aparecer. Está fazendo campanha na eleição argentina.

E, ao The Wall Street, a presidente Dilma Roussef declarou uma verdadeira pérola, diante das circunstâncias: “Precisamos reduzir riscos para negócios no Brasil”. Em tradução livre e simultânea, a frase deveria ser: “Precisamos reduzir negociatas arriscadas no Brasil”.

Paim e a poesia

Em audiência pública, a Comissão de Educação e Cultura do Senado vai debater projeto que defende o março como o mês da poesia. E está lá, na Agência Senado: “O projeto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), pretende homenagear o poeta Thiago de Mello, nascido em 30 de março de 1926, em Barreirinhas (AM). Mello chegou a estudar medicina, mas abandonou o curso para se dedicar à poesia. Tem livros traduzidos em mais de 30 idiomas. Preso e exilado na ditadura militar, é conhecido internacionalmente como intelectual engajado na luta pelos direitos humanos”. O PT sentirá falta de Paim.

Fim de semana

Vice-presidente nacional do DEM, o deputado José Carlos Aleluia (BA) estava animado e afiado no fim de semana. Passou o sábado atazanando a presidente em seu perfil no Twitter: “Dilma sabe que seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, assim como Dirceu, Delúbio, Palocci e Vaccari, deve cair a qualquer momento”. Em post anterior, já havia escrito: “Mercadante é o Dirceu de Dilma. Seu braço direito. Dilma vai ter que abandoná-lo da mesma forma que Lula a abandonou. Vai acabar isolada”. E ainda fala de um “doloroso, porém necessário, processo de cassação da presidente da República”.

Só pensa nisso

Desde que deixou o governo e voltou ao Senado, Gleisi Hoffmann (PT-PR) bate numa tecla só. Defende, semana sim, semana também, a criação de um imposto que atinja as grandes fortunas. Agora, a senadora pediu à consultoria do Senado para preparar um estudo para a sua regulamentação. O novo tributo depende de aprovação de lei complementar, mas Gleisi calcula que pode render R$ 6 bilhões por ano.

Base instável

Na semana passada, o Palácio do Planalto teve uma boa notícia. O placar das votações dos projetos das desonerações voltou ao antigo desempenho da oposição, cerca de 120 votos. A má notícia é que a presidente Dilma ainda está sujeita aos maus humores do plenário. O deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG) cita, por exemplo, a correção das aposentadorias em 4,5% mais a inflação para todos os aposentados e pensionistas. “A base aliada é instável, tem uma sustentação muito frágil e o governo não consegue manter o controle”, avalia o tucano mineiro.

Virada inesperada

A presidente Dilma Rousseff estava para entrar em uma fase em que poderia fazer as suas caminhadas com mais tranquilidade, Até comemorar a melhora da relação com o PMDB, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) no circuito. Mas aí vieram a Operação Lava-Jato da Polícia Federal e ainda o Tribunal de Contas da União (TCU). Resultado: eventual pedido de impeachment começa a ganhar mais força nas conversas dos políticos. E, para piorar, o caso do ex-presidente Lula, sem foro privilegiado, é ainda mais complicado.

Pingafogo

Quem estará hoje em Belo Horizonte é o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Gilmar fará uma visita ao novo presidente do TRE-MG, desembargador Paulo Cézar Dias.

Parece país da piada pronta. Mesma nota publicada no site da Assembleia Legislativa informa: “Agenda – Assembleia promove Seminário Águas de Minas”,
esta semana.

E nesta terça, a Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas vai debater os resultados da aplicação da Lei Seca. Como se vê, serviço completo.

Em plena campanha “eleitoral” para permanecer no cargo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, usa rima pobre e afirma que há “descomunal” corrupção na Petrobras.

Escreve o leitor Péricles Ramos: “Veja a que ponto o senhor Lula chegou. Observe que ele está colocando a Dilma e o PT como responsáveis por toda incompetência e roubalheira do governo, querendo, com isso, se safar. É, realmente um péssimo caráter”.

E o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini (PT), está se comunicando mal. Vem dizendo que o ex-presidente Lula não está fazendo críticas contundentes e agressivas ao partido. O pior surdo
é o que não quer ouvir.


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