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Estado de Minas

Dilma e Lula vivem uma relação em crise

Depois das declarações de Lula contra o governo e o PT, Dilma faz afirmações lacônicas, que expõem ainda mais as dificuldades de entendimento entre o criador e a criatura


postado em 24/06/2015 06:00 / atualizado em 24/06/2015 07:17

Em evento ligado à Olimpíada, no Rio, presidente não comentou declarações de Lula, dizendo apenas que ele tem todo o direito de criticar (foto: Rudy Trindade/Frame/Estadão Conteúdo)
Em evento ligado à Olimpíada, no Rio, presidente não comentou declarações de Lula, dizendo apenas que ele tem todo o direito de criticar (foto: Rudy Trindade/Frame/Estadão Conteúdo)

Brasília – Tal qual um casamento em crise, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff estabelecem uma relação cada vez mais conflituosa. Depois de o criador avaliar que ela está “no volume morto”, Dilma deu nessa terça-feira (23) uma declaração lacônica no Rio de Janeiro. Em entrevista depois de uma reunião com integrantes do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, ela afirmou: “Eu acho que todo mundo tem o direito de criticar. Mais ainda o presidente Lula. Até porque ele é muito criticado por vocês”, comentou a presidente, dirigindo-se aos jornalistas.

As palavras da presidente, restritas a isso, foram interpretadas como um recado ao ex-presidente de que ele também é criticado e continua trabalhando. Por isso, ela seguirá atuando exatamente como tem feito até o momento, apesar dos queixumes do ex-presidente. Na segunda-feira (22), Lula afirmou, durante o seminário “Novos desafios da democracia”, em São Paulo, que o PT precisa de “nova utopia” e que seus colegas de legenda “só pensam em cargo, em emprego e em ser eleito”.

Como se a situação não estivesse complicada o suficiente, no Senado, sem consulta prévia ao líder da bancada Humberto Costa (PT-PE) – que não auxiliou na preparação do documento –, os senadores do PT divulgaram texto, em nome da bancada, em solidariedade a Lula. “A bancada do PT no Senado manifesta total e irrestrita solidariedade ao grande presidente Lula, vítima de campanha pequena e sórdida de desconstrução de uma imagem que representa o que o Brasil tem de melhor: sua gente.”

Segundo o documento, a bancada também entendeu que “Lula está muito acima dessa mesquinhez eleitoreira. Não será apequenado pelos que se movem por interesses menores e pelo ódio. Lula é tão grande quanto o Brasil que ele ajudou tanto a construir. Lula carrega em si a solidariedade, a generosidade e a beleza do povo brasileiro”, concluiu a nota.

O documento é lulista do princípio ao fim, exaltando a origem do ex-presidente, de retirante da seca a presidente eleito e reeleito da República. “Ele figura no rol escasso dos líderes que rompem os limites, mudam a realidade, fazem a diferença na vida das pessoas, fazem história.” De quinta-feira para cá, nenhum senador defendeu a presidente Dilma das críticas de Lula no encontro com os religiosos, em São Paulo. “Lula acertou no diagnóstico. A presidente Dilma não pode governar sem fazer política, sem dialogar com a bancada, com os partidos, com os movimentos sociais”, criticou o senador Paulo Rocha (PT-PA), lembrando a descortesia de Dilma em cancelar um encontro com o ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quando este já estava em Brasília.

VOZ DISCORDANTE Na Câmara, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), discordou do presidente Lula. “Tenho dois trabalhos: defender o governo Dilma e o PT no Nordeste. E o PT no Nordeste segue firme e forte, estamos muito acima do volume morto. E, no governo, estamos trabalhando. O país vai se surpreender no ano que vem”, afirmou Guimarães. Para evitar atritos com o ex-presidente, ele afirmou apenas que esse tipo de avaliação do governo deveria ser feita internamente, e não, externada publicamente.

Em reservado, outros integrantes do governo lamentam que Lula tenha se manifestado publicamente sobre os problemas no Planalto. Para ministros, esse tipo de declaração, neste momento, não ajuda em nada. “Mesmo reconhecendo que é um recado para estimular a militância, esses ataques são péssimos em um momento em que o governo precisa de apoio”, avaliou um ministro. (Com André Shalders)


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