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Estado de Minas

"Vítimas da corrupção" protestam em Minas

Trabalhadores de empresa responsável por obra em centro da Aeronáutica, na Grande BH, estão revoltados com o não pagamento de direitos trabalhistas. 178 pessoas foram demitidas


postado em 23/04/2015 06:00 / atualizado em 23/04/2015 07:43

Demitidos da Schahin durante manifestação em Lagoa Santa: profissionais buscam o apoio da Aeronáutica para garantir indenizações(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Demitidos da Schahin durante manifestação em Lagoa Santa: profissionais buscam o apoio da Aeronáutica para garantir indenizações (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

Cerca de 50 funcionários da construtora Schahin protestaram na manhã dessa quarta-feira (22), em frente à obra do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (Ciaar), em Lagoa Santa. No início do mês, a Schahin demitiu 178 funcionários contratados para as obras do Ciaar , não pagou os direitos trabalhistas e, até essa quarta-feira, segundo os trabalhadores, representantes da empresa não haviam iniciado negociação. Os trabalhadores temem o calote devido ao histórico recente da empresa. Na semana passada, a Schahin entrou em processo de recuperação judicial. O processo ocorre na esteira de sua citação nas investigações da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que levou a Petrobras a suspender, em março, a contratação de uma das empresas do grupo, a Schahin Petróleo e Gás.

Entre os demitidos está o encanador Antônio José dos Santos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de BH e Região. “Ainda tem muita coisa para fazer na obra”, garante. Segundo ele, o empreendimento deveria ser
entregue até o mês que vem, mas os trabalhadores haviam sido informados que haveria um aditamento e o contrato se prorrogaria até outubro, o que não ocorreu.

As obras do Ciaar, bancadas pelos cofres públicos, se arrastam há cinco anos. O Tribunal de Contas da União(TCU) apontou uma série de irregularidades na construção, entre elas sobrepreço de R$ 17 milhões. O Ministério Público Federal move uma ação pedindo o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 30 milhões, que teriam sido gastos de maneira errada na construção.

A Justiça Federal declinou do processo, que corre agora na Justiça Militar. Para chegar ao valor do prejuízo, o TCU auditou 60% do orçamento da obra e constatou que foram feitas compras com valores até 2.657% superiores aos de mercado. A unidade em construção ocupa área de 700 mil metros quadrados no trevo de Lagoa Santa com a MG-010. Lá, profissionais da Força Aérea Brasileira (FAB) serão treinados.

Os demitidos esperam apoio da Aeronáutica para receberem seus direitos trabalhistas. Juçara Duarte, que trabalhava na área de suprimentos da obra da Schahin em Lagoa Santa, aposta em um acordo. “A Aeronáutica é nossa luz no fim do túnel”, diz. Na segunda-feira, seria realizada uma reunião na Delegacia Regional do Trabalho (DRT), mas os representantes da empresa não compareceram. Novo encontro foi marcado para hoje. “A dívida com os trabalhadores é grande e a Aeronáutica não poderia ter deixado chegar a essa situação. Se não houver acordo vamos para a Justiça”, afirma Ildo Gomes, presidente do sindicato.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Schahin, mas não obteve retorno. Na semana passada, a Schahin publicou uma nota: “Nos últimos meses, todos os esforços possíveis para evitar a recuperação judicial foram feitos — da tentativa de lançar títulos no mercado de capitais e da renegociação de passivos existentes, até o repasse de contratos de obras — infelizmente, sem sucesso”. O grupo pediu a recuperação judicial para 28 empresas e abandonou as atividades no campo da engenharia, para se concentrar em petróleo e gás. O passivo do processo é de R$ 6,5 bilhões.

Em nota, a assessoria de imprensa da Aeronáutica afirmou que a responsabilidade pelas indenizações dos demitidos é da Schahin Engenharia e que “atualmente, não há débito do Comando da Aeronáutica com a empresa”. Informou ainda que “após rescisão unilateral, o Comando da Aeronáutica iniciou a análise financeira do contrato, podendo haver ajustes de contas”.


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