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Estado de Minas

Dilma e Marina têm histórico de embates desde 2002, ainda no governo Lula

Com trajetórias distintas até o governo Lula, Dilma e Marina protagonizam embates desde 2002


postado em 05/09/2014 06:00 / atualizado em 05/09/2014 11:02

Paulo de Tarso Lyra e Andre Shalders

Marina cumprimenta Dilma antes de debate na TV Bandeirantes, na semana passada: cordialidade em momento de rivalidade máxima (foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Marina cumprimenta Dilma antes de debate na TV Bandeirantes, na semana passada: cordialidade em momento de rivalidade máxima (foto: Paulo Whitaker/Reuters)


Brasília –
Empatadas tecnicamente no primeiro turno das eleições presidenciais, Marina Silva (PSB) e Dilma Rousseff (PT) têm trajetórias de vidas distintas, embora militantes da esquerda brasileira, que se cruzam em 2002, ainda durante o governo de transição, quando a atual presidente é escolhida como ministra de Minas e Energia e a socialista, ainda petista à época, é indicada para o Meio Ambiente. De lá para cá, tiveram várias embates econômicos, ambientais, ideológicos. Brigaram por espaço dentro do governo Lula e, pelo segunda eleição consecutiva, disputam o voto do eleitorado brasileiro.


As duas inimigas íntimas e conceituais têm trajetórias que se assemelham no conteúdo, mas jamais na forma. Marina é acriana, filha de seringueiros pobres. Alfabetizada aos 16 anos, formou-se em história 10 anos depois. Onze anos mais velha que a adversária ao Planalto, Dilma é mineira e foi presa durante a ditadura militar por integrar um grupo de combate à repressão. Era 1970 e Marina, com 12 anos de idade, trabalhava no seringal para ajudar no sustento familiar e lutava contra a malária e leshimaniose. Com essa idade, já tinha perdido a mãe e duas irmãs, todas por doenças relativas à falta de tratamento adequado às pessoas pobres.

Dilma surgiu no PDT. Marina filiou-se ao PT em 1986, um ano depois de montar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ao lado do seu mentor, Chico Mendes. A atual presidente engrenou uma carreira de secretária de Estado, já militando politicamente no Rio Grande do Sul, enquanto Marina elegeu-se vereadora, deputada estadual e, em 1994, tornou-se a mais jovem ocupante de uma cadeira no Senado, aos 36 anos.

Em 2002, as duas se encontraram no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde havia sido montado o governo de transição PSDB-PT. “Nós todos estávamos, de uma maneira ou outra, irmanados em um projeto, embora, em vários momentos, tenhamos apoiado candidaturas distintas. Quando Lula assumiu em 2003, nós éramos um governo”, resumiu o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), que foi companheiro de Esplanada de ambas entre 2003 e 2004, quando comandava a pasta das Comunicações.

Aliado de Marina na corrida presidencial, Miro reconhece que as duas tinham posições divergentes em vários momentos, mas acredita que, se forem colocadas em uma mesa de debates, terão mais convergências do que divergências, “desde que estejam isoladas do contexto eleitoral”.

Tensão O embate entre ambas, intensificou-se no momento em que Dilma assumiu a Casa Civil, no lugar de José Dirceu, abatido no escândalo do mensalão. E aumentou a decibéis ensurdecedores quando, no início do segundo mandato, o governo optou pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e intensificou a pressão pelas licenças ambientais para rodovias e hidrelétricas.

Jirau e Santo Antônio viraram emblemáticas. “Não sei nem se era uma posição pessoal de Marina ou se ela apenas verbalizava o discurso da base de apoio. Mas montar uma hidrelétrica na Amazônia era visto por ela como um sacrilégio”, lembra um ministro que participou dos debates à época. “Marina percebeu que tinha perdido espaço no governo para Dilma.” Outro ex-ministro, que continua próximo ao líder máximo petista, lembra que Marina sonhava em ser escolhida como sucessora dele. “Ela perdeu o debate de conteúdo e o político. Saiu do governo”, resumiu o lulista.

Fogo cruzado
Nova troca de farpas aconteceu ontem. A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, disse ontem que o PT criou um “factoide” a respeito da empresa montada por ela para ministrar palestra. A declaração foi dada no Rio Grande do Sul – onde Marina se reuniu com ruralistas e enfrentou um pequeno protesto em que foi chamada de “homofóbica” e “fundamentalista” –, antes de a coligação de Dilma protocolar na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedido de investigação sobre os rendimentos de Marina com palestras. O pedido é que se apure eventual omissão de patrimônio na declaração de bens da candidata e até uso de recursos na campanha. “O desespero está fazendo com que eles façam esse tipo de coisa”, disse. “A minha ‘empresinha’ teve um faturamento nesses três anos de R$ 1,6 milhão. Nós pagamos todos os encargos, está na Receita Federal”, disse Marina.

Ainda ontem, o site Muda Mais, criado pelo PT para a campanha de Dilma Rousseff, acusou o programa de Marina de ter “plagiado” um artigo científico publicado em 2011 por Luiz Davidovich, professor do Instituto de Física da UFRJ, em trecho que fala sobre a necessidade de investimento em fontes limpas de energia.


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