Passado o sepultamento do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, a campanha presidencial retoma nesta segunda-feira o curso normal, interrompida desde a tragédia na última quarta-feira. Uma corrida eleitoral ainda sob o impacto da morte do candidato do PSB, da substituição de Campos por Marina Silva e repleta de incertezas sobre o que acontecerá.
Mas a grande aposta é que, de fato, Marina cresça na faixa dos eleitores ainda indecisos, beneficiada pela superexposição da chapa do PSB. Dois fatores tornam ainda mais imprevisíveis os próximos dias. O primeiro é que, tradicionalmente, 30% dos eleitores são anti-PT, o que dificulta o discurso de Dilma. E nestas eleições, diferentemente de outras, é maior o número de pessoas indecisas.
Em disputas anteriores, em meados de agosto, a quantidade de eleitores indecisos era de 12%. Atualmente, esse percentual é quase o dobro: 20%. “Estamos no campo da imponderabilidade”, resumiu um estrategista dilmista. Para ele, a campanha estava praticamente cristalizada, com Dilma liderando com percentuais entre 38% e 41%, Aécio entre 19% e 21% e Campos com 7% a 11%.
A dúvida é o quanto Marina elevará esse percentual de votos ao PSB. Em 2010, ela obteve 19% dos votos válidos no fim do primeiro turno. “Mas Dilma não era conhecida e José Serra fazia uma campanha ‘suja’ que afasta o eleitorado”, disse um petista. “Hoje, Aécio é um candidato simpático ao eleitorado e Dilma é a presidente, o que pode derrubar a margem de crescimento de Marina”, apostou outro dilmista. Na campanha tucana, a aposta é que a entrada de Marina Silva no lugar de Eduardo, especialmente embalada pelo componente emocional, reforça a possibilidade de segundo turno.
Número
19% é o percentual dos votos válidos que Marina Silva teve na campanha de 2010