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Estado de Minas VIDA DE MENSALEIRO NA PAPUDA

Condenados do Mensalão se adaptam à rotina na cadeia

Dois meses e meio depois da prisão, condenados da Ação Penal 470 estão integrados ao dia a dia do cárcere. José Dirceu organiza e controla o empréstimo de livros na biblioteca


postado em 02/02/2014 00:12 / atualizado em 02/02/2014 07:50

Entrada do Complexo da Papuda: 10 mensaleiros já conseguiram transferência para unidades perto de casa(foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)
Entrada do Complexo da Papuda: 10 mensaleiros já conseguiram transferência para unidades perto de casa (foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo)

Brasília – De segunda a sexta-feira, durante cinco horas, José Dirceu, hoje um dos cerca de 10 mil presos do Complexo Penitenciário da Papuda, fica na biblioteca do estabelecimento. O trabalho de organizar, catalogar e controlar o empréstimo de livros tem duas finalidades claras para o ex-ministro da Casa Civil: aplacar o ócio peculiar da cadeia e descontar um dia de pena a cada três de labuta. Já para a administração do presídio, a nova ocupação de Dirceu, que antes estava varrendo um pátio da unidade, traz outros benefícios. Fontes ouvidas pelo Estado de Minas afirmam que a mudança de serviço é resultado da necessidade de diminuir a visibilidade do preso notório em relação à massa carcerária.

Desde dezembro, Dirceu desempenhava a função de varrer o pátio do Centro de Internamento e Reintegração (CIR), onde estão dois condenados no processo do mensalão a penas em regime semiaberto. Enquanto trabalhava na limpeza do espaço, podia ser visto por detentos. Com as vestes brancas e chinelos de dedo, ele se tornava parte da massa, como outro apenado qualquer, dizem servidores.

Só que presos célebres, com talento para influenciar com poder econômico, em qualquer sistema penitenciário do mundo devem ser mantidos a uma distância profilática do resto da população carcerária. Em 24 de janeiro, Dirceu saiu da limpeza do pátio para lidar com os livros. Na biblioteca, ele estabelece contato com uma parcela menor de detentos. São geralmente apenados que, por estudarem dentro do estabelecimento, circulam com mais flexibilidade pela área de ensino. Eles costumam ler livros no espaço onde Dirceu dá expediente das 9h às 11h30 e das 13h às 15h30. Não há trabalho no dia de visita, às quartas-feiras, quando o ex-ministro recebe a mulher, familiares e amigos.

A função desempenhada na Papuda está entre as que Dirceu deve exercer no escritório de advocacia de José Gerardo Grossi. O advogado ofereceu emprego para o ex-ministro, que deverá cuidar da biblioteca da empresa, além de fazer consultas jurisprudenciais. Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa, Dirceu aguarda uma decisão da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal sobre o pedido de trabalho externo. Se a VEP deferir a solicitação, o preso será transferido para o Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Lá, estão o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PL (hoje PR) Jacinto Lamas e o ex-deputado federal Bispo Rodrigues, todos oriundos da Papuda.

Líder espiritual O ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado a sete anos e 10 meses de prisão no processo do mensalão, passou pela primeira semana de trabalho interno, na Papuda. Ele faz companhia ao colega de cela, José Dirceu, na biblioteca do presídio, cuidando do acervo disponível aos presos. Reservado, chega a passar despercebido na rotina do cárcere. O mesmo não se pode dizer de outro personagem da Ação Penal 470, o ex-deputado federal Carlos Rodrigues, mais conhecido como Bispo Rodrigues. A popularidade do pregador foi reconhecida por internos da Papuda. Nos 56 dias em que ficou preso na unidade, não eram raros os momentos em que presos se aproximavam da cela do bispo – a mesma ocupada por Dirceu – para pedir conselhos ou mesmo uma bênção.

Convívio A situação de isolamento dos condenados no processo do mensalão que estão presos em regime fechado no Complexo Penitenciário da Papuda começa a se modificar. O empresário Marcos Valério, apontado como operador do esquema do mensalão, e seus ex-sócios Ramon Rollerbach e Cristiano Paz passaram a dividir as duas horas diárias de banho de sol a que têm direito com um pequeno grupo de presos considerados de bom comportamento. Os três estão detidos em ala especial – destinada a detentos classificados para trabalho interno – da Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II), uma das unidades que compõem a Papuda.

Multa de R$ 1 milhão

Depois de o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares conseguirem arrecadar mais do que deviam à Justiça, o PT se prepara agora para lançar site em solidariedade ao ex-ministro José Dirceu. A Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal atualizou o valor da multa do petista, que deverá pagar R$ 971.128,92 como pena pela condenação no mensalão. O ex-ministro, no entanto, não vai começar a arrecadação do zero. Ele receberá o excedente doado a Delúbio, que arrecadou mais do dobro do que precisava. A multa do ex-tesoureiro era de R$ 466,8 mil e ele conseguiu R$ 1.013.657,26. O petista ainda não foi avisado oficialmente sobre a atualização do valor. Quando receber a intimação, terá 10 dias para pagar.


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