Brasília – O óleo que poluiu o Lago Paranoá na sexta-feira vazou de uma caldeira do Palácio do Planalto. A informação, contestada pela Presidência da República, foi anunciada nessa quarta-feira pela Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal. A divulgação da origem do vazamento pôs o governo do DF em rota de colisão com o federal. Para tentar amenizar a polêmica, o Palácio do Buriti divulgou nota, no fim da tarde de ontem, informando que ainda é preciso aguardar o resultado de análises químicas para confirmar que o problema realmente foi originado no Planalto.
Mesmo assim, o governo do Distrito Federal afirmou que a administração do Palácio do Planalto será autuada e terá de pagar multa previamente calculada de R$ 50 mil. O laudo químico que confirmará o tamanho do prejuízo e as causas concretas do problema validará esse valor, segundo a Secretaria de Meio Ambiente (Semarh). As amostras de água contaminada também foram enviadas à Universidade de Brasília no dia do vazamento, mas ainda não há previsão de divulgação da análise.
Para chegar à conclusão sobre onde o problema começou, técnicos do governo inspecionaram as galerias de águas pluviais da região. Eles afirmam que o vazamento teve início em uma caldeira do restaurante do Anexo IV do palácio presidencial. O laudo que confirmará a informação só sairá em 10 dias, mas o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão, garantiu que não há dúvidas sobre a fonte do problema. No entanto, por meio de nota, a Secretaria-Geral da Presidência da República declarou que essa afirmação só poderá ser feita após o resultado do laudo químico. O Planalto classificou a atitude da secretaria como “precipitada” e disse ainda que a conclusão do órgão ambiental do DF não é tecnicamente consistente.
O vazamento ocorreu em três manilhas da rede de galerias pluviais, na manhã de sexta-feira. A mancha, de aproximadamente 180 metros e 2 milímetros de espessura, não causou grandes estragos ambientais, segundo o governo. O principal motivo foi a rápida contenção. O Corpo de Bombeiros e a Transpetro utilizaram 16 tambores de metal e retiraram 3,2 mil litros da substância mais rápido que das últimas vezes.
Um funcionário do setor de máquinas do palácio, que preferiu manter o nome em sigilo, acompanhou as vistorias do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) às caldeiras. Ele afirmou ter mostrado o local onde o óleo fica – uma caixa separada da que recebe a água e tem ligação com a rede pluvial. O operador contou que não foi encontrado vazamento durante a avaliação.
Troca de acusações
Vazamento em outubro no Lago Paranoá causou mal-estar entre secretarias do governo do Distrito Federal. Em um primeiro momento, a Secretaria do Meio Ambiente informou que origem do óleo seria uma caldeira do Hospital Regional da Asa Norte. Mas a Secretaria da Saúde questionou e indicou a troca de asfalto que estava sendo realizada pela Secretaria de Obras como a causa. No fim de 2012, da Universidade de Brasília concluiu que o óleo veio do hospital.