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Estado de Minas

Peritos negam assassinato do ex-presidente JK

Para especialistas que participaram da apuração das causas da morte do ex-presidente, Comissão da Verdade está equivocada


postado em 12/12/2013 06:00 / atualizado em 12/12/2013 07:22

Para a Comissão da Verdade de São Paulo, JK foi assassinado. Peritos dizem que todos os indícios apontaram que o ex-presidente foi vítima de acidente (foto: Arquivo EM/D.A PRESS)
Para a Comissão da Verdade de São Paulo, JK foi assassinado. Peritos dizem que todos os indícios apontaram que o ex-presidente foi vítima de acidente (foto: Arquivo EM/D.A PRESS)

Diante da investida da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo de levar à presidente Dilma Rousseff documento que mostra 90 indícios de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek teria sido vítima de assassinato, os peritos que produziram os laudos técnicos na época do acidente de carro, em 1976, e os que fizeram o trabalho novamente em 2001 estão dispostos a falar sobre o assunto se forem convidados pelo colegiado paulistano. O vereador Gilberto Natalini, presidente da comissão, afirmou nessa quarta-feira ao Estado de Minas: “Se for preciso, vamos ouvir os peritos e fazer a acareação”.

A reportagem ouviu o então diretor do Instituto Carlos Éboli, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Roberto de Freitas Villarinho; o perito responsável pelos trabalhos no local do acidente, Sérgio de Souza Leite; e o perito Ventura Raphael Martello Filho, que auxiliou os trabalhos da comissão externa criada na Câmara dos Deputados em 2001 para apurar as causas da morte de JK. O colegiado foi presidido pelo então deputado Paulo Octávio, casado com a neta de Juscelino, Anna Christina Kubitschek. Todos os profissionais e o médico-legista Márcio Alberto Cardoso, que fez a perícia na ossada de Geraldo Ribeiro, motorista de JK, em 1996, defendem categoricamente que o episódio se tratou de um acidente automobilístico.

Villarinho afirma que vai à Comissão Municipal da Verdade de São Paulo se for convidado, apesar de considerar "que eles não têm competência (para analisar a questão)". "Toda a documentação está guardada no meu arquivo. Já está mais do que comprovado que foi acidente, tanto na Justiça quanto na comissão de Brasília (do Congresso Nacional, presidida pelo então deputado Paulo Octávio). Já está tudo esclarecido. Não vejo mais motivo para eles ficarem fazendo isso (trazer a tese do assassinato de volta)", disse.

Já Sérgio Leite afirmou que vai processar o deputado Natalini e o ex-secretário de JK Serafim Jardim, autor do livro Juscelino Kubitschek, onde está a verdade?. "Eles agem de má-fé porque têm conhecimento de todo o trabalho técnico feito. Fazemos questão absoluta de mostrar a má-fé evidente da comissão e de quem bolou e produziu aquilo que contraria todas as provas feitas pela Justiça, polícia, CPI da Câmara e de vários questionamentos a que respondemos de perícias do mudo inteiro", disparou.

Martello, por sua vez, lembra que em 2001 analisou toda a documentação existente, incluindo laudos, fotos e recursos técnicos, para não haver qualquer dúvida. "Fomos ao local da batida. Uma coisa eu posso lhe afiançar: ali aconteceu um acidente de trânsito envolvendo o Opala e o ônibus e a colisão comm o caminhão no sentido oposto. É minha convicção absoluta. Não teria razão alguma para apontar nenhuma outra causa", ressaltou.

O documento da Comissão da Verdade, que será enviado também aos presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), vai pedir que seja reconhecido que a morte de JK e de seu motorista foi decorrente de complô político encabeçado pela ditadura militar.

Guerra de versões

A morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek em um acidente de carro na Via Dutra, em 22 de agosto de 1976, voltou a ser discutida publicamente depois que a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo retomou a investigação do assunto e ouviu testemunhas do caso. Na última terça-feira, o colegiado aprovou relatório com 90 pontos que supostamente apontam indícios de que JK havia sido assassinado, vítima de conspiração dos militares. A perícia oficial que fez o trabalho na época do acidente, em 1976, na exumação do corpo do motorista do Opala, Geraldo Ribeiro, em 1996, e durante trabalho de uma comissão externa da Câmara dos Deputados destinada a esclarecer em que circunstância ocorreu a morte, em 2001, garante que não houve qualquer atentado, e sim um acidente. O carro do ex-presidente atravessou o canteiro central da Dutra e bateu em um caminhão em um domingo, por volta das 17h30.

BATIDA NO ÔNIBUS (ANTES DE OLIDIR OM CAMINHÃO)


Comissão da Verdade

Testemunhas que estavam no ônibus dizem que não houve batida entre o Opala e o ônibus que saiu de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro. Cinco dias depois do acidente, o motorista Josias Nunes Ferreira afirma que dois homens ofereceram uma mala de dinheiro para que ele assumisse o acidente. Fotos mostram que houve fraude na perícia do carro: um dos faróis traseiros não estava quebrado na noite do acidente, mas, no dia seguinte, apareceu com defeito.

Peritos
A tinta do ônibus é encontrada no Opala a partir de exames minuciosos. O local das avarias dos dois veículos se encaixa perfeitamente. Fotos ainda apontam a freada brusca do ônibus a mais de 110 km/h no local do acidente. Testemunhas dizem ao motorista do caminhão que colidiu frontalmente com o Opala do ex-presidente JK que viram o ônibus batendo. A lanterna traseira quebrada no dia seguinte se deu no transporte do carro do local até a garagem a polícia e “não altera em nada a conjuntura do acidente”.

TIRO

Comissão da Verdade
O motorista do Opala que levava o ex-presidente, Geraldo Ribeiro, levou um tiro disparado de um carro Caravan que emparelhou com o Opala.

Peritos
Conclui que “não há qualquer indício de que tenha ocorrido atentado a tiro”.

OBJETO METÁLICO NO CRÂNIO DE GERALDO

Comissão da Verdade
Depois da exumação do corpo do motorista, em 1996, o exame de corpo de delito que apontou que se tratava de um prego e não de uma bala foi feito antes do Instituto de Criminalística. Um perito chamado Alberto Carlos, de Minas, afirmou que viu um buraco no crânio ainda íntegro característico de perfuração por projétil de arma de fogo, mas que foi impedido de fotografá-lo pela polícia no dia seguinte ao acidente.

Peritos

Imagens do metal, “com visão macroscópica e mesoscópica por meio de lupa estereoscópica”, confirmam que se tratava de um prego.


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