Cotado como possível adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), endureceu o tom das críticas ao governo e disse que o País está em uma "encruzilhada" para a próxima década. Em entrevista gravada nesta segunda-feira, 11, para o Programa do Jô, da Rede Globo, Campos disse que a situação não está nem para ufanismo, nem para "achar que está tudo uma desgraça". "Nós estamos numa encruzilhada", resumiu.
Ele voltou a mencionar o êxito do ciclo da democratização, comandado pelo PMDB, seguido da conquista pela estabilidade econômica, a que creditou ao PSDB, e dos avanços de inclusão social liderados pelo PT.
"A acumulação é que nos permitiu dar esse passo", disse. "Agora há um esgotamento desse ciclo, é necessário um novo ciclo onde a questão ética está no centro", disse ele, ao ser questionado sobre os escândalos de corrupção envolvendo o PT desde a investigação do processo conhecido como mensalão.
"As pessoas estão cada vez mais ligadas e sabem o quanto está duro se manter com as conquistas que tivemos nos últimos anos", disse o governador, que mencionou que é preciso criar um plano para a próxima década.
O governador de Pernambuco disse ainda que o País vive uma crise de credibilidade "aqui e fora" sobre seu futuro. "Não se faz essas mudanças se deixarmos esse velho arranjo que tomou conta de Brasília", criticou. "Temos problemas nos fundamentos macroeconômicos? Temos. Mas temos sobretudo uma crise de expectativas no Brasil", afirmou o governador, que relacionou a crise de expectativas a mudanças de regras que "terminaram por criar um ambiente em que as pessoas não conseguem ver o Brasil no longo prazo". Campos defendeu ainda melhora de logística como instrumento para arrefecer a inflação de alimentos.
Entre as críticas, disse ainda que o governo federal "sempre foi fazendo o jogo de ficar fora desse tema de segurança". "Essa é uma área que foi negligenciada. É preciso ter um sistema, como tem o SUS", defendeu.