
Geralmente, as atividades dos colegiados são encerradas quando a ordem do dia no plenário começa. Ontem, para garantir a votação do orçamento impositivo, Henrique não só insistiu para que o tema fosse votado na comissão especial como cancelou todas as demais votações da Câmara. Regimentalmente, seria preciso aguardar pelo menos dois dias para que uma PEC aprovada em comissão seguisse para o plenário. O chamado interstício, porém, será quebrado com um requerimento na própria sessão extraordinária de hoje em que o tema será votado. A intenção é aguardar até o último minuto para que o máximo de parlamentares compareçam — para ser aprovada, a PEC precisa de 308 votos favoráveis de um total de 513 deputados.

O chamado orçamento impositivo foi uma das principais bandeiras de campanha de Henrique Alves quando disputava o comando da Câmara. Desde que foi eleito, ele se empenha pessoalmente para que a proposta tramite com celeridade. “Essa política distorcida do toma lá dá cá das emendas é danosa a qualquer governo democrático”, disse. O líder peemedebista, Eduardo Cunha (RJ), também encampou a votação imediata da proposta. “Não tem nada que discutir com o governo”, resumiu. A luz no fim do túnel para o governo pode estar no Senado, onde o PMDB já sinaliza que vai frear a tramitação do tema.
Vetos
Apesar do clima “paz e amor” com que tenta recompor as relações com os aliados, a presidente Dilma deixou claro ontem que está disposta a levar para a Justiça a batalha travada com o Congresso na derrubada de vetos considerados essenciais pelo governo para manter a saúde das contas públicas. O recado foi transmitido pela ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pouco depois de participar de reunião com a presidente e os líderes governistas do Senado. Uma das preocupações do governo é a possibilidade de o Congresso derrubar o veto à extinção da multa rescisória de 10% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Se não tiver possibilidade de evitar, o Judiciário é o recurso legal e constitucional que o Executivo teria para recorrer”, disse a ministra.
