
O peemedebista não deu detalhes sobre o voo. Disse apenas que a mulher o acompanhou. Para justificar o uso de aeronaves da FAB por chefes dos poderes da República, Renan se comparou à presidente Dilma Rousseff. “A presidente pega um avião e vai a determinado lugar. Ela não vai a serviço. Quem está obrigado a ir a serviço (quando usa aeronave da FAB) é o ministro do Estado. O presidente do Senado, o presidente do Supremo Tribunal Federal, eles têm transporte de representação, porque são chefes de poder”, disse, alegando que a imprensa está fazendo “confusão” sobre o direito aos aviões da FAB.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Renan voou com o apoio da FAB para o casamento da filha de Eduardo Braga. Ele afirmou que foi convidado para o evento como presidente do Senado. “Fui cumprir um compromisso”, comentou. O peemedebista disse que, apesar de o casamento não ter constado na agenda oficial, “isso não é precondição para estar dentro da lei”. Questionado se restituiria os cofres públicos, ele respondeu: “Claro que não”.
Projeto de lei Parlamentares repercutiram ontem os voos de Renan e do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que, no fim de semana passado, usou avião da FAB em viagem ao Rio de Janeiro e levou na “carona” parentes e amigos para assistir à final da Copa das Confederações. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) protocolou ontem projeto de lei que estabelece critérios para o uso de aviões da FAB por autoridades.
De acordo com o texto, o uso de aeronaves deve ser limitado a autoridades e assessores que tenham motivo oficial para a viagem, e fica vedada a companhia de terceiros. A proposta também determina a divulgação no Portal da Transparência de todos os pedidos de uso de aviões da FAB. “Essa caixa-preta só acaba por força de lei. Quem sabe a confissão de ‘erro’ do Henrique Alves, combinada com a impaciência das ruas, acabe de vez com esses ‘voos festivos’?”, comentou Alencar.
Já o senador João Capiberibe (PSB-AP) enviou um ofício à Controladoria-Geral da União (CGU), sugerindo um acordo com a Aeronáutica para que seja colocado no site da pasta um link em que conste quem usou aviões da FAB. “O Brasil tem uma tradição de uso patrimonialista daquilo que é público de forma privada. A sociedade não tem mais por que tolerar esse comportamento.”
