
Alckmin, que na semana passada classificou os manifestantes como “vândalos” e “baderneiros”, destacou a decisão de proibir o uso de balas de borracha durante manifestações públicas e, por duas vezes, elogiou os líderes do Movimento Passe Livre (MPL).
“Queria fazer um elogio às lideranças do movimento e também à segurança pública e à Polícia Militar (PM)”, disse. De acordo com ele, após a reunião do secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, e do comandante-geral da PM, Benedito Meira, com integrantes do movimento na manhã desta segunda-feira ficou acertado que durante os novos protestos o comando da PM ficará em contato via rádio com os líderes das manifestações. “Se estabeleceu que os nossos oficiais acompanharão as lideranças com rádio”, afirmou Alckmin, para quem a primeira reunião com integrantes do MPL foi positiva. “Foi uma reunião muito madura, muito proveitosa.”
Os representantes do movimento, porém, não adiantaram o trajeto a ser percorrido pelos manifestantes. O governador de São Paulo disse que o governo do Estado só tomaria conhecimento do trajeto da nova passeata no momento da manifestação, que teve início às 17 horas. “Acho que podemos dar um exemplo de que preservamos o direito das pessoas de manifestação, sem prejuízo para ninguém”, disse. Alckmin afirmou ainda que os protestos “fortalecem a democracia” desde que não seja prejudicada a integridade física da população e que não haja depredação de bens públicos e privados.
Apesar de dizer que o governo de São Paulo está “aberto ao diálogo”, ele voltou a ressaltar que o reajuste concedido no Estado foi abaixo do índice de inflação e que ele deveria ter ido para 3,30 reais. Afirmou ainda que o governo estadual adiou o aumento a pedido da União. “Não fizemos o reajuste (em janeiro) a pedido do governo federal. Durante seis meses o governo de São Paulo bancou o subsídio.”
'Ação cirúrgica'
Na avaliação de secretários e políticos ligados ao governador, a atuação ostensiva da PM no protesto da quinta-feira, 13, deu ainda mais força aos manifestantes. Este seria, portanto, um dos motivos que levou à proibição do uso de balas de borracha e à mudança no discurso de Alckmin. Além de proibir a truculência policial, a administração estadual, ao pôr oficiais próximos aos líderes do movimento, pretendia “agir de forma cirúrgica” caso algum excesso acontecesse. A ideia é, segundo um secretário estadual, “garantir que a manifestação ocorra da melhor maneira possível.” (Colaborou Tiago Dantas).
