
A iminência de duas aposentadorias entre os ministros da Corte faz crescer a pressão interna para que os trabalhos nas três sessões semanais de julgamento – às segundas, quartas e quintas-feiras – sejam feitos com mais rapidez. Embates prolongados entre os ministros e ainda a decisão de apreciar a ação por núcleo de atuação dos réus foram os responsáveis pelo atraso no cronograma original. E pior. Existe a possibilidade de novos reveses, já que na segunda-feira a Corte terá que decidir se concede ou não direito a réplica ao relator, ministro Joaquim Barbosa, e tréplica ao revisor, ministro Ricardo Lewandowisk, que já fizeram o pedido na última sessão, depois de apresentar votos discordantes em relação ao réu João Paulo Cunha, deputado federal (PT/SP) e presidente da Câmara à época do escândalo. A previsão era de que os outros nove ministros dessem início à apresentação de seus votos nessa sessão. A condução da nova queda de braço entre relator e revisor está sob a batuta de Ayres Britto, interessado direto na agilização dos trabalhos.
Complicado A análise do “núcleo publicitário” do mensalão consumiu, até agora, cinco sessões e ainda não foi concluída. Nesse ritmo, o presidente do STF também não conseguiria chegar até o fim dos trabalhos. Analistas acreditam que o julgamento dos demais seis agrupamentos de réus, conforme apontado pela denúncia da Procuradoria Geral da República, pode ser ainda mais complicado e exigir mais tempo para a conclusão dos votos. No núcleo publicitário foram analisadas as condutas do empresário Marcos Valério, apontado como operador do esquema, seus ex-sócios em empresa publicitária Cristiano Melo Paz e Ramon Hollerbach, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e o deputado federal João Paulo Cunha. A análise tende a ser mais difícil no núcleo que envolve José Dirceu, deputado cassado (PT/SP) acusado de ser o mentor do esquema quando então ministro da Casa Civil, e no que trata da distribuição de verba aos partidos da base do governo: PT, PP, PL, PTB e PMDB.
Como presidente, para evitar um interminável debate, o ministro Ayres Britto propõe que a réplica de Barbosa, que quer a condenação de João Paulo Cunha, e tréplica de Lewandwski, que sustentou a absolvição do parlamentar, sejam limitadas a 20 minutos cada uma. Mas isso deverá ser definido apenas amanhã. “Embora esse vaivém argumentativo seja inconveniente para o andamento do processo, combinamos que os dois falariam com certa brevidade sobre o tema. O receio de quem preside uma sessão de julgamento é que o vaivém resvale para o interminável. Não estou cortando a palavra dos colegas, apenas quero que o processo siga em um ritmo normal”, justificou o presidente.
