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Estado de Minas

Réus do mensalão alegam que cumpriam ordens


postado em 08/08/2012 08:58 / atualizado em 08/08/2012 09:01


A sessão dessa terça-feira de julgamento dos réus do mensalão foi dedicada a figuras de pouca expressão dentro da estrutura de crimes apontados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em suas alegações finais. Além do advogado do publicitário, subiram à tribuna Leonardo Yarochewsky e Paulo Sérgio Abreu e Silva, para defender, respectivamente, as funcionárias da empresa SMP&B Simone Reis Lobo de Vasconcelos, diretora financeira, e Geize dos Santos, subordinada a ela. Os advogados sustentaram que as duas não tinham autonomia de decisão e cumpriam ordem de seus superiores, no caso, o sócio Marcos Valério. Yarochewsky reafirmou que Simone Vasconcelos fez vários pagamentos de valores a parlamentares, em Brasília, sem saber a finalidade deles. Segundo o advogado, a rubrica do recurso movimentado pela diretora era de “empréstimo ao PT”, que não tem qualquer caráter ilegal. “Foi Simone que separou documentos para os contratos de empréstimos. Se fosse empréstimo fajuto, não precisaria disso tudo. Seria feito na calada da noite e não dentro de uma agência de um banco, à luz do dia e com carteira de identidade”, afirmou Yarochewsky.

Durante as investigações, Simone Vasconcelos entregou à Polícia Federal uma lista com os nomes de todos os beneficiários dos recursos repassados pela SMB&B, dos quais ela cobrava recibo dos pagamentos, de acordo com sua defesa. A companheira de sala de Simone, Geise Santos, também denunciada como integrante do esquema do mensalão, foi classificada como funcionária “mequetrefe” e “uma mera batedeira de cheques” pelo advogado dela, Abreu e Silva. “Ela vai me desculpar, mas eu vou falar de novo: uma funcionária mequetrefe denunciada no maior escândalo jurídico da nação brasileira", disse. Segundo ele, sem autonomia para “comprar uma única bala”, Geize se dedicava à movimentação de cheques para pagamentos da agência SMP&B, que chegavam a até 200 folhas ao dia.

A defesa ainda criticou o então procurador-geral Fernando Antônio de Souza, por ter incluído a funcionária da empresa na denúncia sobre o esquema. “Ela teria sido uma testemunha mais importante para a acusação se não tivesse sido denunciada,” sustentou Abreu e Silva.

Nessa terça-feira, Abreu e Silva apresentou também suas alegações finais em defesa do advogado Rogério Tolentino, dono do escritório de advocacia Rogério Tolentino & Associados, acusado de ajudar Marcos Valério na contratação de empréstimo bancário para ser repassado a parlamentares da base aliada do governo. Ele sustentou a tese de que a transação financeira de Tolentino foi legal e tinha como avalista a empresa SMP&B Propaganda, à qual prestava serviços advocatícios. Disse que seu cliente desconhecia que o dinheiro seria usado para pagamento de parlamentares e que ele forneceu a Valério três cheques em branco, que foram parar nas mãos dos deputados do PP Pedro Henri, Pedro Correia e José Janene.

O advogado confirmou que Tolentino recebeu repasses de recursos da SMP&B: 23 mútuos no valor total de R$ 1,49 milhão e outro de R$ 707,2 mil. Segundo ele, os primeiros foram referentes a prestação de serviços à empresa de publicidade e feitos em nome da pessoa física. No entanto, eles foram movimentados em caixa 2 e, por isso, não foram contabilizados pelo seu escritório. Já o repasse menor seria referente a rolagem de dívida de empréstimo em instituição financeira, solicitada Marcos Valério.

Chico no fogo cruzado


Quem pensa que o maior julgamento da história do Judiciário brasileiro teve apenas demonstração de profundo conhecimento jurídico se enganou. No duelo entre a Procuradoria Geral da República, responsável pela acusação, e a defesa dos réus sobrou espaço para a música brasileira, com um preferência explicita pelo cantor e compositor Chico Buarque de Holanda. Depois da sustentação de sua acusação contra as 38 pessoas suspeitas de fazer parte do mensalão, o procurador-geral Roberto Gurguel citou a música Vai passar , em sua estrofe que diz: “Dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”. Ontem, o advogado Leonardo Yarochewsky, que representa Simone Vasconcelos, deu o troco ao sustentar a defesa da ex-diretora do SMP&B. Encerrou sua fala com a música Apesar de você , com o verso: “Você que inventou esse Estado, inventou de inventar toda escuridão. Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão. Apesar de você, amanhã há de ser outro dia.”


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