Havana – Quase todos os dias, Teresa Aleje, de 55 anos, senta-se em uma pequena praça diante do Malecón, perto do Consulado da Espanha, e desfruta do jantar trazido em uma marmita. A pequena cubana, de pele escura e voz tranquila, traduz um pouco do conformismo de seu povo. "Eu tenho meu trabalho, não perdi nem ganhei nada com as reformas do presidente Raúl Castro", afirma ao Estado de Minas. "Eu trabalho desde os 15 anos, nunca me preocupei com o embargo econômico dos Estados Unidos. Tomo café da manhã, almoço e janto todos os dias", acrescenta. Para Teresa, a Revolução Cubana está impregnada de significados, e desistir dela é algo fora de cogitação. “A Revolução Cubana me deu o que eu tenho", afirma Teresa. Para ela, o legado de Fidel Castro e Ernesto Che Guevara foi revestir o povo cubano de "simplicidade". É a cadência das reformas por que Cuba passa, entretanto, que embala a chegada da presidente Dilma Rousseff à ilha e abre oportunidades aos brasileiros.
O projeto representa uma tentativa de reverter o acentuado declínio na produção de açúcar, de 8 milhões de toneladas por ano, na década de 1970, para 1,2 milhão de toneladas na última safra. "O acordo, com período de 10 anos, tem como objetivo incrementar a produção e a capacidade de moagem", informou a assessoria da Odebrecht. A empresa não divulgou detalhes do projeto.
Com a assinatura do contrato, a Odebrecht ampliará seu campo de atuação em Cuba. Atualmente, a empreiteira brasileira participa das obras de modernização e ampliação do Porto de Mariel, que será visitado por Dilma na tarde de hoje. Localizado a 43 quilômetros a oeste de Havana, o porto é visto como estratégico para Cuba se os Estados Unidos suspenderem o embargo econômico à ilha. A previsão é de que o empreendimento seja concluído até 2014. Em junho de 2010, em viagem oficial, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva também visitou as instalações. Dilma deve anunciar a liberação de um crédito da ordem de US$ 70 milhões destinado a desenvolver a agricultura familiar em Cuba. Os recursos, segundo o governo brasileiro, serão utilizados para financiar a compra de máquinas e insumos.
A presidente chega a Cuba no momento em que os dois países acabam de fechar seu melhor ano comercial, em 2011, com o número recorde de US$ 642 milhões, o que consolida o Brasil como o segundo sócio latino-americano de Cuba, depois da Venezuela. Deste valor, US$ 550 milhões correspondem a exportações brasileiras à ilha, uma balança muito desequilibrada, que ambas as partes querem corrigir. Dilma e o presidente cubano, Raúl Castro, assinarão atos cobrindo diferentes áreas de cooperação.
Segundo fontes brasileiras, existe a possibilidade de concretizar um acordo de produção conjunta de medicamentos genéricos, para os quais Cuba desenvolveu tecnologia e o Brasil é um mercado atraente. Apesar da abertura de Cuba ao capital estrangeiro, o único investimento conjunto é a fábrica de cigarros BrasCuba, com mais de 15 anos de funcionamento. (Com agências)
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