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Estado de Minas

A experiência de quem venceu o câncer na laringe

Tumores na laringe representam 2% de todas as ocorrências de câncer no país. Pacientes que enfrentaram a doença contam as dificuldades do tratamento e comemoram a cura


postado em 01/11/2011 06:00 / atualizado em 01/11/2011 07:57

(foto: Soraia Piva / EM )
(foto: Soraia Piva / EM )
O câncer do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de alta incidência no país. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 25% dos tumores na cabeça e no pescoço são na laringe, o que representa 2% de todas as ocorrências no Brasil. Apesar de apresentar bons resultados com a químio e a radioterapia, é uma doença difícil de lidar por atingir uma área delicada e responsável por funções importantes, como a fala e a deglutição. Pacientes que venceram a doença contaram ao Estado de Minas que o tratamento é difícil, mas superável.

A batalha contra o câncer de laringe fez parte da rotina de Fernando Lelis da Silva Costa há 11 anos. Um ano depois de passar por uma cirurgia para retirada de um tumor no rim, o aposentado recebeu novamente o diagnóstico da doença e, por quatro meses, lutou diariamente para combater o câncer. Hoje, aos 72, completamente curado, o mineiro acompanha atento o drama de Lula e, por experiência própria, tem na ponta da língua os conselhos para o ex-presidente: “Neste momento, não pode faltar fé. Tem de acreditar muito que você pode superar a doença e muita empatia com os médicos”.

Além das alterações físicas iniciais sentidas nas sessões de radioterapia e quimioterapia – a primeira realizada diariamente; a segunda, semanalmente –, com a queda dos cabelos e problemas nos dentes, outro desafio é manter a motivação elevada para continuar firme com o tratamento. “O início foi o momento mais complicado, foi um susto, já que câncer era uma doença estigmatizada como uma verdadeira sentença de morte. Hoje, percebemos uma grande diferença e, se tivermos sorte de detectar o problema rapidamente, as chances de cura aumentam muito”, explica.

O oncologista André Murad, que acompanhou Fernando durante o tratamento, lembra a importância de discutir bem cada caso antes de tomar uma decisão e ressalta que aconteceram avanços significativos na área. “No caso de Fernando, optamos por uma ação mais conservadora, uma alternativa diferente que se mostrou muito eficaz. Há pouco menos de seis e sete anos, estávamos em um estágio diferente. Já temos opções menos tóxicas e que permitem maior precisão para atuar em tecidos afetados”, afirma Murad.

ROUQUIDÃO O aposentado Rey de Paiva, 76 anos, começou a desconfiar de que havia alguma coisa errada da mesma forma que  Lula. “De repente, comecei a sentir uma rouquidão. Como nunca tive nada, não estava doente, não sentia dor na garganta, fui ao médico ver o que era”, lembra. Após a biópsia, foi constatado o tumor maligno. “Quando recebi o diagnóstico, fiquei assustado, mas aceitei e decidi enfrentar. Perdi 10 quilos e tudo o que comia tinha que ser pastoso. Não foi fácil, mas é possível enfrentar sem desespero”, conta. De janeiro a março, foram três ciclos de quimioterapia, mais 28 sessões de radioterapia, e hoje Rey, que não teve queda de cabelo, comemora a cura.

O aposentado Josafar Osório, 62 anos, recebeu, na tarde de ontem, a notícia de que tinha vencido o câncer. O aposentado, que foi locutor de rádio, não queria perder a fala. Passou por três etapas de quimioterapia e 35 sessões de radioterapia entre junho do ano passado e outubro deste ano. Durante esse tempo, sentiu muito enjoo e dificuldade para engolir. “Houve dias que eu cheguei a chorar de fome, mas não conseguia comer”, diz. Hoje, feliz com a recuperação, Josafar não se incomoda nem com a rouquidão, que permaneceu ao fim do tratamento. “Não importa. O que importa é que estou curado”, comemora.

DIAGNÓSTICO As experiências de Rey e de Josafar são frequentes na família do ex-presidente. Um histórico de diagnósticos de câncer cerca os parentes de Lula, que, desde cedo, acostumou-se a lidar com a doença. Segundo a biógrafa do ex-presidente, Denise Paraná, autora do livro Lula, o filho do Brasil, a família Silva já encara a doença há pelo menos duas gerações. “A dona Lindu teve câncer no útero e metástase. Os tios de Lula também enfrentaram tumores”, conta Denise.

Jaime, irmão de Lula, também teve câncer na laringe, mas ainda não se sabe se do mesmo tipo do que atinge o ex-presidente. Lulinha, filho do pai de Lula, seu Aristides, morreu vítima de um câncer no cérebro. Outra irmã, Maria, teve um tumor no seio e se curou. Segundo Denise, a irmã mais velha, Marinete, descobriu a doença num estágio muito avançado. “Fez todos os tratamentos possíveis, mas era muito agressivo”, explicou a biógrafa, que aposta no sucesso do tratamento de Lula: “Ele passou no grande vestibular da vida do sertanejo, que é não morrer antes dos 3 anos. Vai tirar essa de letra”.


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