Sófia – As medidas do Banco Central Europeu e do Banco da Inglaterra para enfrentar a crise econômica dominam o noticiário internacional nos últimos dois dias. No The Wall Street Journal Europe, versão europeia de um dos diários financeiros de maior prestígio do mundo, não foi diferente. Na página 2, havia na sexta-feira uma fotografia da presidente Dilma Rousseff ao discursar na V Cúpula Brasil–União Europeia. Em destaque, a frase: “O Brasil está pronto para tomar responsabilidades de modo cooperativo... Vocês podem confiar em nós”.
O novo jogo começou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, no mês passado, na qual Dilma culpou “a falta de governança nos países desenvolvidos” pela crise que atinge todo o mundo, mas sobretudo os europeus. Também lamentou que a Palestina ainda não seja reconhecida pela ONU como Estado, algo que se deve sobretudo à resistência dos norte-americanos.
Nos fóruns multilaterais, dos quais a ONU é a principal exemplo, muitos falam e alguns, às vezes poucos, escutam. Em Bruxelas, Dilma se encontrou com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e com o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy. A eles, afirmou: “Não se conseguiu retomar o crescimento sustentado, e novamente enfrentamos um cenário recessivo, com elevado nível de desemprego e erosão de conquistas sociais.”
Soluções Na Turquia, país onde encerrou a viagem de uma semana à Europa, a presidente reforçou a mensagem de recuperação dos países em crise. Segundo ela, o continente precisa encontrar uma saída rápida para os problemas financeiros, além de privilegiar a “retomada do crescimento e a proteção do emprego”.
A assertividade de Dilma nesta viagem não se limitou a Bruxelas. Até mesmo na Bulgária, país onde nasceu o pai e que ela visitou sobretudo por questões afetivas, Dilma se preocupou em deixar registrada uma mensagem de conteúdo político e universal: a importância de integrar os trabalhadores que vêm de outros países, assim como ocorreu com seu pai no Brasil. Em um continente onde é grande a xenofobia, a mensagem é forte.
Se o teste da diplomacia presidencial de Dilma não começou agora, também não é neste momento que termina. A presidente participará ainda neste mês de uma reunião, na África do Sul, dos países que integram os Brics (além do Brasil, a Rússia, a Índia e a China). No início do próximo mês, a reunião será do G-20, grupo que inclui emergentes e os mais desenvolvidos, que integram o G-7.
Independentemente do resultado dos próximos encontros, Dilma já se livrou da sombra dos dois antecessores, presidentes que atuavam com gosto em política externa e que até hoje são vistos como símbolos do Brasil no exterior.