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Estado de Minas

Governo define pontos do Código Florestal que pretende mudar no texto aprovado na Câmara

Petista ligado a Marina Silva assume a relatoria do projeto na Comissão de Meio Ambiente do Senado


postado em 01/06/2011 06:00 / atualizado em 01/06/2011 07:47


Brasília – Um relator petista, alinhado com o Palácio do Planalto e amigo da ex-senadora Marina Silva (PV-AC). Um documento detalhado com todos os pontos críticos do texto aprovado na Câmara, já distribuído aos senadores aliados. Um conjunto de emendas pronto para ser apresentado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Essas são as armas do Executivo para driblar a trincheira ruralista no Senado e anular as alterações feitas no Código Florestal.

Depois da derrota do governo na Câmara, o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), indicou nessa terça-feira o colega Jorge Viana (PT-AC) para ser o relator da proposta no colegiado do Senado. Na noite anterior, a bancada petista recebeu um documento do Ministério do Meio Ambiente (MMA) com os 11 pontos que o Planalto pretende modificar (veja quadro). Essa lista embasará uma série de emendas que estão sendo redigidas por Rollemberg, aliado do governo. O presidente da CMA era cotado para relatar o novo Código Florestal, mas cedeu o posto a Jorge Viana. Ex-governador do Acre, o petista é ligado a Marina Silva – principal porta-voz dos ambientalistas – e tem bom trânsito com a presidente Dilma Rousseff.

O texto aprovado na Câmara vai agora tramitar pela CCJ, pela Comissão de Agricultura e, finalmente, pela CMA antes de seguir ao plenário do Senado, ainda sem data para apreciar o projeto. A bancada ruralista, capitaneada pelo PMDB, movimenta-se para pedir ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que a comissão de mérito na análise do Código Florestal seja a de Agricultura. Mas os governistas insistem para que o mérito permaneça na CMA, com o relator Jorge Viana.

Nesse cenário, um embate já está desenhado: o relator na CCJ será o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), ex-governador de Santa Catarina e autor do Código Ambiental do estado, contestado no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2009. Luiz Henrique é cotado também para ser o relator na Comissão de Agricultura. "Estados e municípios devem legislar sobre a matéria ambiental. Além disso, não vejo anistia (de desmatadores) no texto aprovado na Câmara, vejo descriminalização", argumenta Luiz Henrique. "Não antecipo meu posicionamento sobre a anistia, mas quem sempre atuou dentro da lei não pode ser penalizado", discorda Jorge Viana.

Reunião

Antes de o nome de Jorge Viana ser anunciado como relator do Código Florestal na CMA, Marina Silva reuniu-se com oito senadores no gabinete de Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Na pauta, estavam os 11 pontos listados pelo governo e a negociação que a presidente Dilma Rousseff abrirá com parlamentares que representam o setor produtivo antes de prorrogar o decreto que fixou 11 de junho como data-limite para a regularização dos produtores rurais. Dilma tem coordenado de perto as conversas para alterar o texto do código votado na Câmara. Aos mais próximos, a presidente relatou que o documento, nos moldes atuais, pode prejudicar o mercado brasileiro de exportações.


Pressão por mudança

Conheça as alterações desejadas pelo governo, por ordem de prioridade

Acabar com a "legitimação" de toda forma de ocupação nas áreas rurais consolidadas em APPs, como consta no artigo 33 da proposta aprovada na Câmara.

Voltar a aplicar sanções a infrações por desmatamento, suprimidas em três artigos do novo código.

Vincular a dispensa de reserva legal em propriedades com menos de quatro módulos fiscais à data-limite de 22 de julho de 2008, diferentemente do que é feito no artigo 13.

Voltar a incluir veredas e manguezais em APPs e proibir o cultivo de vazante de forma geral.

Reverter a troca da expressão "recomposição" por "regularização" de áreas. A alteração retira uma obrigação dos produtores.

Evitar formas amplas de compensação de vegetação no cômputo de APPs em áreas de reserva legal. E não admitir a "manutenção" de uma área como forma de compensação de reserva.

Não permitir o pousio para todas as propriedades rurais, como passou a garantir um item novo no artigo 3.

Excluir a expressão "interesse social" do artigo 6, que limita a possibilidade de decretar novas APPs.

Voltar a cobrar a obrigatoriedade de reposição florestal de quem utiliza matéria-prima "sem valor de mercado". A inclusão desse termo no artigo 42 é "subjetiva" e "complicada", segundo o governo.

Voltar a incluir um parágrafo no artigo 5 que exige APP em reservatórios com mais de 20 hectares para a geração de energia.

Analisar os artigos 66 e 67, que apareceram no último texto da Câmara. "Novas previsões são feitas, sem maiores problemas", sustenta o governo.


Volta à história

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anunciou nessa terça-feira que a Casa incluirá o episódio do impeachment do ex-presidente Fernando Collor na exposição do "túnel do tempo". Sarney conta que solicitou aos curadores que incluam no painel que trata da década de 1990 a data histórica do ano de 1992, que marcou o afastamento de Collor, hoje senador na Casa. "Não fui curador nem autor dessa exposição, mas, para evitar interpretações equivocadas, acabo de determinar à sessão competente do Senado que faça constar na referida mostra o impeachment do presidente Collor", afirmou Sarney.


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