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Estado de Minas

Partidos políticos abrem temporada de caça às mulheres


postado em 29/05/2011 07:19 / atualizado em 29/05/2011 13:19

A quatro meses do prazo legal para que candidatos às eleições de 2012 se filiem ou mudem de legendas, os partidos políticos se dedicam a um velho esporte no qual nunca foram bem-sucedidos: atrair as mulheres para concorrer às eleições das câmaras municipais. Ainda inseguros quanto a qual critério prevalecerá na montagem das chapas, os diretórios partidários sabem que poderão, às vésperas do pleito no ano que vem, esbarrar no entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que cada partido ou coligação preencherá nas chapas proporcionais o mínimo de 30% e o máximo de 70% das vagas para cada sexo. Nas eleições do ano passado, a determinação da minirreforma eleitoral, a Lei 12.034/2009, nessa direção não foi integralmente aplicada: a média de candidatas à Câmara dos Deputados apresentadas pelos 26 estados e pelo Distrito Federal foi de 19%. Para as assembleias legislativas, as chapas proporcionais tiveram em média 21% de candidatas.

Para o ano que vem, os partidos não querem ser surpreendidos. Apressam-se em localizar mulheres interessadas em se filiar e concorrer às câmaras municipais. Elas resistem: envolvem-se em causas, se associam em busca de seus direitos, mas sem estrutura e sem o know-how para se lançar à cata do financiamento das campanhas não se sentem motivadas a ingressar na política partidária.

Ano a ano, as mulheres também assistem ao insucesso eleitoral do gênero nos legislativos. Muitas concorrem, mas poucas chegam lá. Além do mais, elas continuam às voltas com o o acúmulo das tarefas profissionais e domésticas, sobrando pouco tempo para o envolvimento com as campanhas eleitorais. “Temos de implorar, pedir para os maridos. Elas não querem enfrentar o desafio porque além dos filhos e das responsabilidades domésticas, também são lutadoras e trabalham fora”, afirma a prefeita de Carmópolis de Minas, no Centro-Oeste de Minas, Maria do Carmo Rabelo Lara (PSDB), a primeira eleita na história da cidade, em referência ao fato de que as mulheres da cidade estão à frente de mais de 100 confecções.

A dificuldade à qual Maria do Carmo se refere para arregimentar mulheres interessadas em concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal da cidade ficou patente nas eleições de 2008. Trinta e dois homens concorreram a uma das sete cadeiras. Oito mulheres se aventuraram. Das urnas saíram seis vereadores eleitos e uma mulher, Maria Aparecida Lara (PSDB), pediatra, cunhada da prefeita eleita.

Também em Alvarenga, município do Vale do Rio Doce, Maria Izabel da Silva Neto (PT) foi eleita em 2008 a primeira prefeita. Para a Câmara concorreram 25 homens e oito mulheres. Elegeram-se oito vereadores e uma vereadora. Para o ano que vem, Maria Izabel não arrisca prognósticos para o número de mulheres na disputa. “Para nós sempre foi mais difícil. Mas acho que agora as mulheres estão começando a perceber que podem concorrer e ganhar”, afirma ela, ex-professora, que só se animou a concorrer depois que a comunidade se mobilizou nesse sentido.

Ao longo das duas últimas décadas, os números são pouco animadores. Em que pese a partir das eleições de 1996, em decorrência da Lei 9.100/95, conhecida como a Lei das Cotas – e depois a Lei 9.504, que ampliou a participação das mulheres nas chapas proporcionais de 20% para 30% –, mais mulheres tenham disputado as eleições proporcionais, o índice de sucesso eleitoral não aumentou.

Em 1994, das 178 mulheres que concorreram em todo o país a uma cadeira na Câmara dos Deputados, 32 se elegeram – 17,8%. Quatro anos depois, sob a influência da Lei das Cotas, quase o dobro de mulheres competiram – 339 –, mas apenas 29 foram bem-sucedidas (8,6%). Nas eleições de 2002, o número de candidatas continuou a crescer: 487 concorreram, apenas 42 se elegeram (8,6%). Em 2006, foram 651 candidatas, mas só 45 conquistaram cadeiras (6,9%). Nas eleições do ano passado, 931 mulheres disputaram, mas apenas 45 se elegeram (4,8% do total). Nesse mesmo ritmo, atualmente, a bancada federal mineira só tem uma mulher, Jô Moraes (PCdoB), contra três eleitas nas eleições de 2006.


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