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Estado de Minas Reflorestamento

Cientistas desenvolvem técnica para acelerar reflorestamento em Brumadinho

Fruto de parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), trabalho está sendo realizado pela primeira vez no mundo


postado em 08/08/2021 04:41 / atualizado em 08/08/2021 04:42

Reflorestamento avança em Brumadinho. Marco Zero em 2019 (foto pequena à direita), 2020 (acima no centro) e 2021(foto: Divulgação)
Reflorestamento avança em Brumadinho. Marco Zero em 2019 (foto pequena à direita), 2020 (acima no centro) e 2021 (foto: Divulgação)

 
No cenário impactado pelo rompimento, a biodiversidade renasce fruto de um trabalho inédito dos laboratórios da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata mineira. A técnica cujo princípio é o resgate do DNA da vegetação seguido da criação de cópias de plantas nativas é a aposta para intensificar a reabilitação da área verde. 

O trabalho de resgatar o código genético de espécies nativas surgiu de uma dissertação de mestrado feita com árvores da região de Viçosa, apresentada na universidade no fim de 2019. No ano seguinte, deu-se a parceria com a Vale, interessada em usar a tecnologia em grande escala.

O projeto “Resgate de DNA e indução de florescimento” é um marco para o reflorestamento e a conservação genética de espécies. “Conseguimos produzir várias plantas do mesmo DNA”, explica o engenheiro florestal Gleison dos Santos, professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV. “A ideia não é apenas substituir as plantas que não existem mais em determinado local, mas também aquelas que tiveram danos depois de serem atingidas pelo rejeito”, conta.

Espécies


Na primeira fase do projeto, cinco espécies estão na mira dos pesquisadores: jacarandá caviúna, ipê-amarelo, braúna, jequitibá e stephanopodium. Algumas são ameaçadas de extinção e outras protegidas por lei, caso do ipêamarelo.

Nos próximos três anos, a ideia é chegar a 30 espécies e reintroduzir 5 mil mudas. O material genético é levado para a UFV e mantido sob os mais exigentes padrões de segurança e saúde das plantas. O processo de cópia se inicia no campo, com a coleta de ramos das árvores-matriz. Já no laboratório, os ramos passam por um procedimento de enxerto para se tornarem capazes de reproduzir exatamente o material genético de outras plantas a partir de pequenas porções.

Mesmo contando com o fornecimento de plantas dos viveiros que produzem mudas já prontas a partir de coletas de sementes da região, a empresa segue com o plantio florestal a partir da origem das plantas, para restaurar de fato o que havia no local. 

“Queremos garantir o DNA das espécies. Trabalhamos com espécies de ocorrência regional que vão continuar existindo”, ressalta o engenheiro florestal e analista ambiental da Vale, Raul Firmino.

Aceleração


A técnica de indução de florescimento tem outra vantagem: produzir num período mais curto. A partir do momento em que o DNA é colhido em fragmentos de árvores, leva-se seis meses para uma muda estar pronta para replantio.

No caso natural, de plantas nascidas a partir de sementes, o processo de florescimento e frutificação pode ocorrer em mais de 12 anos. “O trabalho com a UFV garantirá a indução de plantas na região, mas dentro de um processo de florescimento que ocorra em até um ano. A isso se soma o retorno da biodiversidade: pássaros, polinizadores e dispersão de sementes, um ciclo natural da floresta que ocorre de maneira antecipada com essa proposta de resgate”, destaca Firmino.

Avanços ambientais


á foram reflorestados 11,5 hectares incluindo parte da área diretamente impactada e áreas protegidas. Ao final deste ano, a previsão é que 35 hectares de áreas já estejam em processo de reflorestamento, com o plantio de aproximadamente 50 mil mudas de espécies nativas da região.

Para a revegetação acontecer, o primeiro passo é a remoção dos rejeitos, uma atividade importante também para apoiar as buscas realizadas pelo Corpo de Bombeiros. Todo este trabalho, incluindo áreas dentro e fora da região diretamente impactada pelos rejeitos, demanda uma série de obras emergências sobre as quais já foram realizados trabalhos de recuperação ambiental que somam mais de 80 hectares. A definição da área total a ser reflorestada, de forma compensatória, ainda está em tratativa com órgãos ambientais.

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