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Estado de Minas SEM DATA PARA COMEÇAR

Vacinação de criança terá início só depois de resultado de consulta pública

Proposta pelo Ministério Público, consulta pública termina amanhã (2/1), mas medida é criticada por especialistas que ressaltam que o tema é técnico


01/01/2022 14:44 - atualizado 01/01/2022 21:48

Criança lava as mãos em pia de escola infantil
As crianças têm sido muito atingidas pela variante ômicron (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 O Ministério da Saúde informou que a data para início da vacinação contra a COVID-19 de crianças de 5 a 11 anos só será informada depois da divulgação do resultado de consulta pública sobre o imunizante aberta para participação popular até este domingo (2/1). No entanto, a decisão do órgão tem sido criticada por epidemiologistas, infectologistas e pediatras.

 

Na sexta-feira (31), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, havia dito em entrevista que o governo federal pretendia iniciar a vacinação de crianças contra a COVID-19 a partir da primeira quinzena de janeiro. Apesar da declaração pública do gestor, as vacinas não foram distrribuídas. 

 

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para confirmar a fala do ministro. No entano, a asessoria afirmou que não há definição de datas e que esse anúncio só será feito depois de encerrada a consulta pública. 

 

Embora pareça democratizar, a consulta pública é vista como uma ferramenta que não deveria ser usada neste caso, por ser a introdução de uma vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI) uma decisão técnica.

"A consulta pública é estapafúrdia", afirma o epidemiologista José Geraldo Ribeiro. Um dos especialistas nacionais no tema, o epidemiologista critica a decisão de o governo pedir opinião de pessoas leigas em relação a um tema bastante técnico.  "É como se estivesse convocando as pessoas, que não são engenheiras, para decidir qual material será usado na construção de uma ponte", afirma.

 

José Geraldo também pondera acerca da forma como as perguntas da consulta foram estruturadas, com perguntas que induzem as pessoas a opinarem contra a vacina. "Não é uma população leiga que vai decidir se determinada vacina vai ser utilizada no país", diz.

 

O epidemiologista lembra que consultas, sob a forma de enquetes pela internet, não refletem a opinião da maioria, mas costuma ser a opinião do grupo que estiver mais mobilizado para votar. "Não faz nenhum sentido essa consulta. O ministério tem comitê certo para analisar". O prejuízo não é apenas atrasar o início da vacinação, mas tornar a decisão sobre a vacina alvo de um debate ideológico. 

 

Os especialistas têm reafirmado que, embora o percentual de mortes e formas grave da doença seja percentualmente menor entre crianças em relação a idosos, por exemplo, a vacinação delas se mostra como uma medida sanitária necessária e urgente. José Geraldo lembra que foram registrados óbitos ente crianças e, ademais, a vacinação desse grupo colabora com o controle da doença.

 

A vacinação de crianças é defendida pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Imunizações, que fizeram um documento comum recomendando a vacina. No entanto, o especialista lembra que o Ministério da Saúde, apesar das evidências científicas, aprovação da Anvisa e recomendação das sociedades médicas, não têm sido claro em relação à imunização de criança. "As mensagens do Ministério da Sáude são muito contraditórias", lamenta o epidemiologista.

 

A VACINA É SEGURA E EFICAZ 

 

A introdução de uma vacina para crianças tem que levar em conta a segurança, a eficácia e os riscos da doença. Aspectos que foram atestados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação ao imunizante da Pfizer. Além disso, um estudo científico, realizado nos Estados Unidos, acompanhou os efeitos de 8 milhões de doses aplicadas em crianças dessa faixa etária. Não foram registrados fatos adversos.

 

"O estudo demonstrou a segurança da vacina. A eficácia também foi bem demonstrada, portanto ela é segura e eficaz", afirma o especialista que foi convidado para a live realizada pelo projeto UFMG Explica, que contou também com representantes da Sociedade Mineira de Pediatria.

 

O especialista lembra que devido ao PNI, o Brasil tem expertise e capacidade de fazer essa campanha ampla para atingir as crianças, no entanto, é necessária a compra das doses da vacina e a distribuição que exige uma logística que envolve um país nas dimensões do Brasil. "Não temos uma data e ainda não tem nada certo."

 

Ao contrário, o ministério anunciou medidas que podem atrasar o início da vacinação, como a exigência de prescrição médica para que a criança seja vacinada e a consulta pública para saber a opinião da população sobre a imunização. José Geraldo lembra que não há essa exigência de receita médica para nenhuma vacina para as crianças que estão incluídas no PNI.

 

O especialista destaca, no entanto, que se houver desejo por parte do Ministério Público a vacinação pode ser iniciada ainda em janeiro, mesmo diante da constatação que as vacinas ainda não chegaram aos estados.

"Possível é, uma vez que seja formalizado com a Pfizer, mas não é simples. Tem uma logística: tem que vir do exterior para o Brasil, segue para os estados e depois vai para os municípios. Toda essa distribuição tem que ser muito cuidadosa, é uma vacina que tem uma temperatura para ser preservada. Não é uma coisa simples, mas, talvez, o Brasil seja o país melhor preparado para isso."

 

O epidemiologista defende que é importante começar a vacinar as crianças o mais rápido possível. José Geraldo lembra que alguns países têm mostrado aumento de internação em crianças pela variante ômicron. A maior proporção de crianças acometidas pela nova variante em relação a outras faixas etárias não é predisposição da variante atingir mais a elas, mas ao fato de a população adulta já ter sido vacinada.

 


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