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Estado de Minas PANDEMIA

COVID-19: infectologistas apontam efeitos colaterais do tratamento precoce

Perfil de médicos no Instagram mostra várias reações relatadas por pacientes no uso de medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina


18/01/2021 18:35 - atualizado 18/01/2021 19:57

Uso de cloroquina e demais medicamentos no tratamento precoce foi liberado pelo Ministério da Saúde em maio do ano passado(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Uso de cloroquina e demais medicamentos no tratamento precoce foi liberado pelo Ministério da Saúde em maio do ano passado (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
 
Apesar do iminente início da vacinação no Brasil, o assunto relacionado ao tratamento precoce continua cada vez mais ganhando espaço nos debates a respeito do combate ao coronavírus. Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermictina e azitromicina no mesmo dia em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da CoronaVac e da AstraZenica. O uso dos remédios em questão não tem comprovação científica.
 
A discussão se acentuou nesta segunda-feira (18/1) no perfil no Instagram Casal.infecto, com mais de 75 mil seguidores, que mostrou uma pesquisa com vários pacientes de COVID-19 relatando terem tido vários efeitos colaterais ao aderir ao tratamento precoce. O perfil é controlado pelo casal de infectologistas de São Paulo, Danilo e Tassiana Falcão. Os seguidores relataram complicações como diarreia, disbiose, hepatite, intoxicação por vitamina D, pancreatite medicamentosa e erupções acneiformes.

Técnicos da Anvisa já havia afirmado no domingo (17/1) que não há alternativas terapêuticas para tratar a COVID-19, contrariando o discurso defendido por Bolsonaro. “Não desistam do tratamento precoce, não desistam. A vacina é para quem não pegou (COVID-19) ainda”, disse o presidente aos apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, em vídeo divulgado pelo filho, Carlos Bolsonaro.

Entidades como a Organização Mundial de Saúde, a FDA (equivalente americana à Anvisa), a Sociedade Americana de Infectologia (IDSA) e o Instituto Nacional de Saúde Norte-Americano (NIH) também haviam recomendado em junho do ano passado que os profissionais de saúde não usassem cloroquina ou hidroxicloroquina em pacientes com a doença, exceto em pesquisas clínicas.

“Minha orientação é a mesma de todas as sociedades internacionais de infectologia. Não existe evidência de eficácia no uso de qualquer medicação no tratamento precoce de COVID-19. O que funciona na COVID-19 é um diagnóstico e uma monitorização precoce. Infelizmente, não temos tratamento”, afirma a infectologista e epidemiologista Luana Araújo. 

Segundo a médica mineira, os efeitos para um paciente que adere ao tratamento precoce são variados. “As drogas que têm sido preconizadas são aquelas que de uma forma geral, para as indicações que elas têm, são relativamente inócuas pelas doses e pelo tempo que elas são ocultas. Os pseudoesquemas que têm sido utilizados sem evidência para o tratamento precoce da COVID, por estarem com doses muito altas por tempo prolongado, podem levar desde a arritmia cardíaca até alterações graves em órgãos como o fígado. Dependendo do histórico médico da pessoa, pode ter efeito neurológicos”.
 

Polêmica na Saúde 


Apesar dos estudos sobre o tema, o Ministério da Saúde, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, contrariou entidades de saúde e recomendou desde maio do ano passado o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no combate à COVID-19 em casos leves ou graves quando médicos e paciente concordam com o tratamento. A nomeação de Eduardo Pazuello para o cargo de ministro se tornou fundamental para a aprovação do medicamento – seus antecessores, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deixaram o governo depois de divergências a respeito do tema.
 
Na semana passada, a pasta fez um balanço da entrega de insumos e equipamentos desde o início da pandemia e confirmou que repassou aos estados um total de 5,8 milhões de comprimidos de cloroquina, 458 mil de hidroxicloroquina e de 21,6 milhões de Oseltamivir. Em Minas, foram distribuídas 407,5 mil cloroquinas, 1,5 mil de hidroxicloroquina e de 1,7 milhão de Oseltamivir. 


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