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Estado de Minas COVID-19

'Ausência de alternativas terapêuticas': Anvisa refuta 'tratamento precoce'

Ao aprovar vacinas, agência reguladora caminhou em direção oposta ao que Bolsonaro e saúde federal defendem


17/01/2021 16:00

Indicado pelo Centrão, grupo político próximo a Bolsonaro, diretor da Anvisa votou por uso de vacinas alegando ausência de tratamentos comprovados.(foto: gov.br/anvisa/Reprodução)
Indicado pelo Centrão, grupo político próximo a Bolsonaro, diretor da Anvisa votou por uso de vacinas alegando ausência de tratamentos comprovados. (foto: gov.br/anvisa/Reprodução)
Em meio às incontáveis tentativas do governo federal de emplacar um coquetel de medicamentos sem eficácia comprovada como “tratamento precoce” contra o coronavírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) adotou discurso oposto. Neste domingo (17/01), durante a reunião que marcou a aprovação do uso emergencial de dois imunizantes para barrar a doença, diretores e funcionários da agência reguladora ressaltaram, como motivo para dar aval às injeções, a ausência de formas de tratar a infecção.

Até mesmo Alex Machado Campos, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Anvisa, ressaltou a falta de mecanismos comprovados para barrar a doença. “A autorização de uso emergencial da vacina contra a COVID-19 está sendo pautada em um cenário em que não há medicamentos para tratar o novo coronavírus”, alegou, ao votar “sim”.

Funcionário de carreira da Câmara dos Deputados e ex-chefe de gabinete de Luiz Henrique Mandetta, que chegou a chefiar o Ministério da Saúde, Alex chegou ao presidente por meio do Centrão, grupo de parlamentares que dá apoio ao governo no Congresso Nacional.

Ele mencionou, ainda, motivos como o aumento no número de casos, a possibilidade de colapso no sistema de saúde e o alto número de mortes. Assim como Alex Machado Campos, os outros quatro integrantes do colegiado da Anvisa deram aval à vacina, formando unanimidade.

Área técnica também cita ausência de tratamentos comprovados


Antes da votação por parte dos diretores, três áreas técnicas da Anvisa fizeram apresentações e recomendaram a aprovação emergencial dos compostos da parceria entre Instituto Butantan a chinesa Sinovac e do consórcio Oxford/AstraZeneca.

A primeira delas foi a gerência de Medicamentos e Produtos Biológicos, cujo chefe é Gustavo Mendes Lima. O gerente de Medicamentos fez uma série de considerações sobre as vacinas e apresentou os índices de eficácia — 50,39% para o Butantan e 70,42% para Oxford.

Embora tenho feito algumas ressalvas aos estudos clínicos conduzidos pelos laboratórios, Gustavo justificou a a opinião pela aprovação por conta, justamente, da ausência de medicamentos capazes de controlar a infecção.

"Tendo em vista o cenário da pandemia,o aumento do número de casos e a ausência de alternativas terapêuticas, a gerência de Medicamentos recomenda a aprovação do uso emergencial", disse ele, que solicitou o monitoramento periódico dos efeitos das vacinas.

‘Mal não vai fazer’, disse Pazuello, mesmo sem indícios


Ferrenho defensor de medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da doença, Bolsonaro entrou em rota de colisão com Mandetta e Nelson Teich, ex-ministros da Saúde, por conta da ideia. O sucessor de Teich, general Eduardo Pazuello, comunga das ideias do chefe.

Recentemente, o Ministério da Saúde lançou aplicativo que propagandeia a prescrição de substâncias como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina no início dos sintomas da virose.

“Os diretores dos hospitais devem cobrar na ponta da linha da UBS como o médico está se portando. O cara tem que sair com um diagnóstico, até porque a medicação pode e deve começar antes dos exames complementares. Caso o teste depois der negativo por alguma razão, reduz a medicação e tá ótimo, não vai matar ninguém, agora salvará no caso da COVID-19”, garantiu Pazuello, no início da semana passada, em Manaus (AM), cidade mergulhada em caos humanitário por falta de oxigênio nos hospitais.


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