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Estado de Minas

Jovem que foi picado por naja receberá multa do Ibama entre R$ 500 e R$ 5 mil

O Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) resgatou a cobra, que até então estava desaparecida


postado em 08/07/2020 21:30 / atualizado em 08/07/2020 21:38

O órgão fará uma consulta às instituições habilitadas quanto ao interesse em receber a cobra(foto: Agência Brasil/Divulgação)
O órgão fará uma consulta às instituições habilitadas quanto ao interesse em receber a cobra (foto: Agência Brasil/Divulgação)
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou, na noite desta quarta-feira (8/7), que o estudante de veterinária Pedro Henrique Lehmkul, que foi picado por uma naja nesta terça (7/7), não tem permissão para manter o animal em ambiente doméstico. Segundo a legislação, apenas espécies não venenosas podem ser mantidas para este fim.

Após ser mordido, o jovem foi levado para o Hospital Maria Auxiliadora, no Gama. O soro antiofídico necessário para anulação do veneno foi entregue pelo Instituto Butantan em caráter emergencial. Já na tarde desta quarta, o jovem apresentou leve melhora e foi submetido à uma hemodiálise.

O Ibama afirma que aplicará multa, que pode variar entre R$ 500 e R$ 5 mil, ao criador ou ao proprietário da residência em que a serpente estava. O Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA) resgatou a cobra, que até então estava desaparecida, no shopping Píer 21, em Brasília. Segundo a corporação, familiares do estudante forneceram informações que levaram ao contato de um adolescente que estaria com o bicho. De acordo com a Polícia Civil, ele é amigo do estudante picado.

Em nota, o Ibama destaca que a espécie do gênero naja somente poderia ser criada para fins comerciais, como instituições farmacêuticas, ou com intuito de conservação, ou seja, quando o animal não pode voltar à natureza. Mas, para isso, o responsável precisa ter autorização emitida por órgão ambiental estadual e seguir regras para a criação e mantê-la em local apropriado.

O órgão fará uma consulta às instituições habilitadas quanto ao interesse em receber a cobra, como zoológico e institutos de pesquisa.

Desequilíbrio no ecossistema
 
O biólogo diretor de répteis e artrópodes do Zoológico de Brasília, Carlos Eduardo Nóbrega, explica que pelo fato de o cerrado possuir vários microclimas, caso fosse solta, a serpente poderia vir a se adaptar e se estabelecer na região. “Se esse exemplar encontrar um parceiro do sexo oposto que também consiga se estabelecer, eles podem até reproduzir, aumentando o número de exemplares na área”, afirma.

Tal adaptação poderia vir a trazer desequilíbrio no ecossistema do cerrado, trazendo a depredação de espécies nativas e doenças inexistentes no local. Há relatos, segundo o biólogo, de que outras espécies exóticas como as pítons e as corn snakes estão sendo encontradas em áreas do cerrado.

De acordo com o diretor, não se deve trazer nenhum animal para o Brasil sem autorização do Ibama e licença de todos os órgãos ambientais. “Isso porque, quando você traz um animal desse, você tem que primeiro trazer o soro”, explica.

Estudante de veterinária

Pedro Henrique cursa veterinária no Centro Universitário Uniceplac. Segundo a coordenadora do curso, Daniella Ribeiro Guimarães Mendes, vários alunos manifestam apreço pelos mais diversos tipos de animais, mas são instruídos sobre a necessidade do respeito ao habitat de cada espécie. "Para aulas, podemos ter bovinos, equinos e outros animais mais domésticos. Animais selvagens em cativeiro representam um perigo e pode ser um mal para o próprio animal. Até porque é impossível alguém sair andando e se deparar com uma espécie dessas por aqui", avalia.

A professora explica ainda que esse tipo de serpente é proveniente da Índia e da África. A espécie específica, uma naja kaouthia, vive apenas no sul da Ásia e apenas instituições autorizadas pelo Ibama, a exemplo do próprio Instituto Butantan, têm autorização, no Brasil, de criar serpentes do gênero e ter ambientes que promovam segurança, inclusive, para o animal. A Polícia Civil vai investigar a origem do animal que picou o rapaz.

O Grupo de Estudos de Animais Silvestres e Exóticos (Gease) do Uniceplac emitiu uma nota de pesar em apoio ao estudante e à família. Mas o grupo ressalta que não incentiva a criação de animais que possam oferecer riscos à saúde humana, ou do próprio animal. “Aconselhamos que os membros que desejem adquirir um animal silvestre, façam isso seguindo as leis e normativas vigentes no país”, afirmam.  

“O aluno e amigo Pedro Henrique, é um importante membro deste grupo. Nos sentimos consternados com a situação e aceitamos todas as manifestações de carinho que ajudem em sua recuperação neste momento. Sejamos solidários evitando julgamentos que não contribuem para a melhora do quadro geral e faz com que sofram àqueles que o amam”, finalizam.  


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