
A pesquisa foi publicada no início de junho no periódico International Journal of Infectious Diseases (IJID) e serve como alerta para o Ministério da Saúde para a vigilância da doença no país.
Em entrevista à Globo News, Artur Queiroz, um dos líderes do estudo, disse que dois dados indicam que a linhagem circulou pelo Brasil em 2019. Para ele, “ela foi encontrada em dois estados distintos: no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro”. Além disso, “os hospedeiros que abrigavam os vírus eram diferentes: um mosquito ‘primo’ do Aedes aegypt, chamado Aedes albopictus, e uma espécie de macaco”.
Desde 2015, a zika levou ao nascimento de 3.534 bebês com Síndrome Congênita da Zika (SCZ). De acordo com o último boletim epidemiológico, a doença tem sido, entre as transmitidas pelo Aedes aegypty, a com menor número de casos em 2020, mas isso pode mudar com a nova linhagem.
Casos em 2020
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2020 foram notificados 3.692 casos prováveis do vírus da zika - número muito inferior aos 47.105 casos de chikungunya e aos 823.738 de dengue. Segundo os cientistas, com a nova linhagem genética, a situação pode mudar.
Linhagens distintas
Até o momento, são conhecidas duas linhagens do vírus da zika, a asiática e a africana (subdividida em oriental e ocidental).
A ferramenta do Cidacs acompanha, desde 2015, quais circulam no Brasil. Há mudanças notáveis nas 248 sequências genéticas analisadas ao longo do período: até 2018, a maior parte era de um subtipo asiático do Camboja (90%).
Em 2019, outro subtipo passou a preponderar: o da Micronésia (89,2%). No mesmo ano, segundo o estudo, 5,4% das sequências eram inéditas no país, de linhagem africana.
De acordo com Artur Queiroz, há perigo de uma nova epidemia e a sua maior preocupação é que “a maior parte da população não tem anticorpos para isso”.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa
