Jornal Estado de Minas

Coronavírus

Redes sociais ajudam a manter saúde mental na quarentena da COVID-19

A plataforma digital do Instagram se tornou grande aliada no combate à depressão e à ansiedade em meio ao isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus. Profissionais de diversas áreas enxergaram na tecnologia a oportunidade de alcançar com mais facilidade as pessoas que sofrem com esses transtornos. Nas redes sociais, eles são os responsáveis por bate-papos ao vivo sobre saúde mental, além de divulgar vídeos, posts e áudios com informações sobre o comportamento ideal diante da ameaça da COVID-19.



Esse é o caso da start-up Vittude que reinventa a relação entre os psicólogos e seus pacientes. Em lives feita no Instagram, todos os dias, às 20h, profissionais da saúde debatem os efeitos do distanciamento social.

A fundadora da startup, Tatiana Pimenta, enfatiza que descobrir que as pessoas precisam de conscientização quando o assunto é saúde mental foi um dos seus maiores aprendizados depois do surgimento do coronavírus. “Muitas pessoas ainda não conseguem reconhecer sozinhas seus sentimentos, emoções e pensamentos", explica. 

Para Tatiana, falar sobre o tema, compartilhar orientações de profissionais especializados e debater assuntos como medo (de tudo, da morte, de contaminar um parente, de perder o emprego, de uma recessão econômica, etc), angústia e tristeza é fundamental neste período. “Temos convidado psicólogos de diferentes abordagens, que explicam como se dá o trabalho em sua linha terapêutica, ajudando a desmistificar o processo”, conta.



Também chamou a atenção do público, durante as lives promovidas pelo grupo, a realização de terapias gratuitas. Um bom exemplo é o trabalho de psicodrama feito ao vivo. Uma psicóloga coloca todos os internautas de olhos fechados e orienta que as pessoas tentem visualizar o futuro, o que esperam daqui algumas semanas ou meses. Esse tipo de trabalho é o que recebe o maior público da plataforma. 

"O lado interessante desse movimento é que diversos participantes têm deixado mensagens e contado suas próprias experiências com a psicoterapia. Com isso, percebo que mais pessoas têm sido inspiradas a buscar ajuda profissional, deixando o receio de lado", diz Tatiana.
 

Ao redor do mundo 


Bacharel em psicologia pela Universidade Fluminene, Jéssica Browsky também está utilizando as redes sociais como ferramenta para ajudar o próximo. "Minha ideia de falar sobre saúde mental no Instagram surgiu antes da pandemia. Tenho a página desde 2018. Apesar disso, diante da situação atípica, achei que seria essencial trazer esse assunto à tona", conta. 



A jovem faz posts diários e já é destaque nas redes sociais. A página Inspira Psicologia já acumula mais de 35 mil seguidores de todo o mundo. 

"Passar por um isolamento social vai causar oscilações de humor e emoções. O que a gente pode e deve fazer é encarar isso da melhor forma possível. Então, é importante ter alguns cuidados para tornar esse momento menos desgastante", explica. "Um bom exemplo é tentar desfocar a atenção da situação com atividades que provocam bem-estar', conta.

Foi através das publicações que a psicóloga acabou chamando a atenção de brasileiros que residem em outros países e que, durante a pandemia, buscam as mesmas respostas. De acordo com ela, seja onde for no mundo, a necessidade de 'desabafar' é o fator comum, principalmente neste momento de isolamento social. 


Escrito nas estrelas

A astróloga, escritora e terapeuta Duda Rodrigues enxerga a plataforma do Instagram como um canal direto e eficaz no combate à depressão e à ansiedade. A mineira, que já acumula mais de 42 mil seguidores na rede, enxergou na página uma forma de se livrar das suas próprias dúvidas e incertezas. 


"Depois de passar por um relacionamento muito tóxico, meu comigo mesma, por quase toda a vida, de escutar todas as vozes ao meu redor menos a minha própria, eu fui descobrindo que a cura estava em mim mesma", explica. "Eu acredito que o isolamento social torna qualquer sensação que já existia mais evidente. Existe uma tendência a querermos fugir do que sentimos, nos anestesiando a qualquer custo. Com a necessidade de estarmos mais a sós, acabamos por precisar ouvir o que sempre esteve ali, mas estávamos silenciando”, diz.

Duda pública vídeos no IGTV e orienta o público a fazer meditações e buscas espirituais. Entre os vídeos mais populares estão os que debatem transtornos mentais e rejeição social. 



Sozinho e bem

A psicóloga Heloísa Caiuby afirma que o equilíbrio emocional se baseia num senso de organização das emoções, na habilidade de reagir proporcionalmente aos estímulos, no uso da razão para tomar as melhores decisões e, principalmente, na capacidade de rapidamente adaptar-se aos novos cenários.


 
"O primeiro passo é conhecer a realidade dos fatos, filtrando as informações que se recebe. Notícias desencontradas, sinais cruzados, profecias alarmistas ou expectativas fantasiosas apenas confundem, intoxicam e levam a comportamentos erráticos e improdutivos”, diz.
 
Segundo Heloísa, é preciso encarar que essa pandemia não tem prazo para acabar e sua evolução carrega boa dose de incerteza. Essa é sua nova realidade. Negá-la é, para ela, apenas adiar o momento de enfrentamento.

"Encarar uma situação que não causamos, que nos pegou de surpresa, que frustrou planos e metas provoca uma série de  sentimentos contraditórios. Medo, raiva, ansiedade, revolta, tristeza, é normal sentir tudo isso. Porém, isso precisa ser bem administrado para não nos perdermos no meio da estrada", explica.


 
De maneira geral, a psicóloga pontua o que é importante considerar:
 

  • Estabeleça uma rotina, tanto pessoal como de trabalho, para fortalecer o sentimento de autonomia; 
  • Crie também uma prática de cuidados pessoais, de higiene, de manutenção e - por que não? - de embelezamento de seu espaço físico. Isso é indicador  de autoestima;
  • Mantenha-se produtivo, experimente novas maneiras de fazer as coisas, exerça criatividade, tudo isso auxilia no processo de adaptação;
  • Dê importância aos momentos de lazer, de descanso e de contatos virtuais com amigos e familiares, tão  fundamentais para manter o senso de pertencimento; 
  • Afaste-se de pensamentos negativos que apenas dispersam a boa energia.

 
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa
 

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.



Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia


Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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