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Estado de Minas EPIDEMIA

'Já nem tenho medo mais do coronavírus', diz brasileiro na Itália

' O vírus está tão próximo que, se eu pegar, já aceitei', avalia o chef Gustavo de Miranda de Lima, que mora em Milão, cidade colocada em quarentena pelo governo italiano


postado em 08/03/2020 13:36 / atualizado em 08/03/2020 14:19

Um agente de saúde checa a temperatura de um torcedor ao chegar ao estádio do Juventus, em Milão, cidade colocada em quarentena pelo governo italiano(foto: VINCENZO PINTO / AFP)
Um agente de saúde checa a temperatura de um torcedor ao chegar ao estádio do Juventus, em Milão, cidade colocada em quarentena pelo governo italiano (foto: VINCENZO PINTO / AFP)

Há exatas duas semanas, quando a rápida dispersão de casos do novo coronavírus pegava de surpresa a Itália, o chef brasileiro Gustavo de Miranda de Lima, de 23 anos, que mora em Milão, contou ao Estado como o clima lá naquele momento era de incerteza e medo. Neste domingo, diante da decisão do governo de colocar em quarentena toda a região da Lombardia, onde fica a cidade, e mais 14 províncias, isolando 16 milhões de pessoas, Gustavo afirmou que já está resignado.

"Sinceramente não estou nem preocupado de pegar a doença. O vírus está tão próximo que, se eu pegar, já aceitei. Fico em casa, me curo e vai ficar tudo bem. Gripe a gente pega todo ano, no inverno sempre fico gripado aqui, então vai ser só mais uma. Estou tentando ficar mais tranquilo", disse.

Ele está desde quinta em casa - no que chamou de "férias forçadas" -, porque o hotel onde trabalha está quase sem hóspedes. "Ia ficar até o outro domingo, mas agora não sei. Antes de decretarem o isolamento da Lombardia, eu cheguei a pensar em viajar. A ideia de ficar em casa, fechado, sem fazer nada, estava me enlouquecendo. Mas nem consegui. Liguei para um amigo que mora na Puglia (sul do país), mas ele me não deixou ir não. ‘Não vem trazer o vírus para cá, não’, me disse."

Gustavo conta a situação meio rindo, mas diz que não sabe direito como as coisas vão ficar agora. "Estamos curiosos para ver como vai ser. Não é como foi feito na China, em que as pessoas não podiam sair de casa. Aqui e gente pode circular, só estamos isolados no Estado. Acho que é uma medida mais para conscientizar a população de que temos de ficar aqui no Estado. Acho difícil controlar 100% das pessoas", opina.

Há duas semanas, ele contou que os supermercados estavam vazios, após um sentimento de pânico tomar a população. "Mas voltei lá uns dois dias depois e já estava bem abastecido de novo. Acho até que nunca tinha visto tanta comida lá. É meio como se eles dissessem: ‘Fiquem tranquilos, temos comida suficiente’, aí o pessoal acalmou e parou de estocar."

Neste domingo, porém, a preocupação parece ter voltado. Gustavo contou que o mercado que ele costuma frequentar estava limitando o número de consumidores por vez. "Mas acho que é meio óbvio que não vão deixar faltar comida. É só um controle", diz ele.

Gustavo conta que mais preocupada está sua mãe, que mora no Itaim, em São Paulo. "Ela ficou nervosa, atacou a enxaqueca, passou mal e foi até parar no hospital outra dia. Está com mais medo do que eu mesmo."

Ele diz que está mais receoso sobre o impacto que a epidemia pode ter sobre a economia e os empregos. Além das cidades postas em quarentena, o governo italiano tomou várias outras medidas para evitar a circulação do novo coronavírus, como o fechamento de escolas, museus, cinemas e teatros. Os hotéis estão praticamente vazios, o turismo despencou.

A decisão do governo estabelece restrições na Lombardia e em outras 14 províncias que incluem as cidades de Veneza, Modena, Parma, Piacenza, Reggio Emilia e Rimini. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, disse que ninguém poderia entrar nesses locais ou sair deles nem se locomover internamente a não ser que tivessem motivos comprovados de trabalho ou de saúde.

"Estamos enfrentando uma emergência nacional. Escolhemos desde o início adotar a linha da verdade e da transparência e agora estamos nos movendo com lucidez e coragem, com firmeza e determinação", disse Conte no meio da madrugada, ao anunciar a decisão. "Temos de limitar a dispersão do vírus e impedir que nossos hospitais sejam sobrecarregados", disse.


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