Amazônia, fumaça e céu escuro: entenda a crise ambiental no Brasil
Veja este vídeo #praentender a semana que começou com um anoitecer às 15h e terminou com a comunidade internacional preocupada com as queimadas na maior floresta tropical do planeta
postado em 23/08/2019 15:21 / atualizado em 23/08/2019 16:11
A semana que começou com a tarde virando noite na maior metrópole do paístermina com uma crise ambiental que envolveu a comunidade internacional e forçou mudança de discurso do governo Bolsonaro. Logo na segunda-feira, o fenômeno pelo qual São Paulo passou espalhou muita especulação nas redes sociais e preocupação entre a população. Memes e teorias com supostas explicações para a cortina de fumaça sobre a capital paulista chegaram a povoar a internet, enquanto faltavam respostas. Fizemos este vídeo #praentender o céu escuro de São Paulo - e também as causas, relacionadas às queimadas na Amazônia, e consequências do episódio.
A Nasa, agência espacial norte americana, divulgou imagens do satélite nas quais é possível ver as queimadas da Amazônia brasileira e a nuvem de fumaça. O programa de observação da União Europeia, Copernicus, também verificou uma fumaça saindo da região amazônica em direção à costa do Oceano Atlântico, passando pela região de São Paulo.
Por outro lado, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, minimizou esse impacto. Apontou como um dos fatores que provocou o episódio a chegada de uma massa de ar polar sobre o estado, derrubando a temperatura em 13ºC em 24 horas. Essa mudança levou ao surgimento de nuvens baixas e profundas, de coloração escura, formadas a partir de ventos úmidos vindos do Sul e do Sudeste do Brasil.
O Inmet também verificou características diferentes da normalidade atmosférica em cidades do interior paulista, como Bauru, Botucatu e Presidente Prudente. Moradores de cidades da Região Metropolitana de São Paulo, como Mauá, coletaram água de chuva de coloração escura, e, segundo relataram, com cheiro de fumaça.
Apesar de o órgão oficial afirmar que não havia uma ligação entre as queimadas na região amazônica e o escurecimento do céu de São Paulo, empresas meteorológicas, como a MetSul e o Clima Tempo, confirmaram existência de uma ligação entre os dois eventos. Não tardou a comoção internacional.
Incêndios em alta
Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicaram aumento de 82% na incidência de focos de incêndio até agosto deste ano, em comparação ao mesmo período de 2018. Mato Grosso foi o estado com mais queimadas: 13.641.
Países vizinhos ao Brasil também sofrem com as chamas. Na Bolívia, até a quarta-feira, mais de 470 mil hectares de floresta já haviam sido devastados e no Paraguai, os focos ainda não foram contabilizados. Os dois países se juntaram para combater os incêndios que atingem seus territórios.
#PrayforAmazonia
Nas redes sociais, a teoria de que o céu de São Paulo tivesse ficado escuro devido a queimadas na região amazônica tomou grandes proporções antes mesmo das confirmações oficiais, levando a hashtag #PrayForAmazonia aos assuntos mais comentados do Twitter. Celebridades como Madonna e Leonardo diCaprio se engajaram no movimento. Lideranças políticas como Emmanuel Macron (França), Angela Merkel (Alemanha) e Justin Trudeau (Canadá) também demonstraram preocupação.
Nesta quinta feira (22), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que a Casa criará uma comissão para o acompanhamento das queimadas na Amazônia. Em gabinete de crise, o presidente da República reuniu ministros para conter o problema. Uma das soluções apontadas seria o envio de tropas do Exército para ajudar no combate às chamas.
(*) Estagiária sob supervisão dos subeditores Rafael Alves e Fred Bottrel