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Estado de Minas

Paranoá: Parentes dos desaparecidos reclamam do desencontro nas informações


postado em 24/05/2011 14:53

Desde a noite de domingo, sobreviventes do naufrágio do Imagination não arredam o pé das margens do Lago Paranoá. Muitos ainda têm esperança de encontrar com vida parentes e amigos desaparecidos. Na agonia pela busca de informação, pais, irmãos e tios peregrinaram entre hospitais, o Instituto de Medicina Legal (IML) e o clube da Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade), onde acompanharam o trabalho do Corpo de Bombeiros. Na corrida por notícias, familiares reclamavam do desencontro nas informações. Os bombeiros diziam que ainda havia chance de localizar os entes queridos com vida, mas recomendavam que eles esperassem no IML.

À medida que o tempo passa, porém, as chances de existirem sobreviventes ficam cada vez menores. O resgate de corpos de três das vítimas — Flávia Daniela, 22 anos, Vicente Carneiro de Souza Neto, 36, e uma menina de 10 anos — minam a expectativa de que os bombeiros localizem outros com vida. O comerciante Marcelo Linhares, 31, sente a aflição de não saber onde está o irmão, o garçom Vicente Linhares. “Ficamos sem notícias dele desde que saiu de casa para trabalhar no domingo. Ele tem mulher e filhos e ainda acreditamos que pode estar bem”, disse.

A dona de casa Gildete Barreto Saldanha, 40 anos, estava com o marido e os dois filhos na embarcação. Ninguém sabia nadar, mas os quatro conseguiram escapar. Ela contou, no entanto, que tem quatro amigos desaparecidos. Gildete passou o dia procurando informações sobre eles. “Trabalhamos em um bufê. Era só uma confraternização. Meu marido chegou de repente, jogou o colete em cima de mim, jogou outros dois coletes nos meus filhos, eles vestiram, mas eu não. Só que eu não larguei o colete. Aí, afundei com o barco, mas consegui subir novamente. Não consigo notícias dos meus amigos”, desesperou-se.

Parentes de Valdelice Fernandes, 37 anos, também começam a perder as esperanças. Ela está desaparecida e é mãe do bebê João Antônio, de sete meses, que morreu após ser resgatado pelos bombeiros. O comerciante Luzano Oliveira, 42, padrinho da irmã de João Antônio, passou o dia no Ascade e disse que a família aguarda que encontrem o corpo de Valdelice para enterrar mãe e filho juntos. “O pai está bem, mas muito abalado. Estamos ficando sem esperança. São mais de 24h do desaparecimento”, lamentou.

(foto: Herculana:
(foto: Herculana: "Meu filho morreu porque foi trabalhar")
Outro desaparecido é Hadenilton José de Oliveira, 31 anos. A mãe do rapaz, Herculana Adaela Lisboa, 56, também passou o dia no clube acompanhando o resgate. Amparada por parentes, ela desabafou. “Cheguei de Caldas Novas (GO) e ele ficou de me buscar na parada ontem (domingo) à noite. Tive que pegar carona para ir para casa. Quando cheguei, achei que ele estivesse vendo televisão, mas era minha filha. Ele sempre trabalhou em barcos. Meu filho morreu porque foi trabalhar, mas ninguém informa nada”, desabou.

Depoimento
Sérgio Augusto Ribeiro, 27 anos

“Eu já tinha ido a três festas em barco, sendo duas no Imagination. Agora nunca mais eu vou. Quando o barco começou a naufragar, a primeira coisa que fiz foi dar o colete para a minha irmã. Depois, desci no primeiro andar para buscar um colete para mim. Eles estavam alojados no alto do primeiro andar. Foi tudo muito rápido. De repente, onde eu estava tinha virado um aquário de tanta água. Não tinha como sair dali. Nadei e encontrei a escada que dava para o segundo andar. Só então me salvei. Quando já estava no barco do resgate, vimos o bebê. O pegamos na água e tentamos reanimá-lo. Fiz respiração boca a boca, o bebê expeliu água e vomitou. Achei que ele fosse sobreviver. Agora não consigo dormir.”


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