Barman afirma que embarcação já apresentava piques de luz um dia antes do naufrágio

Os depoimentos sobre o naufrágio no Lago Paranoá continuam nesta terça-feira na 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), responsável pelas investigações. Um casal morador de Samambaia, que estava no barco na noite do acidente, chegou à DP por volta das 9h40. Segundo o eletricista Hilton Carlos Soares Gomes, 34 anos, a embarcação apresentava problemas desde sábado. No dia anterior à tragédia, Hilton contou ter trabalhado no Imagination como barman em duas festas, uma durante a tarde e outra à noite. Segundo ele, na primeira festa, das 14h às 19h, não houve problemas. Já na segunda comemoração, das 19h de sábado às 2h de domingo, ele notou três picos de energia. "Cada um durou em média três segundos e eu senti que o motor falhou nesses períodos", contou. Hilton disse ter perguntado ao piloto o que havia acontecido. "Ele disse que a embarcação estava apresentando problemas e que estava preocupado", afirmou.

Hilton recebeu uma ligação no domingo, onde era convidado a trabalhar em uma outra festa no mesmo barco, também como barman, porque uma pessoa havia faltado. O eletricista contou que houve dois novos picos de luz. "o primeiro durou uns três segundos e o segundo, em torno de cinco a dez segundos. Depois o barco começou a afundar", disse. O rapaz, que não sabe nadar, contou que estava na parte de baixo do barco e subiu para tentar pegar o colete, mas não conseguiu. Uma lancha particular que ajudou no resgate o tirou da água. "Não sei como me salvei", contou, ainda assustado com o acidente. Hilton disse ainda que não houve instrução sobre o uso dos coletes salva-vidas. A esposa de Hilton, a recepcionista Luciane de Santana Peres, 39, curtia a festa com o filho, Sthefano Bruno Santana Ribeiro, 20. A mulher contou que não conseguiu alcançar os coletes. "Havia bastantes coletes, mas não deu tempo de pegá-los", lamentou. Mesmo sabendo nadar, Luciane quase se afogou. "Fiquei me debatendo na água e várias pessoas caíam sobre mim. Só consegui me salvar porque meu filho pegou um colete para mim", afirmou. O rapaz também se salvou. Outras quatro pessoas já estão sendo ouvidas pelo delegado-chefe Adval Cardoso.