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Estado de Minas CHECAMOS

Faixa pedindo 'Moraes no STF' durante 'salve geral' do PCC é uma montagem

As postagens voltaram a circular no contexto da condenação pelo STF do deputado federal Daniel Silveira


26/04/2022 21:34 - atualizado 26/04/2022 21:35


 

Captura de tela feita em 25 de abril de 2022 de uma publicação no Instagram
Captura de tela feita em 25 de abril de 2022 de uma publicação no Instagram (foto: Reprodução)
Uma foto de presos próximos a duas faixas penduradas em um prédio, uma delas com a frase “Alexandre de Moraes no STF”, voltou a circular nas redes sociais em 2022 com centenas de compartilhamentos. Segundo as publicações, o registro foi feito durante o chamado “salve geral” do Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2006. Mas a imagem foi alterada, pois a mensagem original era “Contra a opressão”.


Pra quem acha que tudo é fake news, relembrar é viver. Ocorreu no ‘salve geral do PCC em 2006. Seria cômico se não fosse trágico” é a mensagem que acompanha a fotografia no Facebook (1, 2), Instagram  (1, 2) e Twitter (1, 2).

Esse mesmo conteúdo já havia circulado em 2020 e 2021.

Na foto viral vê-se vários presos em cima de um edifício, muitos deles com os rostos cobertos, e duas faixas: “PCC Paz, Justiça e Liberdade” e “Alexandre de Moraes no STF”, esta última em referência a um dos atuais ministros do Supremo Tribunal Federal. 

As postagens voltaram a circular no contexto da condenação pelo STF do deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB-RJ) Daniel Silveira a oito anos e nove meses de prisão pelos “crimes de ameaça ao Estado Democrático de Direito e coação no curso do processo”.

O relator do processo é o ministro Alexandre de Moraes, alvo da desinformação.

Imagem adulterada

Uma busca reversa no Google Imagens pela fotografia levou a uma matéria publicada no site El País Brasil em março de 2014 sobre o PCC. Na imagem há o crédito ao fotógrafo Alex Silva, do Estadão, e a seguinte legenda: “Presos durante rebelião de maio de 2006”.

Na foto, observa-se que a frase contida na faixa da direita, que menciona o ministro Alexandre de Moraes nas publicações viralizadas, sofreu alterações, já que originalmente dizia “Contra a opressão”.

Buscando as palavras “PCC + Alex Silva + Estadão”, o AFP Checamos encontrou uma matéria especial publicada pelo Estadão em 2016, marcando os 10 anos dos ataques do PCC. Em um dos textos deste conjunto está, junto a outros registros, uma foto de Alex Silva da mesma cena.

 

Comparação feita em 26 de abril de 2022 entre a imagem viral (E) e a vista na matéria especial do Estadão
Comparação feita em 26 de abril de 2022 entre a imagem viral (E) e a vista na matéria especial do Estadão (foto: Reprodução)

Além desta, o jornal O Estado de S. Paulo colocou em sua capa de 15 de maio de 2006 uma outra imagem da ação dos presos.

Em maio de 2020, em contato por e-mail com o Estadão Conteúdo, que enviou ao Checamos as informações da foto, foi possível confirmar a data e o local da imagem viralizada: 14 de maio de 2006, na penitenciária de Junqueirópolis, em São Paulo. 

Segundo a legenda da foto, “os guardas da muralha dispararam para evitar uma possível fuga dos rebelados. O motim começou às 7 horas de hoje, quando familiares entravam para a visita. Os rebelados subiram no telhado e prenderam faixas na caixa d´água”.

Anteriormente, o ministro Alexandre de Moraes havia autorizado diligências no âmbito do inquérito 4.781 para investigar notícias fraudulentas “que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal e de seus membros”.

Moraes tomou posse do cargo em 22 de março de 2017, mais de 10 anos depois dos ataques do PCC, após a nomeação do então presidente Michel Temer. De 2005 a 2007 - período que coincide com os ataques em São Paulo registrados na fotografia -, o agora ministro do STF ocupou a vaga de jurista da 1ª composição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A onda de ataques iniciada em maio de 2006, popularmente conhecida como “salve geral”, teve como estopim a decisão da Secretaria de Administração Penitenciária de transferir centenas de presos, entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado o líder do PCC.

Presos de 29 penitenciárias e Centros de Detenção Provisória se rebelaram, incluindo os detentos da penitenciária de Junqueirópolis, onde foi feito o registro de Alex Silva. As ações paralisaram São Paulo e houve algumas retaliações que deixaram civis mortos.


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