Um vídeo que mostra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro supostamente “correndo da polícia” em Brasília foi compartilhado mais de 800 vezes a partir de 5 de setembro de 2021 nas redes sociais como se a ação policial tivesse ocorrido dias antes dos protestos de 7 de setembro. No entanto, a gravação é originalmente de 25 de setembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) discutia um caso da operação Lava Jato.
“Mentiram, os bolsominions correndo da polícia. Não querem AI-5. Não querem que o militarismo tome conta? Jahahaha. Hoje isso” , diz uma das publicações compartilhadas no Twitter ( 1 , 2 ), no Facebook ( 1 , 2 ) e no YouTube .
As alegações começaram a circular nas redes sociais dois dias antes dos atos convocados para 7 de setembro de 2021, quando apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e opositores saíram às ruas em manifestações contra as instituições e o sistema eleitoral brasileiro.
O mesmo vídeo, no entanto, já tinha circulado em outubro de 2019 e verificado pelo AFP Checamos .
Uma busca reversa no Google por capturas de tela da gravação localizou o mesmo vídeo publicado em 26 de setembro de 2019 em um site de notícias . O texto indica que a gravação foi feita no dia anterior, 25 de setembro, na Praça dos Três Poderes , em Brasília.
Uma pesquisa no Twitter por fotos e vídeos publicados a partir de Brasília nessa data localizou diversas imagens ( 1 , 2 ) nas quais é possível identificar os mesmos cartazes vistos na gravação viralizada, como demonstrado no exemplo abaixo.
Em outubro de 2019, a Polícia Militar do Distrito Federal confirmou à AFP que o vídeo foi gravado em 25 de setembro daquele ano.
Naquele dia, grupos antagônicos protestaram em frente ao STF, enquanto a corte discutia um caso que poderia anular dezenas de condenações da operação Lava Jato.
Em nota enviada à AFP, a Polícia Militar do DF afirmou que manifestantes hostilizaram os agentes presentes “atirando pedras e pedaços de paus” e deixando um policial ferido. “Foi necessária a utilização de meios de dissuasão, a fim de conter a investida antidemocrática” , disse a PM.