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Estado de Minas CHECAMOS

Mulher armada em vídeo não é a mãe de um dos mortos em operação policial no Jacarezinho

Vídeo compartilhado em redes sociais insinua que a mulher na cena perdeu um filho no massacre, mas comparação mostra que trata-se de fake news


11/05/2021 20:42 - atualizado 12/05/2021 07:12

Após a operação policial que deixou 28 mortos na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, no último dia 6 de maio, usuários passaram a compartilhar um vídeo que supostamente mostra a mãe de uma das vítimas dançando enquanto segura um fuzil.

A mulher que aparece armada na gravação não é, no entanto, a mesma que perdeu o filho, como esta última confirmou em entrevistas a veículos de comunicação. Uma comparação entre imagens das duas permite identificar, de fato, diferenças significativas.
“Essa senhora está chorando lamentando a morte do filho, mas ela é tão traficante quanto ele, vejam o vídeo dela de arma na mão e dançando”, diz uma das publicações compartilhadas mais de 5 mil vezes no Facebook (1, 2, 3) e Instagram desde o último dia 7 de maio.

As postagens, que também foram enviadas ao WhatsApp do AFP Checamos para verificação, associam o vídeo da mulher armada a uma captura de tela de uma reportagem do programa RJ1, da TV Globo, na qual uma mãe lamenta a morte de seu filho em um protesto no Jacarezinho. 

Considerada por grupos de direitos humanos como a ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, a operação contra o tráfico de drogas tem sido alvo de fortes críticas e denúncias de execuções sumárias. A atuação dos policiais foi, por outro lado, elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro que descreveu os mortos como “traficantes que roubam, matam e destroem familías”, em retórica semelhante a das publicações viralizadas.

O vídeo compartilhado nas redes não retrata, no entanto, a mãe de uma das vítimas da operação do último dia 6 de maio.

Uma busca reversa pela gravação mostra que ela circula ao menos desde o final de abril de 2021 sem qualquer referência à favela do Jacarezinho ou ao local onde foi gravada.

Após viralizar novamente, desta vez associada à operação, a mulher vista na reportagem do RJ1 deu entrevistas aos canais Record e Globo negando ser a pessoa que aparece armada. “Jamais eu iria segurar um fuzil. Nunca nem peguei nisso. Quem me conhece sabe a mulher guerreira e batalhadora que eu sou”, disse a dona de casa identificada como Adriana Rodrigues.

Uma comparação entre imagens destas entrevistas e o vídeo publicado nas redes permite identificar, de fato, diferenças significativas entre as duas pessoas.

Nas imagens da Record TV, por exemplo, é possível ver que Rodrigues tem uma pinta perto de um dos olhos e uma tatuagem na parte superior de um dos braços, elementos que não são vistos na mulher que segura uma arma no vídeo viralizado, como demonstrado abaixo: 
Captura de tela feita em 11 de maio de 2021 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 11 de maio de 2021 de uma publicação no Facebook

Procurado pelo AFP Checamos, o setor de comunicação da Polícia Civil - responsável pela operação na favela carioca - informou que a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) está à disposição de Adriana Rodrigues “para realizar procedimento investigatório a respeito do caso”.

Conteúdo semelhante a este também foi checado pelos sites Estadão Verifica e Agência Lupa.


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