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Estado de Minas TERRORISMO

Ataque perto da antiga sede do Charlie Hebdo em Paris reabre 'feridas' do bairro

Homem armado com uma faca feriu gravemente duas pessoas nesta sexta, na França


25/09/2020 17:55 - atualizado 25/09/2020 20:51

Imagem mostra a polícia francesa detendo um suposto suspeito depois que várias pessoas ficaram feridas perto dos antigos escritórios da revista satírica francesa Charlie Hebdo(foto: Laura Cambaud/AFP)
Imagem mostra a polícia francesa detendo um suposto suspeito depois que várias pessoas ficaram feridas perto dos antigos escritórios da revista satírica francesa Charlie Hebdo (foto: Laura Cambaud/AFP)

O atentado desta sexta-feira (25) em Paris, próximo às antigas instalações da revista satírica Charlie Hebdo, reabriu as "feridas" deixadas nos moradores do bairro pelo atentado de janeiro de 2015 à publicação.

 

Chantal estava fazendo uma reforma em sua casa, perto do Boulevard Richard Lenoir, no 11º distrito da capital francesa, bem próximo ao local do ataque, quando pouco antes do meio-dia ouviu o "som de sirenes" do lado de fora.

"Meu primeiro pensamento foi 'isso está começando de novo'. Voltei cinco anos no tempo" ao ataque de 7 de janeiro de 2015 ao Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas foram mortas.


"As memórias reaparecem. Entre isto e a COVID-19, não vivemos momentos muito bons", acrescenta, especificando que teve "uma espécie de intuição" desde o início de setembro e do julgamento do caso dos atentados de janeiro de 2015. "Senti que inevitavelmente aconteceria assim."


Para Denise Hamon, uma aposentada que também viveu por vários anos neste bairro animado perto da Place de la Bastille, antigas memórias ressurgiram. "Isso necessariamente nos lembra o passado, mas não é o mesmo, é menos forte" porque o saldo é menor do que há cinco anos, com dois feridos.


"Mas pensamos que, quando saímos, sempre pode acontecer alguma coisa conosco", confessa.


"O bairro ainda tem feridas. Reviver coisas assim, também durante o julgamento, dói", concorda Fred Rollat.


Esse pai de família também pensou em sua filha Margo, aluna de uma escola próxima. A prefeitura de Paris avisou por mensagem de texto que sua filha estava trancada no estabelecimento, por segurança.


"Disseram-nos que havia um problema com pessoas com uma faca, [que] devíamos ficar no quintal", diz Margo.


Assim que a escola reabriu, Fred foi procurá-la, "para tranquilizá-la e me tranquilizar".


Sabrina, por sua vez, acabou de pegar seu filho de dois anos no jardim de infância, antes de pegar seus outros dois filhos, de quatro e nove, na escola.


"É um alívio. Trabalho na casa ao lado, ouvi sirenes, disse para mim mesmo 'algo está errado'. A vida continua, mas o que acontece com a gente não é fácil", afirma.

Vizinhos unidos pela dor


Para Fred, o ataque de 2015, "uniu na dor" os vizinhos. "O bairro sofre, mas continua unido, se ajuda. Fomos todos à manifestação com nossos cartazes de apoio 'Je suis Charlie' ("Eu sou Charlie"). Ter vivido essas experiências nos aproxima mais", afirma.


Outros querem sair do bairro, como Céline, que denuncia uma "Justiça frouxa". "O que acabou de acontecer é ultrajante, lamentável, triste. Não queremos mais morar aqui, nem na França", afirma.


Gilles e Say estão se preparando para finalmente fazer as malas, depois de 25 e 40 anos respectivamente morando neste bairro parisiense.


Eles tinham acabado de fazer o inventário do apartamento de Say quando viram "poças de sangue, policiais correndo em todas as direções, bombeiros".


"Me lembrou daquele pobre senhor Merabet", disse Gilles sobre o brigadeiro que os irmãos Kouachi mataram no Boulevard Richard Lenoir depois de realizar o ataque ao Charlie Hebdo.


"Muita gente saiu do bairro depois de 2015: em linha reta estamos a 50 metros do Charlie Hebdo e a 150 metros do Bataclan.


Durante o ataque [contra o salão do Bataclan em 13 de novembro de 2015], ouvi as rajadas [de tiros ] que fizeram as janelas tremerem. Saímos de Paris porque nunca nos recuperamos dos atentados ", afirma.



 


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