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Estado de Minas EX-PRESIDENTE DOS EUA

'Espero que se sintam esperançosos, mesmo que se sintam com raiva", diz Barack Obama

Primeiro e único presidente negro dos Estados Unidos, Obama fez um discurso de 12 minutos e falou sobre os protestos nas ruas do país depois da morte de George Floyd


postado em 03/06/2020 19:25 / atualizado em 03/06/2020 19:57

Obama usou um tom mais moderado e conciliador no discurso desta quarta-feira(foto: Reprodução)
Obama usou um tom mais moderado e conciliador no discurso desta quarta-feira (foto: Reprodução)

Em discurso transmitido na internet, o ex-presidente dos Estados Unidos e primeiro  negro a governar o país, Barack Obama, enalteceu a população jovem que está há nove dias protestando devido ao assassinato de George Floyd, em Minnesota.

Durante 12 minutos, Obama procurou abordar a união e a esperança da sociedade americana, citou a importância dos agentes policiais e, sem citar o atual presidente, Donald Trump, pediu ações públicas que aproximem as comunidades dos policiais.

“As famílias que foram afetadas pela tragédia, saibam que eu, Michelle (Obama - ex-primeira dama) e o país estamos em luto com vocês”, disse o ex-presidente, logo no início de seu discurso. Obama ainda ressaltou que esse é um dos momentos mais “épicos” de sua vida e lembrou que os protestos acontecem simultaneamente à pandemia de coronavírus.

“Nas últimas semanas, esses problemas ficaram ainda mais claros e (os protestos) são as consequências não apenas dos momentos imediatos, mas também do resultado de uma longa história de escravidão. O racismo institucionalizado, com frequência, tem sido a praga e o pecado original da nossa sociedade”, continuou.

Durante todo o discurso, Barack Obama procurou demonstrar o lado positivo dos últimos acontecimentos. “Por mais trágicas que essas últimas semanas tenham sido, por mais difíceis e assustadoras, elas também foram dias de oportunidades incríveis para que as pessoas acordem para algumas dessas questões e uma oportunidade para que trabalhemos juntos”, disse.

Jovens

Como de costume, Obama se dirigiu várias vezes à juventude americana - os jovens têm sido os grandes protagonistas das manifestações dos últimos dias. “O que me faz esperançoso é o fato de ver tantos jovens mobilizados e atuantes. Provavelmente, muito do progresso aconteceu graças aos jovens. Dr. King (Martin Luther King - ativista negro assassinado em 1968) e Malcolm X (ativista negro assassinado em 1965) eram jovens. Líderes dos movimentos feministas, sindicatos, ambientalistas e da comunidade LGBT também eram jovens”, reforçou. 

Obama continuou: “Quero falar diretamente aos jovens de cor desse país que tiveram a dor e já viram muita violência e muita morte. Eu quero dizer que suas vidas importam, seus sonhos importam (...) eu espero que vocês também se sintam esperançosos, mesmo que se sintam com raiva. Vocês tem o poder de fazer as coisas melhorarem e de fazer que o país sinta que tem algo que precisa ser mudado”.

Reforma policial

O ex-presidente dedicou grande parte do discurso à reivindicação de uma reforma no sistema policial americano. Ele também tentou discursar para os policiais que tentam garantir a ordem em meio aos protestos. 

“Eu quero reconhecer também aquelas pessoas dos serviços da ordem que compartilham as metas que nós imaginamos. Eles existem e eles juraram servir à comunidade e ao país e têm um trabalho duro. Eu sei que vocês também estão estarrecidos, como os manifestantes (...) eles também são parte dessa conversa”, afirmou.

Mensagem aos prefeitos

Obama aproveitou o discurso para pedir que prefeitos e administradores públicos retomem as conversas sobre a reforma do sistema policial americano. “Quando eu fui presidente, criei uma comissão que tinha a finalidade de desenvolver uma lista de recomendações para desenvolver essa relação (entre policiais e comunidade).  O relatório mostrou uma série de ações possíveis e estratégias que foram baseados em dados e pesquisas. 

Voto

Ao final do vídeo, Obama reforçou a importância do voto como impulso para políticas públicas que reduzem o racismo na sociedade. Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos o voto não é obrigatório.

“Eu tenho visto na internet a discussão entre votar versus protesto e política e participação versus desobediência civil. Isso é uma situação que tem a ver com as duas coisas. Nós precisamos ressaltar qual é o problema, fazer as pessoas que estão no poder desconfortáveis, mas também temos que traduzir isso em leis”, defendeu.

Obama ainda destacou que os protestos devem perder força em algum momento e que a hora de buscar políticas públicas é agora.

Progresso

Em mais um gesto de otimismo, Barack Obama evitou comparar o “caos” atual ao caos dos anos 60, quando também houve uma série de protestos de movimentos negros no país. 

“Eu era bem jovem quando tinham esses protestos e discordâncias. Sei bastante dessa história e sei que agora tem algo diferente. Olhem para esses protestos, eles são bem mais representativos e diversos. Isso não existia nos anos 60. Não existia esse tipo de coalizão. (...) há uma mudança na mentalidade das pessoas. Um reconhecimento das pessoas de que há algo melhor. Isso não é consequência de discursos políticos. Isso é o resultado direto da atividade e da organização de tantos jovens do país todo que estão na linha de frente para fazer a diferença”. 

O ex-presidente terminou o discurso declarando seu orgulho pelos manifestantes. 


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