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Controverso, Trump dividiu os EUA e tem 54,5% de reprovação

Passado um ano da posse, em 20 de janeiro de 2016, Trump continua a partir o país e conclui seu primeiro ano de mandato como o presidente mais impopular desde 1945


postado em 20/01/2018 06:00 / atualizado em 20/01/2018 11:33

Trump recebe medalha do rei saudita Salman al-Saud, um dos símbolos de seu governo, que inclui xenofobia e tensões na política externa, em choque com as Nações Unidas(foto: Mandel Ngan/AFP - 20/5/17)
Trump recebe medalha do rei saudita Salman al-Saud, um dos símbolos de seu governo, que inclui xenofobia e tensões na política externa, em choque com as Nações Unidas (foto: Mandel Ngan/AFP - 20/5/17)
Washington e Cincinatti – Há um ano, os norte-americanos acordam diariamente em meio às polêmicas do presidente Donald Trump, o político mais controverso a ocupar a Casa Branca. Perto das 6h, o magnata republicano, dono de uma fortuna que ultrapassa os US$ 3 bilhões, começa suas postagens no Twitter, rede social que se tornou seu principal meio de comunicação com a população. O conteúdo publicado nos primeiros 20 dias de janeiro resume bem o quão turbulento foi o ano de estreia de Trump na presidência da nação mais poderosa do mundo.
Ainda no dia 3, ele trocou provocações sobre o botão para acionar a bomba nuclear com o ditador norte-coreano Kim Jong-un, aumentando as tensões com o país asiático. Depois, voltou a tratar sobre a construção de um muro na fronteira com o México, dentro de acordo para resolver a situação dos The Dreamers, jovens estrangeiros sujeitos à deportação. Reforçou seu xenofobismo ao explicar a declaração dada a um jornal – “por que temos toda esta gente de países (que são um) buraco de merda vindo aqui?”, referindo-se a imigrantes do Haiti, El Salvador e de países africanos.

Protesto dos chamados The Dreamers, estrangeiros jovens sujeitos à deportação, que sofrem com as medidas anti-imigração (foto: Mark Wilson/Getty Images/AFP - 9/11/17)
Protesto dos chamados The Dreamers, estrangeiros jovens sujeitos à deportação, que sofrem com as medidas anti-imigração (foto: Mark Wilson/Getty Images/AFP - 9/11/17)
O presidente também voltou a se vangloriar sobre a criação de empregos e a recuperação da economia, sem deixar de reforçar sempre que possível os bordões: Americafrst e Making america great again. As frases foram slogans da sua campanha, que focou na adoção de políticas para “devolver” os Estados Unidos (EUA) aos americanos. Em vários posts, Trump criticou jornalistas e disse que vai entregar o Prêmio de Notícias Falsas, tratando a imprensa como propagadora de fake news (notícias falsas na tradução para o português). Isso tudo em 20 dias, dando mostra de como foram os últimos 365 dias na América.

E, no dia em que completa um ano como presidente, Donald Trump enfrenta uma paralisação parcial por falta de fundos, já que democratas se recusaram a aprovar o Orçamento na madrugada de sábado. O principal impasse é a regularização dos “The Dreamers”, ou sonhadores, cerca de 690 mil jovens que vivem de forma ilegal nos EUA desde crianças ou adolescentes. Esse é o primeiro fechamento do Executivo desde outubro de 2013, quando o então presidente Barack Obama enfrentou 16 dias de paralisação com o bloqueio exercido pelos republicanos. 

Dada como improvável, a eleição de Donald Trump, que derrotou a democrata Hillary Clinton, candidata do partido de Barack Obama, dividiu os EUA. Passado um ano da posse, em 20 de janeiro de 2016, Trump continua a partir o país e conclui seu primeiro ano de mandato como o presidente mais impopular desde 1945. De acordo com o site de pesquisa americano FiveThrityEight, 54,5% da população desaprova o governo de Trump, enquanto apenas 39,1% apoiam o presidente.

"Estamos vivendo em um reality show", diz Lauren Prather, ativista, 26 anos %u201CEstamos vivendo em um reality show%u201D . Lauren Prather, ativista, 26 anos (foto: Flavia Ayer/EM/D.A Press)
Nas ruas de Washington e das grandes cidades, boa parte dos americanos ainda se recusa a aceitar a ideia de ter o bilionário, ex-apresentador do reality show O Aprendiz no comando do país. “Estamos vivendo em um reality show”, afirma a ativista Lauren Prather, de 26 anos, durante ato contra o racismo em Cincinatti,  Ohio. Tradicionalmente democrata, o estado, no último pleito, se converteu em republicano e contribuiu para a vitória de Trump.

 “Ele não é nosso presidente. Queremos alguém que tenha um discurso de igualdade”, diz o estudante Kaloeta Kam, de 25. As posições contra imigrantes e racistas de Donald Trump têm provocado uma série de protestos nos EUA. Em contrapartida, outra parcela, responsável pela eleição do presidente, que vive fora dos centros urbanos e comunga com o nacionalismo de Trump, aplaude as medidas adotadas.

 “Trump está defendendo a Constituição. Sinto que não preciso me preocupar com o país tendo ele como presidente”, afirma o militar reformado Jim Chandler, de 82, morador de Bethel, interior de Ohio. Com a bandeira dos EUA estampada na camisa, Chandler afirma que as declarações polêmicas de Trump fazem parte de uma estratégia para conseguir o que quer. “O desemprego diminuiu, ele está tentando manter nossas fronteiras seguras”, diz.

Impopular

 Trump já começou impopular e o sistema eleitoral americano, que tem votação indireta, ajuda a explicar o porquê. Apesar de ter vencido, foi a democrata Hillary Clinton quem recebeu a maioria dos votos populares – 65,8 milhões, ante 62,9 milhões do republicano. Mas, nos EUA, ganha a eleição quem tem a maior parte dos votos do Colégio Eleitoral. Os 538 representantes se pautam normalmente pela maioria dos eleitores no seu estado. Ou seja, o candidato vencedor no estado leva todos os votos dos representantes. Com isso, Trump conseguiu 306 votos, ante 232 de Hillary.

Assim como na campanha, o republicano, que, aos 71 anos, é estreante na carreira política, manteve no primeiro ano de mandato seu vocabulário sem censura e distante da diplomacia comum à posição de um presidente. Exatamente por isso, a Casa Branca nunca foi tão agitada. Com Trump, por exemplo, o número de repórteres especializados na cobertura da presidência passou de três para sete, no Washington Post, jornal de maior circulação na capital dos EUA.

 “É um momento peculiar que estamos vivendo, pois o governo está sendo investigado”, comenta a repórter de política do diário Jenna Johnson. Ela se refere à investigação em que o Departamento Federal de Investigação (FBI) busca esclarecer se houve interferência da Rússia nas eleições dos EUA em 2016,  para beneficiar o republicano. O ex-chefe de campanha de Trump, Paul Manafort, já foi indiciado.

Tuiteiro de primeira grandeza

Como nenhum outro presidente, Trump faz da rede social sua linha direta com os eleitores e o mundo. O que ele posta no Twitter pauta o noticiário e a conversa nas ruas do país. Com 46 milhões de seguidores, seu perfil acumula mais de 36 mil postagens e, embora tenha uma equipe que cuide da comunicação, a maior parte das mensagens é escrita pelo próprio presidente.
 Apesar de fazer da rede social um veículo oficial da Presidência, há uma percepção de que existe uma distância entre o que Trump posta na internet e as políticas de governo. “O que ele tuíta está na cabeça dele e ele faz da cama. Governar os EUA é mais difícil, políticas públicas não são tão simples. Não é porque Trump escreve no Twitter que algo vai mudar”, afirma o professor de governo e relações internacionais da Georgetown University, Matthew Kroenig.

Sem filtros

 O discurso sem filtros na internet agrada aos eleitores de Trump, segundo o professor. “Os apoiadores gostam do jeito que ele fala e ficam satisfeitos com isso”, ressalta Kroenig. Na prática, o especialista considera o republicano mais tradicional do que parece. “A América nunca deixou de ser boa, ao contrário do que ele diz. Trump é uma figura controversa e, aos 71 anos, vai continuar assim. Mas ele tem feito coisas interessantes. A administração é uma coisa e ele é outra”, afirma.


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