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Estado de Minas CLIMA E INFRAESTRUTURA

BH à espera da chuvarada: entre o medo e a preparação

Comerciantes de área com histórico já investem em reforço da vedação contra águas da temporada que começa em outubro. Atenção aos alertas da Defesa Civil


29/08/2023 04:00 - atualizado 29/08/2023 05:37
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Obra na Avenida Vilarinho é parte do programa para evitar enchentes e inundações na capital, que começa a ser concluído em 2024 (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Faltando pouco mais de um mês para o início do período chuvoso em Minas Gerais, previsto para os meses de outubro a março, as precipitações do último fim de semana, que quebraram a seca vivida pela capital mineira desde 20 de julho, já deixam em alerta os que vivem ou têm estabelecimentos comerciais nas áreas da capital historicamente mais afetadas por enchentes e inundações. Com as pancadas que marcaram a noite de sábado e o domingo, o acumulado de chuvas do mês chegou a 27,2mm na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, equivalentes a 256,6% da média esperada para o mês na cidade, que é de 10,6mm, segundo dados da Defesa Civil Municipal. Embora algumas etapas já tenham sido vencidas, a conclusão das cinco obras para contenção de córregos e ribeirões em andamento em Belo Horizonte, nas regionais Venda Nova, Pampulha, Barreiro, Leste e Oeste, está prevista para ocorrer a partir de 2024.  Até lá, medidas preventivas são a alternativa para amenizar os riscos para moradores e lojistas. Entre elas, a interrupção do tráfego de veículos nas vias com risco de alagamentos durante chuvas mais intensas e limpeza de córregos e boca de lobo.
 
Segundo a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), os preparativos para o período chuvoso 2023-2024 serão divulgados em breve. Por ora, a recomendação é para que a população esteja atenta aos chamados da Defesa Civil, “que mantém núcleos treinados de alerta de chuva para atuar em diferentes pontos de alagamento”.  No sábado, a PBH realizou o 8º treinamento preventivo de enchentes na Avenida Tereza Cristina, na altura do Bairro das Indústrias II, na Região do Barreiro. O objetivo da ação é preparar as equipes da administração municipal e voluntários para situações que envolvam riscos de inundação. Comerciantes das áreas que costumam ser afetadas pelas chuvas, por sua vez, seguem investindo no reforço da vedação dos estabelecimentos, de olho nas águas.
 
O volume médio de chuva de agosto é um dos menores do ano em praticamente todo o país. Dias secos e ensolarados, com umidade relativa do ar abaixo de 30%, são comuns no inverno. Para se ter uma ideia, nos últimos anos, um volume superior ao deste agosto foi registrado há cinco anos, em 2018, quando as precipitações  chegaram a 39,7mm, o sexto maior acumulado da série histórica. O elevado percentual do acumulado de chuvas neste mês em relação à média histórica é explicado pela meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Agosto às vezes tem essas instabilidades. Ocorrem essas chuvas isoladas, pontuais, e como a gente está no auge da estação seca e a climatologia muito baixa, não é precisa necessariamente ter chuvas abundantes para adulterar a meta histórica”, explica. Segundo Anete, a previsão é que a chuva na capital mineira dure até quinta-feira, devido ao avanço de uma frente, e agora, pelo transporte de umidade de origem oceânica. Há um alerta válido até as 8h de hoje para chuvas de 20mm a 30mm na capital mineira.
 
Para os que vivem em áreas de risco de enchentes, alertas como esse são sempre motivo de preocupação e, enquanto as obras para conter enchentes não terminam, renovam medos de quem convive com elas há anos em áreas como a Avenida Bernardo Vasconcelos, na Região Nordeste de Belo Horizonte, que sofre com transbordamentos do Córrego Cachoeirinha. Até a manhã de ontem, a regional havia registrado volume de chuvas equivalentes a 134% da média histórica para o mês de agosto, deixando de cabelo em pé quem vive por lá e sabe que os próximos meses podem repetir problemas crônicos.
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Ely Pinto, dono de restaurante que sofreu prejuízo nas chuvas de dezembro de 2022, se mantém em alerta para evitar perdas

É o caso de Ely Pinto de Miranda Júnior, de 50 anos, dono do Restaurante Cantina de Minas, que ainda amarga um prejuízo de R$ 15 mil sofrido durante um temporal ocorrido em dezembro de 2022. “Perdi a metade do restaurante. Tínhamos acabado de sair da pandemia (de COVID-19), com muita dificuldade”, lamenta. O problema se repete todo ano, e os comerciantes fazem o que podem para amenizar os prejuízos: “A gente luta como pode. Temos as nossas precauções. O jeito é fechar a porta e ficar sempre atento observando o leito do córrego, se está subindo”, relata. Ely sugere à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que adote uma assistência também aos lojistas atingidos pelos estragos das enxurradas. “Não temos nenhuma ajuda. A gente luta sozinho”, afirma.

VEDAÇÃO E LIMPEZA Além de fechar as portas sempre que começa a chover forte, independentemente de ser um período de estiagem, os lojistas também investem na vedação delas, um gasto para não acumular um prejuízo ainda maior com as chuvas. “Quando a chuva está fortíssima, em 11 minutos o estabelecimento já inunda. Vivemos nessa insegurança. Não basta vedar as portas, depende de manutenção constante”, conta Fernando José Marinho, que tem uma loja na Avenida Bernardo Vasconcelos. Para ele, faltam medidas preventivas da administração municipal, como a limpeza de córregos e boca de lobo para amenizar os risco, necessárias mesmo com a construção de reservatórios de água. “Não existe prevenção aqui como tem no entorno do Ribeirão Arrudas. O que provoca a inundação não é a água que está passando, são os bueiros entupidos. Não vejo esse trabalho sendo feito. Tem um excesso de lixo. A própria população também tem que fazer a sua parte”, cobra o comerciante, morador do Bairro Ipiranga há sete anos.
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Fernando Marinho pede medidas de prevenção da PBH e da população, como limpeza de bocas de lobo, na Bernardo Vasconcelos (foto: Fotos: Jair Amaral/EM/D.A Press)

OBRAS As intervenções no Córrego Cachoeirinha, responsável pelos alagamentos na Avenida Bernardo Vasconcelos, estão diretamente ligadas a outros dois mananciais da Região Nordeste: os ribeirões do Onça e Pampulha. As obras, previstas para serem concluídas no segundo semestre de 2024, incluem a construção de uma estrutura com capacidade para armazenar 27 milhões de litros de água. Os trabalhos tiveram início em setembro do ano passado e prometem solucionar também as recorrentes inundações nas avenidas Cristiano Machado e Sebastião de Brito.
 
Segundo a PBH o Ribeirão Pampulha vai passar por uma segunda intervenção neste ano, com o objetivo de otimizar seu sistema de microdrenagem. A ordem de serviço para a obra de macrodrenagem do ribeirão, na Região Norte, foi assinada em 3 de agosto. Os investimentos são de R$ 139,7 milhões. "Temos um grave problema de drenagem em Belo Horizonte. Estamos atacando todas as frentes possíveis", afirmou o prefeito Fuad Noman (PSD) no dia da assinatura. Segundo a prefeitura, a obra vai diminuir o risco de inundações na avenida Sebastião de Brito, próximo a interseção com a avenida Cristiano Machado. O projeto prevê a implantação de um canal paralelo ao existente para aumentar a capacidade de escoamento no período chuvoso. Anunciados em 2021, os serviços foram prorrogados, devido a problemas com a empresa contratada. A previsão é que as obras estejam concluídas no segundo semestre de 2026.
 
A Avenida Vilarinho, na Região de Venda Nova, uma das regiões mais castigadas nas temporadas chuvosas, passa por obras nos últimos três anos. A conclusão dos trabalhos está prevista para 2024. O sistema de macrodrenagem dos córregos Vilarinho, Nado e Ribeirão Isidoro terá capacidade total para reter até 230 milhões de litros de água. Com o investimento de R$ 150 milhões da Caixa Econômica Federal, a terceira fase das intervenções ocorrem atualmente no trecho da Avenida Vilarinho e Rua Dr. Álvaro Camargos.

KIT ALAGAMENTO Morador da Avenida Doutor Álvaro Camargos, ponto de recorrentes inundações, o cabeleireiro Marcus Vinícius Pinto, de 59, já vê melhoras desde a conclusão da primeira etapa das obras, em abril do ano passado, mas cobra maior agilidade na entrega dos reservatórios. “Nunca sabemos o que pode acontecer. A cada chuva, a gente fica preocupado”, disse. Solidário às vítimas, ele criou no ano passado um “Kit Alagamento”, conjunto formado por colete salva-vidas, duas cordas, boia, cinto de rapel, três mosquetões e um facão, e já está preparado para lançar mão do recurso novamente, se necessário. “Fica mais fácil ajudar”, afirma.
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Morador de avenida em ponto crítico, Marcus Vinícius, que criou um %u201Ckit alagamento%u201D no ano passado, já vê melhoras na região
 
A prefeitura executa obras também nos córregos Olaria e Jatobá, no Barreiro, e a implantação de uma bacia de detenção com capacidade para 110 milhões de litros para reduzir os alagamentos na Avenida Teresa Cristina. Para reduzir ainda mais o risco de alagamento na Teresa Cristina, estão sendo investidos R$ 66 milhões na nova bacia de contenção do Córrego Ferrugem, com capacidade para 274 milhões de litros de água, prevista para ser entregue no segundo semestre de 2024. Já na regional Leste, a instalação do sistema de macrodrenagem do Córrego Santa Inês, local de frequentes alagamentos no bairro homônimo, está prevista para terminar no primeiro semestre de 2024.



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